Contrariamente ao que Lena pensava, nem os pais, nem o irmão
a recriminaram e embora ela soubesse que estavam desgostosos, apoiaram-na na
decisão de ter o bebé.
Assim depois de conversar com os pais, cancelar a matrícula
e adiar os estudos, pelo menos até o bebé nascer, despediu-se de Rita, e
regressou ao lar paterno, não sem antes ter convidado a amiga para madrinha do bebé e lhe ter pedido para a ir visitar à quinta sempre que quisesse e pudesse. Precisava mais que nunca da sua amizade.
A gravidez decorreu
sem percalços e no final de Maio do ano seguinte, Helena dava à luz uma bela
menina, com cinquenta centímetros e três quilos e duzentos gramas, a quem
registou com o nome de Matilde.
Matilde cresceu robusta e sadia e cedo conquistou o amor
dos avós.
Porém no dia em que completou o primeiro ano de vida, Joaquim,
o avô, decidiu que era altura de ter uma conversa séria com a filha e disse-lhe:
-Lena, ontem conversei com a tua mãe, e ambos estamos de acordo, em que se ainda pretendes continuar os teus estudos, é altura de o fazeres. Pensa que já passaram dois anos da data em que terminaste o Secundário e quanto mais tarde, mais te custará a ambientares-te e mais terás esquecido daquilo que já aprendeste. Talvez queiras desistir por causa da tua filha, mas se assim é, cometes um erro enorme e é meu dever de pai aconselhar-te.
É
precisamente por ela que deves continuar os teus estudos e seguir uma carreira,
tornares-te uma mulher independente, já que desde menina, nunca gostaste da
vida na quinta e não serias feliz aqui na aldeia. E se tu não és feliz a tua
filha também não o será, nem te agradecerá o sacrifício que faças por ela.
Sei que a Rita gosta muito de ti e adora a afilhada. Falei
com ela esta tarde, enquanto adormecias a Matilde e estamos de acordo em que precisas de
seguir com a tua vida. Prometeu que te ajudará a cuidar dela enquanto não
arranjas uma boa creche. Nós ficaríamos encantados em cuidar dela, mas a menina
ia sentir a tua falta, e depois já não somos novos e ela precisa conviver com
outras crianças. Que dizes?
-Não sei, pai. Na verdade, o que me propõe é a realização
de um sonho. Mas tudo isso custa muito dinheiro. Como posso pagar propinas,
livros, roupas para mim e para a minha filha, creche, alojamento e alimentação? Não posso
continuar a sobrecarregar—vos com despesas. Um bebé, é uma despesa enorme, e
vocês têm pago tudo até agora. Não vos posso sobrecarregar mais.
- Bom, lembro-te que tens uma conta no banco que abrimos
quando nasceste. Não é uma grande fortuna, mas dá para um bom tempinho. O teu
irmão usou a dele quando decidiu ir viver com a Sofia, para montar a casa e comprar o carro. E como sabes a
tua mãe, vai vender a casa que herdou da tua avó, já recebeu o sinal e tem a
escritura marcada. Decidimos dividir esse dinheiro pelos dois, nós não
precisamos dele, e de qualquer modo será para vocês, quando nós partimos. Mas para
quê guardá-lo se é agora que vos faz falta? Assim não terás de te preocupar,
tanto mais que a Rita me disse que não vai aceitar dinheiro pelo quarto, troca
o aluguer pela vossa companhia. Pensa nisso, filha.
15 comentários:
Eu e a minha irmã tínhamos os célebres certificados de aforro.
Que depois de muitos anos deram tostões.
Bfds
Conselhos de Pai são sábios!
Elvira, gostei muito da riqueza de pormenores deste capítulo.
Beijo, feliz fim-de-semana, saúde.
Então, e o Romeu? Nunca mais deu sinal de vida?
Bom fim de semana!!!
Um pai atento, sem dúvida, e a pensar no futuro de quem ama.
Um beijinho, Elvira.
E de Gonçalo...nem a sombra!!
Será que este personagem é como o outro que perdeu a memória e este dez anos sem dar sinal de vida?
Sim, porque não quero crer que o jovem já se tenha finado e muito menos fugido. Aguardemos com paciência.
Um abraço, muita saúde e um bom fim de semana.
...perdão, Elvira. Não é «este dez anos» é "esteve".
Sabedoria do pai prevendo um melhor futuro pra filha e neta... Lindo capítulo! beijos, chica
Cá estarei, espero, para acompanhar o desenrolar da história.
Forte abraço, Elvira.
Gostei do episódio!| :)
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O pouso da ousadia...
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Beijos
Um excelente fim de semana!
Ouro sobre azul, será que ela vê isso?
Boa tarde, Elvira
Bons recomeços, óptimas leituras e
bom fim-de-semana.
Tudo de bom.
Então o rufia engravidou a rapariga e pirou-se. Será que quando souber do nascimento do bebé não o vai conhecer?
Boa noite e bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.
Boa noite Elvira,
Grandes pais tem a Lena.
Não podiam ter decidido melhor.
São pessoas com princípios e pretendem o melhor para a filha e neta.
Gostei muito deste capítulo também muito bem escrito.
Beijinhos e bom fim de semana, com saúde.
Ailime
Até aqui, tudo perfeito.
Uma criança saudável, compreensão e apoio dos pais e da Rita, dinheiro também não vai faltar...
Vou seguir com espectativa este desenrolar.
Um beijinho Elvira.
Fê
Quem não se sente feliz com uns pais e irmão compreensivos e ainda mais quando se ouvem as palavras a final do pai?
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