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19.5.21

COMEÇAR DE NOVO PARTE VIII

 


Uma hora depois, Gonçalo acabava de dar a sopa ao seu afilhado, Miguel de vinte e seis meses, enquanto a irmã punha a mesa para o almoço deles.

Então, Laura disse à filha:

- Sara, já acabaste de comer, vai para a sala brincar com o mano, enquanto a mãe e o tio almoçam. Podes ligar a televisão.

As crianças saíram e os dois sentaram-se à mesa. 

Ele e a irmã tinham uma pequena diferença de idades, dois anos apenas e desde criança, sempre foram muito unidos, até que ainda na Universidade ela conhecera Joaquim Cardoso e os dois se apaixonaram. Laura ficou grávida e foi complicado, os dois eram muito jovens, estavam ainda a terminar o curso, tinham a cabeça cheia de sonhos, e o terem de casar à pressa não era nenhum deles. 

Mas quando tomaram conhecimento da gravidez, de imediato a assumiram, sem que o aborto passasse pela cabeça de nenhum deles. Joaquim, estava a terminar o curso de direito, já tinha assegurado trabalho em Lisboa, no escritório do tio, também advogado.

 Laura formara-se em Literatura e Línguas, sonhava ser professora. Tinham casado pouco antes do fim do curso e logo que o terminaram mudaram-se para Lisboa, onde ficaram a viver em casa dos tios do Joaquim, que na prática era como se fossem seus pais, pois o criaram desde que aos seis anos perdera os pais num acidente.

Fora um grande desgosto para os seus pais, especialmente para a mãe que sonhava com outro tipo de casamento para a filha. Não que tivesse algo contra Quim, (era assim que amigos e família o chamavam), mas não queria separar-se da filha, principalmente quando esta estava prestes a torná-la avó.

Gonçalo apoiou o casal, mostrando aos pais que não tinha qualquer sentido, Laura ficar em casa dos pais em Braga, quando os dois estavam tão apaixonados e Quim ia começar uma nova vida em Lisboa. Ele precisava do apoio da esposa, não de estar preocupado e cheio de saudades, porque a mulher ficara lá longe.

Sara nascera cinco meses depois. Era uma menina linda, mais parecida com o pai e o tio do que com a mãe. E Laura ficou em casa com ela, até aos dois anos, altura em que a levou para uma creche, e iniciou a sua carreira de professora, num colégio particular bem perto de casa.

Durante dez anos, foram um casal feliz. Tão feliz que tinham resolvido ter outro filho.  E então sem nada que o fizesse prever, no final de uma tarde de Outono, Quim que em toda a sua vida nunca se queixara sequer de uma dor de cabeça, sentiu-se mal, e morreu a caminho do hospital. A autópsia registara que morrera de um aneurisma cerebral. Sara tinha dez anos e Laura estava grávida de cinco meses. E fora nessa altura que Gonçalo viera para Lisboa. Inicialmente ficara a viver com a irmã, apoiando-a na gravidez, cuidando da sobrinha, de modo a que elas ultrapassassem aquela fase de maior dor.

Apoio que se manteve, depois de Miguel ter nascido, até que há meio ano atrás, decidira que era altura de deixar a casa da irmã, e alugar um apartamento onde pudesse ter alguns momentos só para si.

Mas a irmã sabia que podia recorrer a ele sempre que precisasse desde que não estivesse de serviço no hospital.

- Já pensaste que talvez esteja na hora de pores o Miguel numa creche e voltares ao ensino? – perguntou Gonçalo enquanto partia um pouco de pão.

-Não. É ainda tão pequeno!

- A Sara tinha dois anos quando foi para a creche. O Miguel já tem mais dois meses.

- Mas a Sara tinha pai e mãe. O Miguel só me tem a mim.

 


15 comentários:

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

Bom dia! O capítulo de hoje foi dedicado às crianças, fico a pensar qual será o tema para o próximo, o último da semana.
Por falar nisso, o tempo passa a correr, só temos mais 30 dias a crescer e depois eles começam de novo a encolher, a caminho do solstício de inverno!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente capitulo, estou a gostar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

noname disse...

Esta história promete :)

Bom dia, Elvira, beijinho

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Um belo capítulo em que os irmãos conversam com a cumplicidade que lhes é peculiar.
Aguardo o desenrolar dos próximos capítulos.
Beijinhos e saúde.
Ailime

chica disse...

As lides com as crianças, planos... Lindo capítulo! beijos, chica

Emília Pinto disse...

Afinal, parece que o " fugitivo " não é má pessoa. Vamos ter um final feliz nesta história!!! Elvira, espero que já estejas completamente recuperada dos contratempos da vacina. Eu também tomei essa e não senti nadinha, mas, fico assustada quando dizem que a segunda dose é pior. Pode ser que não, Amiga! Um beijinho e que tudo vos corra pelo melhor.
Emilia

Maria João Brito de Sousa disse...

Terei de abrandar o meu ritmo de leituras e publicações, amiga, mas virei sempre que puder .

Forte abraço!

Maria Dolores Garrido disse...

É sempre bonito ver o espírito de entreajuda.
Beijinhos, Elvira.

" R y k @ r d o " disse...

Passando, lendo, acompanhando e elogiando o desenrolar da Estória.
.
Cumprimento fraterno
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Edum@nes disse...

De manhã começa o dia. Até ao fim da tarde quando termina. Pela noite fora a vida continua. Sem desesperar, espero pelo desenrolar dos próximos capítulos!

Tenha uma boa tarde com saúde e boa disposição amiga Elvira. Um abraço.

teresadias disse...

Elvira, esta história é encantadora e está muito bem escrita.
Precioso este diálogo entre os irmãos.
Venha mais.
Beijo,

Cidália Ferreira disse...

Muito bom este capitulo. Amei :))
-
O silêncio incita o coração...
-
Beijos e uma boa noite!

Janita disse...

Acompanhando a trajectória destas vidas, interessada, atenta,
mas calada. Fugiram-me os palpites, não vá eu sem querer, com este meu dedo que adivinha, fazer revelações indesejadas.

Um abraço e que tudo continue a melhorar, na vida real e na história, Elvira.

Fê blue bird disse...

Elvira,
Cada vez está a ficar mais interessante , bem descrito e envolvente.
Cada personagem tem uma história que o liga aos demais, estou a apreciar bastante.

beijinho e saúde.