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19.5.20

ISABEL - PARTE V


                                     Foto do google


Dirigiu-se ao aparelho e levantou o auscultador.
Do outro lado uma voz desconhecida perguntou se era a casa do senhor Fernando Cardoso, e depois de ouvir a confirmação, a voz identificou-se. Era da Polícia e perguntou se podia falar com a esposa do senhor Fernando Cardoso. Trémula, pressentindo algo grave, Isabel respondeu que era a própria.
Então, a voz informou-a que o senhor Cardoso tinha tido um acidente, e tinha sido transportado para o hospital da área da sua residência.  
Por pouco não saiu de casa a correr sem desligar o fogão, de tal modo ficou aflita.
Apesar de morar a menos de cem metros da casa dos pais, não lhe ocorreu passar por lá. Dirigiu-se imediatamente à praça de táxis e entrando no primeiro da fila pediu, para a levarem ao hospital.
Chegara ao hospital e dirigira-se correndo à recepção. Lá lhe disseram que sim, Fernando Cardoso dera entrada no hospital. A sua moto fora abalroada por um carro em despiste.  
- Aguarde um momento por favor. Vou avisar o médico que já chegou.
A recepcionista pegou no telefone interno e fez uma chamada. Depois voltou-se e disse:
Entre por essa porta à esquerda, siga o corredor e bata na quarta porta. O médico está à sua espera.
Seguiu as instruções. O coração batia desordenadamente, os olhos rasos de água, a voz presa ela sentia-se esmagada como se o mundo tivesse desabado sobre si. Bateu à porta.
- Entre – ouviu-se uma voz masculina
No gabinete encontrava-se um médico sentado atrás de uma secretária e a seu lado uma médica de pé.
- É a senhora Cardoso? - perguntou  o médico 
Incapaz de responder Isabel assentiu com a cabeça.  
- Eu sou o médico que atendeu o seu marido.  O estado dele é muito grave. Sofreu fracturas múltiplas, contusão cerebral, e hemorragia interna por rompimento do baço. Está neste momento no bloco operatório.
Vamos...
Não ouviu mais nada, sentiu que o chão lhe fugia debaixo dos pés, e de repente tudo à sua volta desapareceu e ter-se-ia estatelado não fora a pronta assistência de um dos médicos.
Acordou estendida na marquesa, com a médica debruçada sobre si.
-A cirurgia terminou? – perguntou entre soluços.
- Ainda não. Tenha calma, a equipa de cirurgiões que está com ele é excelente e vai fazer tudo para o salvar - respondeu a médica estendendo-lhe um comprimido e um copo de água. E acrescentou:
- Vai ter que ser corajosa. As primeiras setenta e duas horas serão determinantes. O seu marido é jovem, mas não lhe podemos esconder que o estado dele é realmente muito grave. Hoje não poderá vê-lo. Deve ir para casa descansar mas não deve ir sozinha. Está muito nervosa. Podemos avisar alguém? 
 Ela não se recordava de ter dado o número do telefone dos pais, mas decerto o tinha feito já que pouco depois o pai estava no hospital, junto dela.
Também não se recordava de ter ido para casa. Decerto o calmante era bastante forte.
Apesar de continuar nublado, o tempo estava a aquecer, a praia a encher-se de gente e Isabel continuava vestida. Começava a sentir muito calor e a desejar chegar rápido junto da toalha para se despir. Passou a mão pela testa, como se quisesse com esse gesto, afastar as lembranças que a estavam a atormentar naquele dia.




14 comentários:

Janita disse...

As férias deveriam ser para repousar o corpo e a mente, mas todos temos a tendência para enegrecer com más lembranças os momentos que deveriam ser de lazer.
Só faltava agora a nossa heroína chegar ao lugar onde deixou as suas coisas e não encontrar lá nada...

Boa noite, Elvira.

noname disse...

Neste momento, estou expectante -)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

A minha vizinha quando lhe disseram que o marido estava em estado muito grave - foi ela a desfalecer e a ter que ser assistida imediatamente.
Abraço

chica disse...

Muito angustiante quando, mesmo num lugar lindo as recordações atormentam e fazem tremer...Lindo! bjs, chica

Alexandra disse...

... fico esperando...

Um abraço :)

" R y k @ r d o " disse...

Acompanhando, curioso em saber como a Estória vai decorrer.....
.
Tenha um dia abençoado
Cumprimentos poéticos

Os olhares da Gracinha! disse...

Já pus a leitura em dia!!!
Vamos ver o que vai acontecer!
Bj

Cidália Ferreira disse...

Gosto do episódio, cada vez foco mais curiosa!:)

-
Sentem-se famintos, pelo tempo que se alegra

Beijo, e um excelente dia!

silvioafonso disse...

O bom seria fechar os olhos
às lembranças.
Beijos, Elvira querida.
Estamos de olho porque te
queremos bem.

Edum@nes disse...

Foi só mais uma, triste, lembrança. De um triste acontecimento do passado. Que naquele dia lhe surgiu no pensamento.

Tenha uma boa tarde amiga Elvira- Um abraço.

Kique disse...

Mais um belo capitulo
Curioso com o seguimento
Bjs
Kique
http://caminhos-percorridos2017.blogspot.com/

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Tristes lembranças!
Beijinhos,
Ailie

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Retomando o acompanhamento da história, a qual se descortina muito interessante!
Beijos!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Estou gostando, embora sejam tristes as lembranças.

Abraços,

Furtado