-
Desculpa-me - disse Luísa levantando-se e pegando no telemóvel. – É a dona Aurora,
esposa do médico. Deve ser algo importante, vou atender.
-Estou…
- Boa tarde. Luísa, ligue a televisão e veja as notícias. É muito importante, penso que
estão a falar do homem que a Luísa salvou naquela noite.
-
Vou já ver. Muito obrigado por ter ligado. Mais tarde telefono.
Desligou
o telemóvel e disse dirigindo-se para a sala:
-
Vem. Parece que estão a falar de ti no noticiário.
Ligou
a televisão. Estava no intervalo. Sentaram-se e esperaram que acabasse a
publicidade.
Logo
de seguida, apareceu no ecrã o rosto de um conhecido jornalista.
“E
agora voltamos ao caso do escritor Gil Gaspar e ao seu misterioso desaparecimento, na
noite da tempestade Júlia, quando se dirigia da Universidade do Minho, onde dera
uma conferência, para a sua residência nos arredores de Lisboa.
Inicialmente a família e a polícia suspeitaram de rapto, Todavia essas suspeitas iniciais, foram postas de parte pela judiciária à medida que
os dias passavam sem que surgisse um pedido de resgate. E embora a família dissesse que ele regressava pela A1, a operadora do seu telemóvel tinha o último registo do
sinal do seu telemóvel na IP3, a alguns quilómetros de Penacova. Não se sabe, se o escritor saiu da autoestrada, enganado pela quase total falta de visibilidade, ou se teria pensado pernoitar nesta vila até que a tempestade passasse. O que se sabe é que ele desapareceu algures antes de chegar a Penacova.
Até hoje, as investigações
da polícia encontravam-se num impasse, já que não havia registo de nenhum
acidente naquela noite, nem na autoestrada, nem no IP3."
Luísa
ouviu um gemido e ao voltar-se viu que Gil se dobrara para a frente apertando a
cabeça nas mãos trementes.
-
Que se passa? Meu Deus, estás a tremer. Sentes-te mal?
- É
a minha cabeça. São milhares de imagens a passarem por mim tão rápidas que algumas
nem consigo ver bem. E a dor de cabeça voltou. Horrível, como se alguma coisa esteja a explodir cá dentro.
-Vou buscar um Benuron. Queres que tire o som à televisão?
-Vou buscar um Benuron. Queres que tire o som à televisão?
-
Não. Temos que ouvir o resto. Meu Deus, o bebé que estava sempre a aparecer na minha cabeça, é a minha filha Mariana.
Entretanto
o locutor informava agora que a polícia recebera nessa manhã um telefonema de um
homem que costumava pescar no Mondego, e que encontrara um carro Mercedes preto espatifado
lá no fundo da ravina, bem perto do rio. A polícia já informara a família que o carro era o do escritor. Encontrava-se
de porta aberta, e tinha no porta luvas a carteira com dinheiro e documentos, e
caído junto aos pedais, encontrava-se o seu telemóvel, desligado e sem bateria. Do escritor não havia
rasto, a polícia suspeitava que pudesse ter saído atordoado, ou ter sido
projetado e caído no rio, pelo que no local já se encontrava uma equipa de
mergulhadores.
"Um nosso repórter também já se encontra no local, e entraremos em contacto com
ele após mais um breve intervalo de apenas trinta segundos." – disse o jornalista e logo a emissão deu lugar à
publicidade.
Luísa
foi à cozinha e trouxe um copo de água e um comprimido, que lhe estendeu em
silêncio.
-
Não é preciso, obrigado. Já vai passando. Meu Deus a minha família deve estar
numa aflição. A quantos estamos hoje?
Nota: Para quem não leu ontem, chamo a atenção para o post informação publicado à tardinha.
Nota: Para quem não leu ontem, chamo a atenção para o post informação publicado à tardinha.
13 comentários:
Bom dia
E agora . Qual será o futuro de Luisa e Gaspar ??
JAFR
Bom dia Elvira,
Um episódio belíssimo, com muita imaginação e criatividade.
Vamos ver o desenrolar da história, que promete.
Um beijinho e que tudo corra bem.
Ailime
Está excelente, estou a gostar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Já tinha lido este capítulo quando descobri a sua nota final e fui até à "página" anterior para tomar conhecimento da boa nova :)
Ocorre-me dizer que a memória de Gil Gaspar está de volta, bem como a sua visão em breve estará :)
Estou mesmo muito feliz por si, Elvira!
Outro forte abraço
A memória volta, a vida, por certo recomeçará, e Luisa?
Bom dia, Elvira
Está quase a chegar o grande dia para si, que será um sucesso e a sua volta em pleno, a seu tempo, também chegará.
Beijinho daqui até aí
Certamente, a Luísa irá alertar as autoridades, uma vez que Gil já admitiu ser ele o escritor desaparecido.
Quanto ao futuro, só poderá ser o melhor para todos.
Que assim seja também na vida real, Elvira.
Um abraço.
Até que enfim que ao fundo do túnel. Já se começa a ver sinal de luz. Resta saber se Luisa irá ou não comunicar às autoridades policiais?
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Será que a memória vai voltar. Oxalá que sim!
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ÀS VEZES...
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Beijo e boa noite!
Estou a adorar esta historia
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Bullings...Homem sofre
Ansiosa por mais um desenlace... Bj
Os fatos estão começando a se encaixar, amei o capítulo!
Beijos carinhosos!
Um dos momentos "fortes", a confrontação com a realidade e escrita com mestria.
Um dos pontos chave deste conto (há muitos ao longo do conto) e consegue surpreender dando realidade à resposta que se procurava faz tempo… o que é que terá acontecido, sendo que as possibilidades eram inúmeras… até pela existência do ex marido da empregada…
Muito bom… gostei mesmo muito
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