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19.2.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XL




A refeição decorrera em silêncio, e chegara ao fim, quando o telemóvel tocou.
- Desculpa-me - disse Luísa levantando-se e pegando no telemóvel. – É a dona Aurora, esposa do médico. Deve ser algo importante, vou atender.
-Estou…
- Boa tarde. Luísa, ligue a televisão e veja as notícias. É muito importante, penso que estão a falar do homem que a Luísa salvou naquela noite.
- Vou já ver. Muito obrigado por ter ligado. Mais tarde telefono.
Desligou o telemóvel e disse dirigindo-se para a sala:
- Vem. Parece que estão a falar de ti no noticiário.
Ligou a televisão. Estava no intervalo. Sentaram-se e esperaram que acabasse a publicidade.
Logo de seguida, apareceu no ecrã o rosto de um conhecido jornalista.
“E agora voltamos ao caso do escritor Gil Gaspar e ao seu misterioso desaparecimento, na noite da tempestade Júlia, quando se dirigia da Universidade do Minho, onde dera uma conferência, para a sua residência nos arredores de Lisboa.
Inicialmente a família e a polícia suspeitaram de rapto, Todavia essas suspeitas iniciais, foram postas de parte pela judiciária à medida que os dias passavam sem que surgisse um pedido de resgate. E embora a família dissesse que ele regressava pela A1, a operadora do seu telemóvel tinha o último  registo do sinal do seu telemóvel na IP3, a alguns quilómetros de Penacova. Não se sabe, se o escritor saiu da autoestrada, enganado pela quase total falta de visibilidade, ou se teria pensado pernoitar nesta vila até que a tempestade passasse. O que se sabe é que ele desapareceu algures antes de chegar a Penacova. 
Até hoje, as investigações da polícia encontravam-se num impasse, já que não havia registo de nenhum acidente naquela noite, nem na autoestrada, nem no IP3."
Luísa ouviu um gemido e ao voltar-se viu que Gil se dobrara para a frente apertando a cabeça nas mãos trementes.
- Que se passa? Meu Deus, estás a tremer. Sentes-te mal?
- É a minha cabeça. São milhares de imagens a passarem por mim tão rápidas que algumas nem consigo ver bem. E a dor de cabeça voltou. Horrível, como se alguma coisa esteja a explodir cá dentro.
-Vou buscar um Benuron. Queres que tire o som à televisão?
- Não. Temos que ouvir o resto. Meu Deus, o bebé que estava sempre a  aparecer na minha cabeça, é a minha filha Mariana.
Entretanto o locutor informava agora que a polícia recebera nessa manhã um telefonema de um homem que costumava pescar no Mondego, e que encontrara um carro Mercedes preto espatifado lá no fundo da ravina, bem perto do rio. A polícia já informara a família que o carro era o do escritor. Encontrava-se de porta aberta, e tinha no porta luvas a carteira com dinheiro e documentos, e caído junto aos pedais, encontrava-se o seu telemóvel, desligado e sem bateria. Do escritor não havia rasto, a polícia suspeitava que pudesse ter saído atordoado, ou ter sido projetado e caído no rio, pelo que no local já se encontrava uma equipa de mergulhadores.
"Um nosso repórter também já se encontra no local, e entraremos em contacto com ele após mais um breve intervalo de apenas trinta segundos." – disse o jornalista e logo a emissão deu lugar à publicidade.
Luísa foi à cozinha e trouxe um copo de água e um comprimido, que lhe estendeu em silêncio.
- Não é preciso, obrigado. Já vai passando. Meu Deus a minha família deve estar numa aflição. A quantos estamos hoje?



Nota: Para quem não leu ontem, chamo a atenção para o post informação publicado à tardinha.


13 comentários:

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
E agora . Qual será o futuro de Luisa e Gaspar ??

JAFR

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Um episódio belíssimo, com muita imaginação e criatividade.
Vamos ver o desenrolar da história, que promete.
Um beijinho e que tudo corra bem.
Ailime

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está excelente, estou a gostar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Já tinha lido este capítulo quando descobri a sua nota final e fui até à "página" anterior para tomar conhecimento da boa nova :)

Ocorre-me dizer que a memória de Gil Gaspar está de volta, bem como a sua visão em breve estará :)

Estou mesmo muito feliz por si, Elvira!

Outro forte abraço

noname disse...

A memória volta, a vida, por certo recomeçará, e Luisa?

Bom dia, Elvira
Está quase a chegar o grande dia para si, que será um sucesso e a sua volta em pleno, a seu tempo, também chegará.
Beijinho daqui até aí



Janita disse...

Certamente, a Luísa irá alertar as autoridades, uma vez que Gil já admitiu ser ele o escritor desaparecido.
Quanto ao futuro, só poderá ser o melhor para todos.

Que assim seja também na vida real, Elvira.

Um abraço.

Edum@nes disse...

Até que enfim que ao fundo do túnel. Já se começa a ver sinal de luz. Resta saber se Luisa irá ou não comunicar às autoridades policiais?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Será que a memória vai voltar. Oxalá que sim!
-
ÀS VEZES...
-
Beijo e boa noite!

Kique disse...

Estou a adorar esta historia
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Bullings...Homem sofre

Os olhares da Gracinha! disse...

Ansiosa por mais um desenlace... Bj

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Os fatos estão começando a se encaixar, amei o capítulo!
Beijos carinhosos!

João Santana Pinto disse...

Um dos momentos "fortes", a confrontação com a realidade e escrita com mestria.

Um dos pontos chave deste conto (há muitos ao longo do conto) e consegue surpreender dando realidade à resposta que se procurava faz tempo… o que é que terá acontecido, sendo que as possibilidades eram inúmeras… até pela existência do ex marido da empregada…

Muito bom… gostei mesmo muito