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15.4.16

MANEL DA LENHA - PARTE LI

                            Albufeira no dia seguinte ao Sismo
                                           Foto do Google



Porém quatro dias depois, um novo facto veio abalar Portugal, no sentido literal da palavra, e fazer esquecer o "escândalo" da Desfolhada.
No dia 28 de Fevereiro às três horas e quarenta e um minuto, foi registado em todo o Portugal continental um sismo de intensidade 7,3 na escala de Richter. O sismo teve o seu epicentro ao largo da costa, tendo sido registado com a magnitude de 7.9 Ms. Foi o maior sismo desde o terramoto de 1755.
Na casinha de madeira, debaixo do pinheiro, os filhos do Manuel acordaram com um som aterrorizador. Era como um uivo rouco que parecia sair das entranhas da terra.
Se foi esse uivo, se o calor insuportável e sufocante, estranho numa madrugada de Inverno que os acordou, não se sabe. O certo é que acordaram, e se abraçaram assustados, antes mesmo de sentirem a casa, cama e tudo o resto, a balançar como se fosse um berço. Não sei que sensações terão tido as pessoas que viviam em casas normais de cimento, mas ali a casa de madeira, parecia que dançava, ao som duma música estranha,  e que a qualquer momento se ia desconjuntar. Algo verdadeiramente assustador, que eles nunca mais esquecerão.
Não mais dormiram no resto da noite, e assim, ainda sentiram de novo o chão a tremer, com uma réplica, bastante forte, perto das cinco e meia, quando a mais velha já se preparava para sair de casa em direcção ao trabalho. Mais tarde, a outra filha, antes mesmo de seguir para o trabalho, disse aos pais que ia começar a procurar uma casa de pedra para morar. Não queria continuar ali, tinha muito medo.
Pelas sete horas, o Manuel ouviu nas notícias que o sismo tinha feito muitos estragos em todo o país, com maior incidência em Lisboa e Algarve.  Noticiava-se  até, que na zona de Alcantarilha, a aldeia de Fonte Louzeiros tinha desaparecido do mapa. Felizmente apesar de nem uma casa da aldeia ter ficado de pé, não houve vitimas mortais nessa localidade. Mais tarde os jornais e a rádio, davam conta de que o sismo provocou duas vitimas mortais,  dezenas de feridos, e muitos estragos materiais. Nos dias que se seguiram, soube-se ter havido mais vítimas mortais cuja causa indirecta terá sido o sismo.
Cumprindo a promessa que fez nesse dia, a filha do Manuel, poucos dias depois, tinha alugado uma casa, mesmo ao lado da sociedade “Galitos”. Ela, que para a época ganhava bem, podia pagar a casa, mas queria a família junta, e o pai temia que o facto de saírem da seca fizesse a mãe perder o emprego, ou ele ficar sem o quintal, onde continuava a semear legumes e frutos.



14 comentários:

Edum@nes disse...

Não me lembro desse terramoto, porque nesse ano estava em Angola, num local onde as notícias não chegavam? Quero dizer chegar elas chegavam, através dum pequeno emissor, no qual parecia não caberes as más notícias, por isso mais do tempo estava em silêncio, porque naquele sítio predominava o silêncio no qual nem zumbido das asas moscas incomodava!

Tenha um bom dia amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Edum@nes disse...

Corrijo: Não caberes, para não caberem!

chica disse...

Abalos sísmicos e mexidas na terra e família.Decisões a tomar! bjs,m tudo de bom,chica

Odete Ferreira disse...

E a saga continua! Apesar dos tempos difíceis, uma família de cabeça bem erguida!
Acresço que leio com muito interesse o relato de acontecimentos socio-políticos da época.
Bjinho, Elvira :)

Emília Pinto disse...

Um pouco atrasada, mas cá estou! Estive a ler o que me faltava desta historia onde falas de coisas de que me lembro bem . O festival da canção recordo; era um verdadeiro acontecimento e quem não tinha televisão corria para um vizinho mais afortunado ou para o café; nessa epoca penso que só havia dois, um em cada ponta da aldeia que é muito grande. Esse sismo, não sei... mas tavez fosse um sentido quando eu estudava no colégio de freiras em Ponte de Lima. Lembro-me do pânico no dormitório quando sentimos um e talvez seja o mesmo a que te referes. Elvira, muito obrigada por partilhares estes pedaços de vida que em muito se assemelham ás dos meus pais e consequentemente à minha. Um beijinho e um bom fim de semana
Emilia

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Quantas coisas o Manuel e familia enfrentaram!
Provações em cima de provações!
Mas Deus com sua infinita misericórdia esteve todo tempo junto.
Um abraço com carinho, e ótimo fim de semana!
Mariangela

Anete disse...

Imagino as preocupações e decisões do Manuel e família!
Certamente, escolheram coisas certas!...

Bom fim de semana...
Um abraço.......................................

Rogério G.V. Pereira disse...

Dia 28, tremeu tudo
no dia seguinte, trememos nós
de emoção
Nasceu a nossa Sandra!

Tintinaine disse...

Passando para ir acompanhando a história sem perder pitada. Lembro-me desse terramoto em que a minha mulher (grávida) e a minha sogra fugiram para a rua em camisa de dormir e fizeram um teatro que ficou lembrado na rua durante muitos anos.
Cenas tristes, como eu lhes dizia, armado em forte.

Lu Nogfer disse...

Episódios de superação é sempre exemplos a se seguir.
Parabens Elvira, pelo belo dom que tens!
Um abraço.

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história e desejar um bom fim de semana!

Isabel Sá
http://brilhois-da-moda.blogspot.pt

Unknown disse...

Abala-se a terra, abala-se a família e cumpre agir.
Beijo*

Blog da Gigi disse...

Abençoado final de semana!!!!!! beijos

Laura Santos disse...

Não me recordo desse sismo, mas foi bem forte realmente.
xx