A filha do Manuel regressou de Moçambique a 28 de Dezembro. Veio de avião como tinha ido, o marido regressará em Janeiro, de barco com a companhia em que estava integrado e outras do exército e força aérea que terminam o tempo na mesma altura. Está mais moderna, parece outra pessoa. Fica em casa dos pais até ao regresso do marido, depois irão viver para Odivelas. Como o genro não sabe o tempo que demorará a ser de novo mobilizado, resolve que não vale a pena estar a montar casa e vão viver com a irmã dele.
A meados de Janeiro chegou o genro do Manuel e a filha acompanhou o marido, indo então viver para Odivelas. Pouco tempo depois a filha consegue emprego na secretaria da escola D. Fernando II em Sintra, e sempre que o marido não está de serviço ao fim de semana, vêm passar esses dois dias à casa paterna.
Em Fevereiro, Amílcar Cabral, discursa perante o Conselho de Segurança da ONU reunido em Adis Abeba.
A situação das Colónias agrava-se de mês para mês.
Por cá o governo tenta a todo o custo ocultar dos portugueses, o que se passa. Tenta-se afastar, as vozes discordantes com sucessivas remodelações do governo.
Em Julho, o Colégio Eleitoral, reelege Américo Tomás. E tudo parece estar bem, neste pequeno jardim à beira-mar plantado. Parece, mas na verdade por baixo desta calma aparente, o país está em pé de guerra com o regime, manifesta-se sempre que tem oportunidade, apesar das sucessivas prisões efectuadas pela PIDE (perdão DGS).
Só na Seca tudo continua igual. Os navios bacalhoeiros, com mais ou menos carga, chegam sempre na mesma época, e o trabalho processa-se da mesma maneira.
Nove dias antes do Natal, dá-se o massacre de Wiryamu, em Moçambique. Tropas portuguesas, dirigidas pelo sinistro chefe da DGS, Chico Kachavi atacam, três populações, incendeiam as palhotas e matam indiscriminadamente, homens, mulheres e crianças, algumas de colo, fuziladas juntamente com as suas mães.
Em Portugal a notícia é dada assim:
"As forças armadas portuguesas destruíram mais uma base terrorista em Moçambique."
16 comentários:
Chegou e arranjou logo emprego, outros tempos em que havia bastantes empregos apesar de mal pagos.
Estou a gostar.
Um abraço e continuação de um bom dia.
Regresso da filha, bons momentos e ao final, a noticia bomba que arrasa... Vamos te acompanhando e gostan
do! bjs, lindo dia! chica
Oh, Elvira, esqueceu-se de nos contar por onde andou, em Moçambique! Essa era a parte que eu esperava com alguma ansiedade!
E o marido, esteve sempre na cidade ou também andou pelo mato?
"Somos a memória que temos" e somos também, as memórias que partilhamos.
Será bom que não esqueçamos!
Uma vida repleta de emoções!
Quando se deu o 25 de abril...estava em Angola...entendo um pouco da vida do Manel...o nome do meu pai!
Quanto ao casario...pinte_o e partilhe connosco sua arte!
Bj amigo
Uma vida repleta de emoções!
Quando se deu o 25 de abril...estava em Angola...entendo um pouco da vida do Manel...o nome do meu pai!
Quanto ao casario...pinte_o e partilhe connosco sua arte!
Bj amigo
Emprego e a notícia bombástica.
Beijo*
Hola Elvira, es una triste verdad que no vas contando en cada entrada que dejas. Las mal llamadas guerras destructoras de la humanidad y además inocentes que sin comerlo ni beberlo, pagan un alto precio. Es horrible.
Gracias por compartir vivencias -sucesos reales que estremecieron el mundo, y siguen haciéndolo.
Te dejo mi gratitud y mi estima siempre.
Un abrazo y se muy muy feliz.
Esse massacre contribuiu, para mais aumentar a revolta dos nacionalistas! Quiseram-no esconder mas, não o conseguiram fazer, porque segundo li, foi presenciado por um padre que logo o fez chegar à imprensa estrangeira.
Segundo também li, não sei se será ou não verdade de que uma criança, com sede para beber pediu água a um militar! Tendo o dito militar, colocado-lhe o cano da arma na boba e de rajada disparado a arma!
Tenha uma boa noite, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Corrijo: Na boca!
Son historias estremecedoras Elvira, excelentemente contadas. Me conmueven las referencias a Mozambique.
Até arrepia só de ler :(
Bfds
Que triste é a guerra...
Oi, Elvira!
De volta à leitura, sempre me surpreendendo com a sua agilidade, criatividade e jeito agradável de contar a história. A guerra sempre nos horroriza.
Grande abraço
Socorro Melo
Que tristeza!
As mortes.......
A guerra é terrível. Guerrilhar consiste tão somente em matar. Nada mais. Matar e morrer matado.
Mas quando inclui pessoas inofensivas é ainda mais desolador.
Que bom que a filha chegou, alegrou a família
E quantas famílias a guerra matou? Dói as crianças, anjinhos de Deus.
Beijos
Minicontista2
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