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Na Seca havia cada vez mais trabalhadores,
cujos filhos tinham sido levados para a guerra nas colónias. Todos os dias o
pessoal aguardava a chegada da carroça do ti Abel, que trazia as compras e o
correio do Barreiro, já que não havia outro posto de correio mais perto, nem o
carteiro ia fazer distribuição à Seca. Muitos nem sabiam ler e recorriam a
companheiros que sabiam, para lhes ler as notícias que os jovens conseguiam
passar nos aerogramas, e lhes escrever a resposta.
Às vezes eles escreviam o que não deviam,
segundo a óptica do governo, e essas notícias nunca chegavam à família, que
andava numa aflição sem saber porque não escreviam os filhos, ou os maridos, pois havia entre os militares mobilizados muitos que já eram casados, e alguns até pais.
No início de Abril é assassinado outro dos
homens que Manuel muito admirava. Martin Luther King.
Revoltado dizia: “Este mundo está perdido.
Como é que alguém tem coragem de assassinar um homem tão bom, que só prega a não-violência?”
E a mulher respondia: “Não era melhor que
Cristo, e como sabes também O mataram “
Quase no final de Abril, com a safra
praticamente terminada, comemoram-se os quarenta anos de governo de Salazar,
com algumas inaugurações. No dia seguinte o ditador fará 79 anos, e como prenda
em Matosinhos cinco mil pescadores entram em greve.
Pouco depois, a safra termina, e os últimos
trabalhadores regressam às suas aldeias de origem onde esperarão ansiosos que
os barcos regressem em Outubro.
Nos primeiros dias de Junho, outro assassinato nos EUA, daria que falar no mundo inteiro. Comentava-se que uma maldição caíra sobre a família Kennedy, pois desta vez o assassinado fora Roberto, então Senador de Nova Iorque.
Nos primeiros dias de Junho, outro assassinato nos EUA, daria que falar no mundo inteiro. Comentava-se que uma maldição caíra sobre a família Kennedy, pois desta vez o assassinado fora Roberto, então Senador de Nova Iorque.
Em Julho um acontecimento caricato mas que
demonstra bem a mão de ferro do governo Salazarista. Uma greve da Carris, termina com um
agradecimento formal e público dos trabalhadores ao ditador, transmitido para
todo o país pela TV
10 comentários:
Novos acontecimentos por aqui... Assassinatos, que pena!
Vamos adiante com outros capítulos pela frente...
Torcendo por Manuel e família...
Uma boa semana, Elvira! Bj
Sucessivas mortes... Tanto acontecendo! Assim é a vida! bjs, chica
Afastada que estive da blogosfera, apercebo-me que existe muito por aqui para ler. Aos poucos vou tentar actualizar-me, no entanto não deixo de sublinhar que gostei muito daquele texto lá mais em baixo, o texto dos anos do seu marido, aquele que diz "parabéns, amor". Sabe muito bem ler estas coisas.
Boa noite, Elvira. Abraço.
Enquanto que a vida parecia não sair da rotina mísera e habitual, cá por dentro, lá fora a História fazia-se a cada dia que passava...
Abraço do Zé
Tantos com os filhos e outros familiares na guerra e sem saberem ler as cartas enviadas...as que lhes chegavam, porque quem falava mais do que devia, a carta não seguiria o seu rumo. Tempos tão tristes.
A morte do Martin Luther King foi de facto um acontecimento sentido não só na América, mas também fora dela.
Continuando a acompanhar com muito interesse a história da sua família.
xx
Tempos tristes esse. O pessoal da seca aflitos por notícias.
Tanto a morte de Kennedy como a de Martin Luther King, foi para o mundo todo, muito triste!
Abraços, boa noite Elvira!
Mariangela
A Morte de Martin Luther King deixou uma grande lacuna no mundo inteiro.
Obrigado pelas visitas e amáveis comentários deixados nos nossos espaços.
Abraços e muita saúde para ti e para os teus.
Furtado.
Essa do agradecimento formal no final da greve confesso que novidade para mim.
Acontecimentos que marcaram o mundo esses e talvez o tenham mudado para sempre.
Vidas e vidas ceifadas. E tudo prossegue.
Amei.
Beijo e bom dia*
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