Depois do funeral Isabel pôs à venda a casa dos pais e foi viver para um pequeno apartamento junto do escritório. Talvez para compensar a sua solidão embrenhou-se ainda mais no trabalho.
Claro que muitas vezes se sentia sozinha. Por vezes ao olhar os casais de namorados que se cruzavam com ela na rua, sentia uma certa nostalgia, e até porque não um pouco de inveja.
Ela queria ter um homem a seu lado, a quem que amasse, e que a fizesse sentir-se amada. Que, como um rio, penetrasse nos recônditos da sua alma sequiosa, transformando a aridez da sua vida, num oceano de novas sensações e emoções.
Era normal. Afinal era uma mulher na plenitude da vida, a quem já fora dada a conhecer uma vida de amor e paixão. Não era freira, e em todos os anos passados, teve alguns relacionamentos. Breves, sem mais intimidade que a troca de alguns beijos, pois sempre que a situação parecia caminhar para algo mais sério Isabel retraía-se e ponto final.
“Por esse andar, um dia vais acordar velha e sozinha” costumava dizer-lhe Amélia sua assistente, amiga e confidente, sempre a seu lado desde o primeiro trabalho.
Aquele era um cenário, que não lhe agradava nada. Mas que fazer, se ela ainda não esquecera Fernando? Ela nunca conseguiria partilhar a sua vida com um homem a pensar noutro. Nem acreditava que uma união assim fosse feliz, para qualquer dos dois.
Veio-lhe à memória a imagem do marido, mas pela primeira vez em muitos anos, era uma imagem esbatida, como que envolta em neblina.
Deu mais uma volta na cama, ajeitou a almofada e finalmente adormeceu.
Acordou tarde e com a cabeça pesada. O sono fora povoado de sonhos. Sonhos esquisitos, em que via um homem com o rosto encoberto, envolto em neblina. Ela sabia que o homem era Fernando era o seu corpo, o seu jeito, mas quando o rosto se tornava visível era um desconhecido com uns profundos olhos cinzentos. Depois o rosto ia-se esfumando e ficava de novo encoberto e ela voltava a ter a certeza de que era Fernando, mas então a neblina desaparecia e ela via uma figura masculina com um pé em cima de uma muralha, o corpo inclinado para a frente e o rosto voltado para o lado contrário. Era o mesmo desconhecido? Ou era outro? Ela não sabia. Mas de uma coisa tinha certeza. Não era Fernando. Mas então o homem endireitava-se e afastava-se e embora ela não lhe visse o rosto, sabia que era o falecido marido.
Acordou tarde e com a cabeça pesada. O sono fora povoado de sonhos. Sonhos esquisitos, em que via um homem com o rosto encoberto, envolto em neblina. Ela sabia que o homem era Fernando era o seu corpo, o seu jeito, mas quando o rosto se tornava visível era um desconhecido com uns profundos olhos cinzentos. Depois o rosto ia-se esfumando e ficava de novo encoberto e ela voltava a ter a certeza de que era Fernando, mas então a neblina desaparecia e ela via uma figura masculina com um pé em cima de uma muralha, o corpo inclinado para a frente e o rosto voltado para o lado contrário. Era o mesmo desconhecido? Ou era outro? Ela não sabia. Mas de uma coisa tinha certeza. Não era Fernando. Mas então o homem endireitava-se e afastava-se e embora ela não lhe visse o rosto, sabia que era o falecido marido.
Nota: Este conto, vai ser interrompido NO DIA 15, para postagens mais alusivas à época, regressando pós Ano Novo para o seu desfecho.
14 comentários:
Com certeza são mensagens de que algo de novo vai acontecer na vida de Isabel. Quem sabe, um novo amor?
Abraços,
Furtado.
Um pouco ausente,mas sempre presente na amizade.
Uma memória prodigiosa e muita capacidade de romancear casos da vida.
Beijinhos nossos e votos de BOAS FESTAS.
A memória, por vezes, é uma coisa tramada.
Bfds
Acompanhado a história.
Bom fim de semana!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
As partidas que a memoria ás vezes nos prega.
Estou a gostar do texto.
Um abraço e bom fim de semana.
Ótimo final de semana!!!!!!!!!! Beijos
A mente é uma caixinha de lembranças e surpresas. Coisas ficam arquivadas e nos surpreendem...
Isabel prossegue na sua jornada e crescimento...
Um abraço grande. Bom Final de Semana, Elvira!
Essa figura com o pé em cima da muralha vai ter importância na narrativa, ai vai!...:-)
xx
Com o pé em cima do muro, ou sentados ficamos à espera de saber mais, sempre com uma imagem a embelezar o tema!
Aquele habitual abraço FUZO.
E que as memórias não impeçam de poder desfrutar, o que o presente ainda terá a oferecer...
Palpita-me um volt-face muito agradável, nesta história... a Isabel... já merece!
Beijinhos, Elvira! Bom fim de semana!
Ana
Na cabeça de Isabel,
dança apaixonante confusão
rodando como um carrossel
apoquentando o seu coração!
É natural que aconteça,
a uma jovem na flor da idade
para que o seu coração mais não padeça
por amor, em breve encontrará a felicidade!
Tenha amiga Elvira, uma boa tarde. um abraço,
Eduardo.
Great entry , thank you for your visit!!!kiss...
Oi Elvira, se ela ficou ficou viúva tem direito de ser feliz no amor.
Eu me casei duas vezes( um marido que me ama) isso é essencial,pois tinha filho pequeno e precisava dividir o amor, aí vinha o ciúmes.
Agora está tudo bem.
Beijos no coração
minicontista2
Esta ficando cada vez melhor querida Elvira, estou amando, um abraço.
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