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17.4.20

À MÉDIA LUZ - PARTE V




Gabriel chegou à academia dez minutos antes do começo do espetáculo.
Encontrava-se acompanhado de um amigo, empresário, com quem tinha alguns negócios, e da esposa do amigo. Tinha recebido o convite na semana anterior, mas acabara por esquecê-lo, só voltando a recordá-lo, quando o amigo lhe telefonara. Na verdade se não fosse por se tratar de um espetáculo beneficente, não teria ido, não era apreciador daquele tipo de espetáculo, danças de salão, para ele, só como interveniente, e com uma bela mulher nos braços. Porém ali estava numa noite de sexta-feira, disposto a passar umas horas aborrecidas, em prol de uma boa causa. Pouco depois as luzes na sala, apagaram-se e um a um os seis pares foram entrando na pista. Recostado na cadeira, com os olhos semicerrados e uma posição indolente, Gabriel não parecia muito entusiasmado.
De súbito, alguma coisa lhe chamou a atenção. Endireitou-se e fixou o olhar no último par que acabara de entrar. Melhor, não no par, mas na bela figura feminina que envergava um lindo vestido vermelho. Havia qualquer coisa de familiar naquela mulher. Seria o tom do cabelo, preso no alto da cabeça, num coque embelezado por uma fita preta, adornada com uma rosa do mesmo tom do vestido?
Quando os pares se posicionaram nos seus lugares, o número seis ficou mais perto do local onde Gabriel se encontrava, e ele assombrado julgou  reconhecer Sandra na esbelta bailarina.
- Não pode ser, - murmurou.
Aquele “monumento” não podia ser o “estafermo” da Sandra. Ou seria? E como dançava, Santo Deus. Ele não conseguia desviar os olhos da bela figura feminina.
Após uma primeira apresentação, em que os seis pares dançaram a Valsa e o Foxtrot, os bailarinos retiram-se e um apresentador fez uma breve explicação sobre a origem das danças de salão. Logo depois entraram dois pares que dançaram primeiro uma Polca e depois o Bolero.
Depois entraram outros dois pares e Gabriel disfarçou um gesto de enfado. Ele queria ver de novo a mulher de vermelho.
Depois de mais duas danças, desta vez a Salsa e o Chá Chá Chá, eis que voltam os últimos dois pares. Começam por dançar a Rumba, e Gabriel não conseguia  desgrudar os olhos da figura feminina, que na pista se movimentava com graciosidade e agressividade, insistente e romântica, num jogo de sedução, visando conquistar o parceiro, que é afinal o sentido da própria Rumba. A dança terminou sob um acalorado aplauso para logo de seguida se ouvirem os primeiros acordes dum Tango.
O Tango era a dança preferida de Gabriel, pelo papel dominante que o homem desempenhava na dança. Mas quando os pares se posicionaram na posição inicial do Tango, ele notou que a bailarina, arqueava ligeiramente o corpo, como que resistindo a deixar-se dominar.
Sorriu. Além de bela, tinha personalidade.

27.7.19

LONGA TRAVESSIA - PARTE IX


Mário ficou até tarde no escritório. Era seu hábito quando adquiria uma empresa, verificar todos os sectores, ver o que se produzia, ou se vendia mais, e o contrário. Verificar custos e margens de lucro, fazer novos planos de modo a que as empresas em pouco tempo estivessem no caminho do sucesso e claro a engrossar a sua conta bancária. Era o que pretendia fazer também nesse dia. Porém, o rever inesperadamente Teresa, e mais, saber que estava ali, sob as suas ordens, fazia com que não conseguisse concentrar-se no trabalho. Estava mais bonita que nunca. A jovenzinha de há dez anos atrás era hoje uma mulher capaz de fazer perder a cabeça a qualquer homem.
Teria casado? Não usava aliança. Mas será que isso queria dizer alguma coisa nos tempos atuais? De súbito lembrou-se. A ficha dos empregados. Rapidamente procurou a pasta. Leu-a avidamente.
Teresa Carvalho, trinta e um anos, solteira, licenciada em Gestão de Recursos Humanos. Seguia-se a morada e número de telefone.
Alegrou-se de saber que estava solteira, muito embora pensasse que isso não quereria dizer que estava livre.
Durante dois anos, viveram juntos, uma intensa relação de amor e nunca fora casada.
Abanou a cabeça, como se com isso conseguisse afugentar os pensamentos que lhe impediam a concentração.
Sentiu pena de si mesmo. Da sua solidão. De saber que chegava a casa, e a encontrava vazia.
Decididamente a idade mudava um homem. Noutros tempos quando se sentia só, ia até um qualquer bar e pouco depois estava em casa de alguma dama, ou num quarto de hotel. Na sua casa não. Na sua casa, jamais entrara outra mulher que não fosse Teresa, e isso fora há tanto tempo...
Ultimamente essas saídas, deixavam-lhe um travo amargo na boca.
Como se finalmente a sua alma acordasse de um longo sono e quisesse assumir o controlo da sua vida.
E ele, que sempre lutara para não lhe dar espaço, sentia-se impotente perante a sua revolta.
Desligou o computador, arrumou as duas pastas que tinha abertas na secretária e levantou-se decidido a ir-se embora.
Tinha fome, nem se dera conta das horas, era quase meia-noite.
Muito tarde para jantar. Comeria qualquer coisa em casa.
Antes porém escreveu numa folha de papel a seguinte mensagem.
“D. Luísa por favor, convoque uma reunião com todos os chefes de secção, para as onze horas, na sala de reuniões.
Mário”
Vestiu o casaco, guardou as chaves e o telemóvel, abriu a porta do escritório, e pousou sobre a mesa de Luísa a folha de papel.
Apagou as luzes e dirigiu-se à saída onde se cruzou com o segurança que efetuava a ronda de rotina.
Por fim saiu e dirigiu-se ao automóvel.
Os dias seguintes iam ser complicados.



Como de costume a história só volta segunda-feira. 
Bom fim de semana.

10.9.17

À MÉDIA LUZ - PARTE V




Gabriel chegou à academia dez minutos antes do começo do espetáculo.
Encontrava-se acompanhado de um amigo, empresário como ele, e da esposa do amigo. Tinha recebido o convite na semana anterior, mas acabara por esquecê-lo, só voltando a recordá-lo, quando o amigo lhe telefonara. Na verdade se não fosse por se tratar de um espetáculo beneficente, não teria ido, não era apreciador daquele tipo de espetáculo, danças de salão, para ele, só como interveniente, e com uma bela mulher nos braços. Porém ali estava numa noite de sexta-feira, disposto a passar umas horas aborrecidas, em prol de uma boa causa. Pouco depois as luzes na sala, apagaram-se e um a um os seis pares foram entrando na pista. Recostado na cadeira, com os olhos semicerrados e uma posição indolente, Gabriel não parecia muito entusiasmado.
De súbito, alguma coisa lhe chamou a atenção. Endireitou-se e fixou o olhar no último par que acabara de entrar. Melhor, não no par, mas na bela figura feminina que envergava um lindo vestido vermelho. Havia qualquer coisa de familiar naquela mulher. Seria o cabelo preso no alto da cabeça, num coque embelezado por uma fita preta, adornada com uma rosa do mesmo tom do vestido?
Quando os pares se posicionaram nos seus lugares, o número seis ficou mais perto do local onde Gabriel se encontrava, e ele assombrado julgou reconhecer Sandra.
- Não pode ser, - murmurou.
Aquele “monumento” não podia ser o “estafermo” da Sandra. Ou seria? E como dançava, Santo Deus. Ele não conseguia desviar os olhos da bela figura feminina.
Após uma primeira apresentação, em que os seis pares dançaram a Valsa e o Foxtrot, os pares retiram-se e um apresentador fez uma breve explicação sobre a origem das danças de salão. Logo depois entraram dois pares que dançaram primeiro uma Polca e depois o Bolero.
Depois entraram outros dois pares e Gabriel disfarçou um gesto de enfado. Ele queria ver de novo a mulher de vermelho.
Depois de mais duas danças, desta vez a Salsa e o Chá Chá Chá, eis que voltam os últimos dois pares. Começam por dançar a Rumba, e Gabriel não desgrudava os olhos da figura feminina, que na pista se movimentava com graciosidade e agressividade, insistente e romântica, num jogo de sedução, que visava conquistar o parceiro, que é afinal o sentido da própria Rumba. A dança terminou sob um acalorado aplauso para logo de seguida se ouvirem os primeiros acordes dum Tango.
O Tango era a dança preferida de Gabriel, pelo papel dominante do homem na dança. Mas quando os pares se posicionaram na posição inicial do Tango, ele notou que a bailarina, arqueava ligeiramente o corpo, como que resistindo a deixar-se dominar.
Sorriu. Além de bela, tinha personalidade.