No espaço de três dias toda a sua vida desabou. Isabel tinha completado há pouco dezanove anos, era uma mulher feliz, cujos sonhos e projetos, eram sempre a dois. De repente um acidente estúpido acabou com a vida de Fernando e quase acabou com a sua. Relembrou o momento em que acompanhada pelo pai, foi na manhã seguinte ao hospital, na esperança de uma boa notícia e foi informada de que o marido não tinha sobrevivido e se encontrava em morte cerebral. Lembrava-se vagamente do médico explicando-lhes que a pancada na cabeça fora muito forte, o cérebro sofrera um grande inchaço e a pressão exercida pelo capacete dera origem a hemorragia cerebral. No entanto eles mantinham-no artificialmente vivo, porque precisavam de falar com ela sobre a doação de órgãos. Foi-lhe explicado que a morte repentina de um homem jovem e saudável, como Fernando, podia ser a salvação de várias pessoas, que aguardavam um transplante como única salvação. Ela não gostaria de poder salvá-las, autorizando a doação dos órgãos do marido?
Isabel ficou tão chocada que gritou com o médico e saiu correndo do gabinete.
Depois o pai conversou com ela. Fez-lhe ver que ao marido morto, os seus rins, fígado ou coração não faziam qualquer falta. E podiam ser a diferença entre a vida e a morte para outras pessoas. Além disso Fernando era um homem generoso, ele gostaria de saber que a sua morte não teria sido em vão. Ela acabara por concordar e assinar os documentos que o médico lhe apresentara. Depois não se recordava de mais nada.
Foi o seu pai que tratou de todos os trâmites para o funeral. Fernando já não tinha pais apenas os tios de Albufeira que foi preciso avisar. Isabel esteve sempre acompanhada pelos pais e sob o efeito de fortes calmantes. Talvez por isso, ela não se recordava do derradeiro momento, aquele em que se despediu do marido no cemitério.
Isabel ficou tão chocada que gritou com o médico e saiu correndo do gabinete.
Depois o pai conversou com ela. Fez-lhe ver que ao marido morto, os seus rins, fígado ou coração não faziam qualquer falta. E podiam ser a diferença entre a vida e a morte para outras pessoas. Além disso Fernando era um homem generoso, ele gostaria de saber que a sua morte não teria sido em vão. Ela acabara por concordar e assinar os documentos que o médico lhe apresentara. Depois não se recordava de mais nada.
Foi o seu pai que tratou de todos os trâmites para o funeral. Fernando já não tinha pais apenas os tios de Albufeira que foi preciso avisar. Isabel esteve sempre acompanhada pelos pais e sob o efeito de fortes calmantes. Talvez por isso, ela não se recordava do derradeiro momento, aquele em que se despediu do marido no cemitério.
Por mais de quinze dias, ficou em casa dos pais, no seu quarto de solteira. Depois um dia pegou nas chaves e voltou a casa.
Foi estranho e muito doloroso entrar na habitação, onde cada canto falava de amor e sentir-se morta por dentro. Mas apesar da sua juventude, Isabel era muito mais forte do que seria de supor, numa mulher que até aí fora protegida de todas as adversidades.
Foi estranho e muito doloroso entrar na habitação, onde cada canto falava de amor e sentir-se morta por dentro. Mas apesar da sua juventude, Isabel era muito mais forte do que seria de supor, numa mulher que até aí fora protegida de todas as adversidades.
Separou as suas coisas pessoais e meteu-as numa maleta para levar para casa dos pais. Tudo o resto, móveis, enxoval, e as roupas de Fernando iriam para uma instituição de caridade. Ela queria encerrar aquela etapa da sua vida.
Falou com os pais que como sempre a apoiaram e ajudaram e dois meses depois entregava as chaves da casa ao senhorio e regressava a casa à casa paterna e ao seu quarto de solteira.
13 comentários:
bom amigo, que me ofereceu um cão lindo, epagneul breton, ficou assim e acabou por morrer.
Ia trocar a prenda de Natal da mulher.
Abraço
Triste a perda ,ela triste ,mas mesmo assim irá em frente...beijos, chica
Vamos saltar esta parte triste, pois a vida continua!
Um episódio mais triste, mas como tudo nada vida, supera-se! Gostei!
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Intempéries no sentimento imaturo
Beijo, e um excelente dia :)
Vidas que acabam, quase antes de começarem. Vamos ver o que o destino (neste caso, a Elvira) reserva para Isabel.
Bom dia, Elvira
Já esperava algo do género.
Mais um trauma de vida a ultrapassar, se conseguir, porque este é dos fortes. Mas a Elvira, vai dar-me a perceber se Isabel conseguiu ou não.
Fico à espera.:)
Um abraço.
É sempre muito triste perder-se alguém que se ama. Perder um irmão, um pai, a mãe, filho, não voltam outro(s) para o seu lugar. Perder o marido/mulher sim. Um dia o amor voltará e nova vida seguirá em frente.
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Saudações poéticas
Cuide-se ... proteja-se.
Vejo que perdi muito desta sua nova história. Hoje já não estou em condições de colocar a leitura em dia... tentarei amanhã.
Forte abraço
Já passou, faz parte do passado. Mas a lembrança fica para sempre!
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Enviuvar antes dos vinte é um golpe cruel que ninguém merece.
Engraçado, ao ler agora esta parte da entrega dos objectos pessoais, da autorização para que fossem doados os orgãos do marido e da mudança para a casa paterna, parece que uma luz se acendeu na minha mente. Acho que li este conto antes, aquando da sua primeira publicação, sim!
Um abraço e boa noite.
Boa tarde Elvira,
Muito tristes os acontecimentos.
Como na vida real, infelizmente, tantas vezes.
Beijinhos,
Ailime
Um capítulo triste, mas, que faz parte da história. Perdas é sempre dolorosa, qualquer que seja a forma como se dá.
Beijos!
Vidas reais, adversidades e a história daquela que parece ser a personagem principal, construída a sua sombra ao longo destes últimos dois textos.
Um regresso a casa dos pais e uma história pela frente talvez para saber o que terá feito nos últimos (quase) vinte anos...
Por vezes perante grandes dramas há uma tendência em tardar a reagir, espero não ter sido o aso desta personagem. Ninguém deve perder vinte anos da sua juventude.
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