-Boa-noite
- saudou olhando preocupada o homem que do outro lado da secretária se pôs em
pé quando as duas entraram.
-Boa-noite,
Inês. Sente-se e diga-me. Como encontrou hoje a minha filha? Recebeu alguma
informação? Sabe quando ela terá alta?
-
Falei com o médico. Ele disse-me que apenas quer repetir uns exames e depois
lhe dará alta. Perguntei quando faria esses exames, e disse-me que no dia
dezanove, e se tudo estiver bem como lhe parece, o mais tardar dia vinte e um
terá alta, e já passará em casa o dia de Natal.
-
Que bom - disse Laura indo abraçar o irmão.
Durante
alguns segundos permaneceram enlaçados na mesma emoção, como se não lembrassem
que não estavam sozinhos.
Por
fim, Gil afastou a irmã, voltou costas e foi de novo sentar-se à secretária. Exercendo
todo o seu controlo sobre os sentimentos, quando falou a sua voz soou serena.
-
Obrigado. E diga-me, Inês. Está contente com o seu emprego?
- Estaria
mais contente se a menina estivesse aqui, é uma bebé adorável, de quem vou cuidar com muito gosto. Mas sim estou muito feliz com o emprego.
-Contudo
a sua expressão não demonstra essa felicidade.
- A
minha expressão não vai influir em nada os meus cuidados com a sua filha
senhor. Ela estará sempre acima de qualquer preocupação que me atormente. Juro-vos.
Os
seus olhos rodavam preocupados, de um para outro dos irmãos, como se temesse
que a fossem despedir. Gil notou o brilho húmido e receou que a jovem fosse
começar a chorar.
- Tenho
a certeza disso. Acalme-se, só queremos ajudá-la - disse Laura sentando-se a
seu lado e segurando-lhe nas mãos. Estavam geladas.
Gil esperou uns segundos, para que a jovem se acalmasse e depois retomou a palavra.
Gil esperou uns segundos, para que a jovem se acalmasse e depois retomou a palavra.
- Não
vou denunciar a fonte, mas ficámos a saber, o que se passou consigo, a razão do
seu divórcio, bem como da existência do seu filho. Eu e a minha irmã conversámos sobre isso e
chegamos à conclusão, de que uma vez que vai ficar a viver aqui, deve trazer
para cá o seu filho. Amanhã vou mandar pôr um divã no seu quarto, e depois com
mais tempo poderá decorar o quarto a seguir ao seu para ele. A minha irmã vai
ajudá-la.
Laura
abraçava a jovem que chorava copiosamente, sem saber que dizer, nem como lhes
agradecer.
Gil
não gostava de ver uma mulher chorar. Levantou-se da cadeira e dirigiu-se à
porta dizendo à irmã:
-
Tenho que ir ao quarto buscar uns documentos. Combinem a hora a que podem ir
buscar o menino de manhã, uma vez que de tarde a Inês terá que ir ao hospital.
Fechou
a porta e subiu. Não porque precisasse de ir buscar algum documento, mas porque
tinha de digerir a emoção, que o facto de saber que em breve tinha a filha em
casa lhe proporcionara. Saber que dentro de dias ia poder abraçá-la, dava-lhe
um aperto no peito, e punha-lhe os olhos brilhantes. Podia compreender a angústia de Inês, tendo
que viver longe do filho. E sentia-se satisfeito pela decisão que tomara de
trazer o miúdo para junto da mãe. Aquela casa estava demasiado triste. Duas
crianças iam decerto ser como um raio de sol que rompe a
escuridão e ilumina tudo à sua passagem.
13 comentários:
Caramba, a história está cada vez melhor.
Boa noite, Elvira
Tenho duas filhas que adoro mais que a própria vida.
Vida que nem sequer imagino sem elas.
Abraço
Bom dia
É realmente um conto cheio de emoções e brevemente também com muito romancismo .
JAFR
Faz bem e não olhes a quem, ditado que o nosso herói está a seguir á risca.
Uma decisão acertada que irá trazer alegria... Bj
Faz muito sentido a atitude que teve o Gil. Tenho a certeza que vai correr tudo bem:))
Bom dia.
Hoje : Queria viver no teu silêncio
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira
Está a ficar emocionante.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A Estória está a ficar muito excitante. Gostando de ler e acompanhar a saga dos irmãos e da criança que há-de chegar
Um dia feliz
Acho que depois de tudo estar mais calmo vai nascer um romance... Hummm! :)
Beijos e um excelente dia
Gil sente-se feliz, por ajudar quem precisa de ser ajudado. Homens como o Gil, no mundo são raros!
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Que nunca lhe doam os dedos
nem as mãos que falam por gestos
Olá, Elvira!
Gosto de ler as suas narrativas por estarem dentro de nossa realidade e também pela fluência e naturalidade da sua prosa. Com este capítulo não foi diferente. Também gostei.
Um abraço, Elvira.
Ter várias personagens e cenários, num movimento constante, é tão difícil... e este seu conto tem tudo isso na quantidade certa, nos ritmos certos e com a emoção certa.
Mais um texto onde os sentimentos são chamados a aplaudir.
Abraço e boa inspiração
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