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4.12.17

MARIA - PARTE VIII

RE-EDIÇÃO

A segunda gravidez


Os anos seguintes, foram sem dúvida, os mais felizes da vida de Maria. Era jovem,  amava intensamente o marido e sentia-se igualmente amada. Compraram casa, com recurso ao crédito é certo, mas não é assim que quase todos fazemos? Compraram carro, em segunda mão, que o dinheiro, que a madrinha do marido, lhes dera pelo casamento, não chegou para um carro novo. Maria tinha enfim a sua casa , não vivia com a mãe, sempre aturando as reprimendas,  nem tão pouco com a sogra, como acontecera com o primeiro casamento.
Sentia-se tão feliz, que nem "os carinhos" que a mãe dispensava ao genro, sempre que eles a visitavam lhe faziam mossa.
Elisa nunca fora uma mulher de demonstrar carinho,  de um afago. Mas com a doença, e a idade, o seu feitio seco acentuara-se. E a pouco e pouco, Maria ia espaçando as visitas à mãe.
Oito anos após o casamento, a cunhada de Maria ficou grávida, e simultaneamente a sua colega de trabalho também. A alegria das duas, o entusiasmo e o carinho, com que preparavam o enxoval dos bebés, foi-se a pouco e pouco entranhando-lhe no corpo e no espírito, e a sua vontade de ser mãe reapareceu, com tanta força que Maria não soube, ou não quis resistir-lhe. O marido feliz, apoiou  mas aconselhou irem primeiro ao médico, dado os antecedentes. Assim fizeram e Maria submeteu-se a todos os exames, que o médico de família e o seu ginecologista exigiram. A opinião dos médicos, era de que estava tudo bem e nada impedia Maria, de vir a ser mãe.
Quando seis meses mais tarde, Maria contou à mãe que estava grávida, a reação de Elisa foi muito pior do que ela imaginava.
Disse que a filha era uma irresponsável, que bem sabia que não podia ter filhos e que "o retornado lhe dera a volta à cabeça. "Só ele será responsável, pelo que acontecer, vai tornar-se num assassino."
Maria não se conteve. Gritou que a mãe estava doida e que nunca mais queria vê-la e saiu disposta a não voltar a casa da mãe.
Os meses passaram,  a gravidez decorria normalmente, a primeira ecografia mostrou uma menina, e o casal estava muito feliz.
Pouco antes dos sete meses, Maria sentiu-se mal e foi para o Hospital. Feitos os exames, descobriram que o bebé tinha desenvolvido uma hidrocefalia, não aguentou a pressão craniana e estava a morrer.
Foi feita uma cesariana de urgência, mas nada puderam fazer pelo bebé.
Primeiro Maria ficou em choque. Todos os seus sonhos, a esperança de vir a ser mãe, o desejo de dar ao marido o filho que ele nunca lhe pediu, mas que ela lhe queria dar, como complemento do seu amor, foram por água abaixo. E depois do choque inicial veio a depressão.
Na cabecinha doente de Maria,  uma ideia tornou-se obsessão. A sua mãe, fora a culpada pelo que lhe aconteceu. Fora praga da mãe, que nunca quisera que ela tivesse um filho. A relação amor-ódio que sempre tivera pela mãe, transformou-se num ódio feroz. Convenceu o marido a vender a casa e a comprar outra longe da mãe. E jurou que nunca mais ia ver a mãe.
Um dia a empregada doméstica da Elisa, chegou às oito da manhã como costume e estranhou ouvir a televisão da sala. Dirigiu-se lá, e encontrou Elisa sentada no sofá a dormir. Pelo menos era o que parecia. Dirigiu-se à cozinha preparou o pequeno-almoço e só quando foi dizer-lhe que estava pronto, é que se apercebeu de que Elisa estava morta.
Foi a sepultar num chuvoso dia de Dezembro. Sem a presença da filha, que ninguém sabia onde encontrar.


continua




13 comentários:

Larissa Santos disse...

Boa tarde...Complicado. Imagino quando Maria souber da morte da Mãe...
Continuo

Hoje:-{ Desnudos sonhos...}
Bjos
Feliz Domingo.

chica disse...

Que triste essa situação! PENA!
Vamos ver a reação quando vier a saber...bjs chica

Tintinaine disse...

Eta, vida complicada!
Espero que esta fase passe depressa e venha aí leitura mais agradável.

Tais Luso de Carvalho disse...

Nossa!!!
Aguardo com muita curiosidade... consigo imaginar a cena.
beijo!

Rui disse...

Leitura em dia, Elvira ! :)

Há realmente mulheres mães que não se dão conta do modo desastroso, como educam e pretendem "controlar" os seus filhos e quanto, mesmo sem intenção, os magoam e prejudicam ao longo de uma vida ! :(

Certamente nunca se deu conta disso e, pelos vistos, jamais o poderá o poderá vir a entender ! :(

Boa semana :)

Edum@nes disse...

Quando a teimosia não compensa. Elisa teria razão, mas a teimosa sua filha Maria. Não a quis ouvir. Podia ter evitado o desgosto que não quis evitar!

Tenha uma boa noite de domingo amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Uma situação bem complicada.
Um bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

aluap disse...

Por este mundo fora haverá filhos que não vão ao funeral da mãe ou do pai, por não se falarem, imagino (só imagino) que deve ser complicado, quanto mais saber do seu falecimento mais tarde!! Por mais que imagine não sei como a Maria vai reagir.
Abraço.

Pedro Coimbra disse...

O ódio nada resolve.
De um momento para o outro, sem aviso, tudo acaba.
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
não se sabe qual vai ser a reação de Maria quando souber da morte da mãe mas penso que vai ser aí onde está o moral da historia .
Haver vamos
JAFR

Cantinho da Gaiata disse...

Passando e lendo os capítulos em série.
Como será que Maria vai reagir quando souber da morte da mãe.
Bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Algo que não deveria acontecer pois avida é demasiado curta!!!bj

Rosemildo Sales Furtado disse...

E agora Maria? Fazer o quê? Curioso e aguardando.

Abraços,

Furtado