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6.4.16
MANEL DA LENHA - PARTE XLIII
Em Maio, já com o trabalho da Seca terminado, e enquanto a Gravelina seguia pelo rádio as transmissões de Fátima chegou um telegrama para a filha mais velha. Como os telegramas geralmente traziam sempre más notícias, e também porque naquele tempo a noção de privacidade quase não existia, (pelo menos nas camadas mais baixas da população ela abriu o telegrama e verificou que era da irmã do namorado da filha que a informava de que a mãe tinha acabado de partir, para aquela viagem da qual ninguém volta.
Gravelina pediu ao gerente para fazer uma chamada para casa da irmã em Lisboa a fim de que ela informasse a filha, quando esta regressasse do trabalho.
Já aqui se disse que o Manuel era um apaixonado pelo futebol. E por isso seguiu com grande entusiasmo, todos os jogos desse mundial em Inglaterra em Julho de 66 que haveria de levar a Selecção Portuguesa, os célebres "magriços" ao 3º lugar. Proeza nunca mais repetida. É nessa altura que pela primeira vez Eusébio é considerado o melhor jogador do mundo.
Precisamente nove dias depois é inaugurada a Ponte Salazar, que liga as duas margens do Tejo.
No final do Verão voltou da Guiné o namorado da filha . Estivera apenas 10 meses, pois fora render um jovem que lá ficara numa emboscada, e por pouco não ficara também ele por lá, não por ter sido ferido, mas porque apanhou um paludismo tão violento que até os médicos duvidaram que resistisse.
Desembarcou na base Naval do Alfeite, amparado por dois camaradas, com apenas 47 Kg.
Com o rapaz por cá, a filha voltou para casa dos pais, pois a tia, em casa de quem estivera durante meses, disse que não queria a sobrinha lá em casa com o namorado por cá. Vamos que o rapaz desonrava a moça e a abandonava? Ela não queria essa responsabilidade.
Pouco depois, quase no final de Setembro é reaberta a Colónia Penal do Tarrafal.
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18 comentários:
O ano de 66 do século passado foi bem marcante para muita gente.
Estou a gostar da história.
Uma abraço e óptima Quarta-Feira.
Acontecimentos que mexeram com a vida de todos ...Bela continuação! bjs, chica
Passei para continuar a ler o "Manel da lenha" e também para desejar continuação de boa saúde!
Com o meu abraço.
A gostar da história :)
Fuzileiros, Guiné, emboscadas...! A coisa começa a soar-me a familiar!
Ao futebol é que eu não ligava a ponta de um corno. Com 22 anos de idade as minhas preocupações eram outras!
a passar para acompanhar a história!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Oi Elvira, Quando pensa que as coisas estão se ajeitando, acontece algo!
Vamos aghuardar!
Abraços!
Mariangela
Anos 66, lembro-me bem dessa época, a anos antes de casar.
A Guerra colonial, meu marido esteve em Moçambique e eu estive
quase a ir para lá, mas depois não fui.
Continuo a seguira com toda o interesse esta "sua" história.
Bjs.
Irene Alves
66, um ano antes de eu nascer :)
Como os tempos mudaram, hei?
Desonrada... só por ter o namorado por perto, na mesma cidade ehehe.
Bom, mas também vamos admitir que não iam todas virgens para o casamento :) Se calhar os receios da tia eram fundamentados pela própria experiência, quase sempre vem-se a descobrir esse tipo de coisas :)))
Abraço e beijinho
Os "Magriços" e os seus feitos por terras de Sua Majestade, a ponte Salazar, agora 25 de Abril, e o pobre do namorado da filha de Manel da Lenha com apenas 47kg e tão debilitado pelo paludismo!
Continuando a acompanhar...
xx
Uma narrativa muito interessante sempre com a guerra colonial em fundo.
Interesante y conmovedora historia.
Recuerdo por supuesto ese notable equipo portugués de 1966. También que Chile quedó eliminado en primera fase, después de haber sido también tercero en el Mundial anterior en casa.
A acompanhar, agradecendo esta partilha que me enriquece...
Bjo, amiga :)
O paludismo era terrível para quem dele não se livravam. Eu, andei por lá, tive sorte. Me livrei do paludismo e da morte, porque felizmente, nenhuma bala perdida, me encontrou no caminho por onde passei. Por isso é que estou, ainda, aqui lendo e recordando os gordos e os "Magriços"!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Relato muito bom de acontecimentos.
Beijo e bom dia*
Sempre aparecendo novidades e eu gostando cada vez mais.
Abraços,
Furtado.
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