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17.4.16

MANEL DA LENHA - PARTE LIII

        O genro do Manuel antes da partida para Moçambique




Por essa altura o filho já o filho está a trabalhar  na CP, onde o trabalho não é tão pesado e ganha um pouco mais.
Começa uma época em que o Manuel apesar de manter o quintal e ir semeando algumas coisas, não precisa já esforçar-se tanto.
Em Setembro, o Salazar, instalado no Palácio de S. Bento, dá uma entrevista, em que se julga ainda Presidente do Conselho, e diz que Marcelo Caetano está a dar aulas na Faculdade de Direito de Lisboa. Fica claro que o ditador está senil e não tem qualquer influência no País, mas a máquina montada por ele ao longo dos anos está bem oleada e continua a esmagar quem se lhe quer opor.
Aos poucos os navios vão regressando, o pessoal do norte também, e Manuel vai como todos os anos, avisar as mulheres que há muito fazem as safras, e que vivem nos arredores, desde a Telha, até Alhos Vedros, passando por todas as localidades mais próximas.
Em Novembro, extingue-se oficialmente a PIDE, e cria-se em sua substituição a DGS, Direcção Geral de Segurança. Mudou o nome, mas a política era a mesma, ou como diz o ditado, mudam as moscas...
Ainda nesse mês, Manuel sofre mais um desgosto, com a morte do padrinho do filho. O compadre, era colega do seu irmão, pois era igualmente electricista na seca. Era seu conhecido e amigo desde que o Manuel viera trabalhar para a seca com 17 anos. Era um homem ainda novo, parecia gozar de boa saúde, teve uma gripe forte, e morreu de um choque anafilático que um dos medicamentos  para a gripe, lhe provocou.
Em Dezembro o genro, que é Fuzileiro, é mobilizado para Moçambique. E se isso já não era bom,  o facto de a filha dizer que vai com ele, põe-no em sobressalto, e traz a mulher a chorar o dia inteiro.
O país, e o Manuel despediram-se de 1969, sem pena.
No país, além do sismo em Fevereiro, lamentam-se as mortes de António Sérgio, e José Régio.
Manuel, perdeu o irmão, o compadre, e quase perdia o sobrinho.



12 comentários:

chica disse...

Uma mistura de momentos fazem o quadro por lá! Lindo te ler!

Acabei de ler teu "pedacinho" deixado lá e ri muito imaginando a cena,rs bjs, chica, ótimo domingo!

Duarte disse...

Quantas historias ao redor dessa seca do bacalhau e que capacidade de captação para reter todas essas vivências. São fragmentos de vida que agrada recordar por um passado marcado por uma vida dura, mas honrada.
Abraços de vida, querida amiga

Edum@nes disse...

Do Oceano Atlântico ao Oceano índico navegaram,
a filha do Manuel da lenha e o seu Fuzileiro
foram a Moçambique, de onde a Lisboa regressaram
felizes, contado as suas histórias vivem no Barreiro!

Desejo um bom dia de domingo para amiga Elvira e seu Fuzileiro! Um abraço,
Eduardo.

Edum@nes disse...

Corrijo: Contanto, não contado!

Unknown disse...

Gostei das tantas peripécias com a seca do bacalhau ao fundo.
Amiga, tenha um bom domingo.
Beijo*

Janita disse...

Boa tarde, Elvira!

Após cinquenta e três capítulos, chegamos à parte em que a vida da filha e genro começam a preocupar o Manel.
Cá está a foto que fez parte da homenagem ao marido aquando o seu aniversário.
Numa vida há tantas vidas!...como dizia a minha saudosa mãe!

Um abraço e bom resto de Domingo.

tulipa disse...


OLÁ ELVIRA

Alguém fala em 53 capítulos
pois, sou sincera, não tenho acompanhado todos esses capítulos,
mas neste
achei graça a referência a ALHOS VEDROS,
por conhecer e viver perto.

Falam também de várias histórias ao redor da seca do bacalhau
sei que existe uma aqui na Moita
tudo muito perto de mim

Gosto de ler essas vivências.

Caso queira visitar
http://pensamentosimagens.blogspot.pt/
onde
a 2 dias do meu aniversário
decidi agarrar em imagens minhas,
momentos que vivi recentemente
para mostrar a mim mesma
e aos outros,
que é assim que eu gosto de VIVER ... intensamente!

ADORO CLARICE LISPECTOR quando escreve:

Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento!

Beijinhos

Odete Ferreira disse...

E por cá continuo, sempre agradada com as peripécias.
Bjo, amiga :)

rosa-branca disse...

Amiga Elvira, histórias de vida tão dolorosas, mas cá vou passando para ler a continuação. O jovem é lindo. Adorei o que deixou no meu blog e não conhecia. Penso que é o cigarro não é? Fiz aquelas quadras pois estou cansada de tantas mágoas... Estou a tentar levantar o ânimo. Beijos com carinho

Pedro Coimbra disse...

Uma vida cheia de momentos dolorosos.
Boa semana

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Alegrias e tristezas se misturam ao longo da história.
Mas tudo ficará bem!
Um abraço de boa semana Elvira!
Mariangela

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Quanto sofrimento por causa desse bacalhau
Alguém morrer de gripe, aqui nunca soube
Eu vou recomeçar meus comentários daqui, todos os dia vou subindo
Beijos
Lua Singular