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29.3.16

MANEL DA LENHA - PARTE XXXVIII


Soldados portugueses na Guiné. Foto do  Google.



O resto do ano correu sem nada de muito importante na vida do Manuel, a não ser que um dia fez uma visita relâmpago, ao forno do tijolo, onde o filho estava a trabalhar e ficou tão horrorizado com o trabalho e o calor a que o miúdo era exposto que nesse mesmo dia o trouxe com ele para casa, dizendo que aquele trabalho era desumano, pois os homens mais velhos mandavam o miúdo executar as tarefas que a eles menos lhe agradavam. Pouco tempo depois o rapaz haveria de ir trabalhar para uma serração também em Palhais.  A mulher, desde que começara a fazer a tal injecção mensal, que lhe receitam em Coimbra andava bem de saúde. A injecção era cara, mas ele dava por abençoado esse dinheiro. A filha mais velha estava de novo a trabalhar na safra e a do meio continuava a estudar sempre com as melhores notas. A vida melhorara sensivelmente para o Manuel, que continuava a semear cada vez mais coisas no quintal que também era cada dia maior. Criava agora dois bacoritos, que depois de criados mataria. Um ficava para a família o outro vendia e sempre ficava um dinheirinho extra para as injecções da mulher e para algo mais que surgisse de repente. A alimentação para os porquitos, ele conseguia de inverno nas maltas na seca, e de verão nas casas da Telha.  E foi assim que terminado aquele ano de má memória, se iniciou outro que naquele lugar os anos se sucediam sempre iguais e rotineiros.Manuel voltou a entusiasmar-se com o Carnaval, e a elaborar as suas máscaras. 
Enquanto isso, nas colónias ultramarinas, o desejo pela independência é cada vez maior, as hostilidades sucedem-se , na Guiné inicia-se a luta armada, com um ataque do PAIGC ao quartel de Tite. 
Na seca o pessoal com filhos em idade de ir para a tropa, está apreensivo, Temem a chamada dos filhos para esse temido e desconhecido teatro de guerra. A mulher do Manuel preocupa-se pelo futuro do filho, mas ele acredita que até o rapaz ter idade de ir para a tropa, já o caso estará resolvido. Ele pensa que não deve sofrer por antecipação. Com tantas dificuldades que já passara, ele habituara-se a viver um dia de cada vez, preocupando-se apenas com o momento presente. 
Costumava dizer à mulher, "Para quê pensar no futuro, se o presente me é tão pesado, e me dá tanto em que pensar?"



ACABEI DE REGRESSAR: AGRADEÇO TODO O CARINHO DISPENSADO NAS MENSAGENS QUE ME DEIXARAM, E ESTAREI PELOS VOSSOS BLOGUES SE NÃO HOJE MESMO, AMANHÃ DE CERTEZA.

20 comentários:

AFlores disse...

Continuação de uma boa semana.
Tudo de bom!

AC disse...

A saga da família continua, com o Manuel a evidenciar mestria no leme.
Eram tempos danados, Elvira!

Um beijinho :)

chica disse...

Estava com saudades! Sempre legal te ler e acompanhar! bjs, chica, linda semana!

rosa-branca disse...

Olá amiga Elvira, e aqui estou para ler a continuação da História do Manuel e família. Eram tempos difíceis aqueles. Gostei da história e vou esperar pela continuação. Beijos com carinho

Isa Sá disse...

Por aqui vou acompanho a história.
Aproveito para desejar uma óptima semana!

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Edum@nes disse...

Tempos difíceis que já lá vão. Uma guerra com três frentes, sem vitória para Portugal. E porque uma desgraça nunca vem só. Trouxe com ela uma exemplar descolonização?

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Tintinaine disse...

Bem vinda de volta ao convívio dos amigos blogueiros. Para nós que já vamos do meio para o fim, também a vida é uma rotina que, felizmente, não se compara à do Manel da Lenha.

Unknown disse...

Gostando muito, apesar dos infortúnios do Manel e da situação política e social.
Beijo*

Pedro Coimbra disse...

Quantas vidas ficaram para sempre marcadas por esses conflitos em África??
Até hoje...

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Foram muitas as vidas perdidas e marcadas por essa aberração que foi a guerra colonial.
Um belo texto minha amiga.
Um abraço e uma óptima Quarta-Feira.

Unknown disse...

Olá, Elvira!
A saga de Manuel lá seguia, entre trabalho e o acreditar - tantos filhos que a guerra levou, tal como hoje, ainda por esse mundo fora.
bjn amg

Gaja Maria disse...

Ainda bem que que regressou Elvira. E com esse regresso um pouco de tréguas em desgraças na vida de Manuel beijinho

Lua Singular disse...

Brilhante postagem
Beijos
Lua Singular

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Elvira!
Continuo firme aqui, a acompanhar!
Abração,
Mariangela

Silenciosamente ouvindo... disse...

Bom regresso amiga. Aqui estou acompanhando a sua história.
Desejando que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves

aluap disse...

O meu pai combateu na Guiné, andou por lá quase 26 meses!
Peço desculpa por trazer outra vez "à baila" o meu pai.

Laura Santos disse...

Muito bem salientado o receio da guerra colonial, que tantas vidas ceifou.
Bom regresso, Elvira.
xx

Elisa disse...

Querida Elvira, que saudades que eu tinha de aqui vir e de acompanhar o seu conto! Foram dias difíceis e estou a regressar aos poucos. Um grande beijinho para si.
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
AQUI, LENDO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Rosemildo Sales Furtado disse...

Como já falei anteriormente, DEUS é PAI na é padrasto. A situação do Manel está melhorando.

Obrigado pelas visitas e gentis comentários deixados nos nossos espaços.

Abraços,

Furtado.