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14.12.15

AMANHECER TARDIO - PARTE XVI


                                  
                                                  Foto minha


Foi até à muralha, e admirou mais uma vez o movimento na ria. Depois e antes de atravessar a avenida, fotografou o monumento aos pescadores aí colocado a meio da avenida. Era uma estátua composta por três peças em caracol, com uma pequena bola vermelha na peça do meio. Isabel esboçou um sorriso, ao lembrar quando chegou e perguntou a uma idosa local o significado do monumento.
-Dizem que é um monumento aos pescadores. Que são as ondas e uma bóia. Coisas de artista sabe? A mim parecem-me três fatias de torta com uma cereja.
Atravessou a avenida, e dirigiu-se a uma pastelaria. Pediu uma sandes e um sumo. Por fim bebeu um café, pagou e saiu. Dirigiu um último olhar para a Praça Gil Eanes e decidida dirigiu-se ao carro e iniciou a viagem de regresso.
Quase três horas depois, estacionava o carro na área de serviço de Palmela. Queria esticar as pernas, tomar um café.
Entrou no edifício e dirigiu-se à caixa para o pré pagamento do café. Havia uma fila de quatro pessoas e Isabel entrou nela. Na sua frente um homem alto de ombros largos e porte atlético. Bem moreno a julgar pela cor dos braços meio descobertos pela manga curta da camisa. Ocorreu-lhe um pensamento estranho. Como seria sentir-se presa nuns braços assim? Passou a mão pela testa, desorientada com os seus próprios pensamentos.
O homem pagou e afastou-se. Isabel tomou o seu lugar, pagou o café e aguardou que o outro empregado lho trouxesse, ali mesmo ao lado da caixa. Então pegou na chávena e dirigiu-se à ponta do balcão para o beber. Não lhe apetecia ir para uma mesa, estava farta de estar sentada.
De súbito sentiu uma estranha sensação. Era como se atrás dela, alguém lhe pedisse mentalmente para se voltar. Agitou-se. Levou de novo a chávena aos lábios, tentando esquecer mas aquela sensação continuava lá, queimando a sua nuca.
Pousou a chávena vazia sobre o balcão e muito lentamente voltou-se. Sentado numa mesa, bem na sua frente, olhando-a fixamente estava o homem que estivera na fila da caixa minutos antes.
Mas o que fez Isabel tremer da cabeça aos pés, foi reconhecer os profundos olhos cinzentos, que a atormentaram durante toda a noite.
A lembrança dessa noite, fez com que se ruborizasse e fugisse dali correndo, como se o diabo a perseguisse.



Termina aqui a primeira parte de Amanhecer Tardio. Veremos em 2016, o que vai acontecer com Isabel. Devo informar que Isabel está viúva quase há 20 anos. Vejo em vários comentários que pensam que o marido dela está vivo e vai aparecer a qualquer momento. Ele chamava-se Fernando. Não, Sebastião.
Lembro que o site Maria Capaz publicou ontem um dos meus contos. Se alguém tiver curiosidade é só clicar AQUI

19 comentários:

Olinda Melo disse...


Uma primeira parte que se despede deixando-nos ansiosos quanto ao prosseguimento do conto. Viúva há mais de 20 anos talvez esteja na hora
de refazer a sua vida e dedicar-se a um novo amor.

Um bom fim de semana, Elvira.

Bj

Olinda

Teresa Brum disse...

Fernando sofreu um acidente, pois não?
Lembro bem, estou a ler desde o começo e estou amando, não vejo a hora de retornar querida Elvira, beijinhos no coração e bom descanso e que seu natal seja abençoado amiga para vocês todos.

Anete disse...

Bom domingo, Elvira!
A história tá muito interessante. Aguardarei a continuação.
Beijos e muita paz!

Unknown disse...

Uma leitura agradável. Sensação estranha de estarmos a ser vigiados pelo olhar de alguem.

Edum@nes disse...

Será que esse homem de porte atlético, está seguinte os passos de Isabel? Se onde ela está ele também está, tudo indica que sim! Se calhar estão seguinte o mesmo caminho, para o jantar de despedida?

Tenha amiga Elvira, um bom dia de domingo, um abraço.
Eduardo.

Ana disse...

Viúva há tanto tempo... é preciso ter cuidado para não se meter em sarilhos. Parabéns pela publicação no mariacapaz!
Abraço e boa semana

Blog da Gigi disse...

Lindo domingo, Elvira!!!!!!! beijos

Vera Lúcia disse...


Olá Elvira,

Terminou esta primeira parte com chave de ouro.
Tudo indica que Isabel não demora a se despedir de sua viuvez, pois o amor já está lhe batendo à porta.

Ótimo domingo.

Beijo.

Laura Santos disse...

Outra vez os olhos cinzentos!...Se calhar esse homem também está a viajar para ir a esse jantar!... :-)
Já lá fui ler o conto, Elvira. Excelente!
xx

Andre Mansim disse...

Elvirinha, mais um belo capítulo. É difícil escrever sobre pensamentos da personagem e ao mesmo tempo descrever cenário e sensações, sem deixar o texto chato. VC conseguiu!
Tenha uma linda semana.

José Lopes disse...

Também eu continuo a aguardar a continuação...
Cumps

Rogério G.V. Pereira disse...

Vou-te lendo...
lento
mas sempre lendo

Pedro Coimbra disse...

Então voltaremos a acompanhar a Isabel em 2016
Boa semana

Blog da Gigi disse...

Ótimo dia!!!!!!!!!!! Beijos

Rosemildo Sales Furtado disse...

Oi Elvira! Continuo gostando e vou aguardar os futuros acontecimentos.

Abraços,

Furtado.

Estive lá no Maria Capaz e deixei um comentário.

lourdes disse...

Então está-se mesmo a ver que vai haver romance entre a Isabel e o dono dos olhos cinzentos....
Fico à espera de 2016 para saber o resto.
Bjs

Ane disse...

Oi Elvira!Certo,estando realmente morto o marido de Isabel,fico na torcida de um romance tórrido desta com o dono dos olhos cinzentos!Hum...Tá prometendo este conto! Boas festas!Beijos nas bochechas!

Portuguesinha disse...

Ai os pensamentos de Isabel!
Tão corriqueiros... por vezes pensa-se coisas assim. Sentem-se coisas assim e age-se assim! :D

Ana Freire disse...

Estou a adorar o desenvolvimento da história!!!
E a forma como conjuga a narrativa, com as suas imagens, está fantástica!!!
Gosto imenso!
Bj
Ana