Amiga, acabei de fazer um comentário que não entrou. Vamos ver se consigo refazê-lo.Primeiro, continuo a ler-te com muito interesse e, como já tive oportunidade de dizer-te, várias vezes, este e outros contos são verdadeiros documentos que só já não deram lugar a um livro porque a crise não deixa que assim aconteça. Esta zona industrial, e outras, foram o alvo preferencial dos algozes da PIDE. Aqui fizeram muitas vítimas e espero, mas desconfio que não, que o João, ao entrar na clandestinidade não seja preso e levado para as masmorras dessa polícia criminosa, carnificina, que deixou um rasto negro que jamais será esquecido. Referes, ainda que de forma indirecta, a guerra colonial, tão injusta quanto desnecessária, que nos levou mais de oito mil jovens, vinte mil desaparecidos e deixou muitos inválidos física e psicologicamente. O noivo ficou livre por ser amparo de mãe mas nem sempre assim aconteceu. Aqui bem perto de mim, a mesma sorte não teve um jovem, cuja mãe ficou sozinha e se não fossem os vizinhos teria morrido sem ter quem lhe desse uma mão, um beijo, uma sopa. Viúvas da política ficaram muitas assim como órfãos de pais vivos ou mortos pois deles nunca mais receberam notícias. Felizmente houve um 25 de Abril que nos devolveu a Liberdade e alguns tiveram oportunidade de os abraçar, beijar e viver com eles até ao fim dos seus dias. Que nunca esqueçamos estes momentos e estejamos bem alerta.
A pobre Rosa nasceu para sofrer, sem dúvida. Estive agora a ler todos os capítulos atrasados que não tinha lido, e é uma tristeza verificar (ou confirmar) as dificuldades por que ela passou (e tantas outras pessoas!!!). Enternece, por outro lado, ver a enorme solidariedade que existia entre os menos favorecidos.
No campo da política foram tempos muitos difíceis. Precisamente no Barreiro conheci um senhor (já faleceu) que era comunista e até casou quando estava preso (penso que a mulher estava grávida...). Sou muito amiga duma filha dele. Era uma pessoa óptima.
Fico aguardando a continuação, e... parabéns por mais esta história de vida.
... viúvas de maridos vivos. Sim, era assim a vida na clandestinidade. Não vou tecer grandes considerações sobre o que era a luta clandestina. Até porque quem vier aqui ler-te fica a saber, se é que ainda não sabe. Mas sublinho que estes textos são importantes para a geração que hoje tem 30 anos ou menos e que não acredita que foi assim...
É com “Palavras” que pintarei sonhos Navegarei mares, voarei sobre o azul do Mar Aqui virei com elas pintadas de ternura Aqui dexei um pouco do meu sonhar
As "estórias" de Isabel e Rosa são completamente diferentes mas eu e sigo-as com o mesmo interesse. A noite escura da PIDE foi uma nódoa que nem o tempo apagará. Beijinho Elvira
Foram tempos muito difíceis. Com o fascismo a mandar em tudo e todos, a guerra colonial, a PIDE, as prisões políticas, enfim, tempos temebrosos que abordas muito bem neste capítulo. Querida amiga Elvira, tem uma boa semana. Beijos.
Tempos terríveis que nem é bom sequer pensar, mas que devemos divulgar, pois temos atualmente jovens na nossa sociedade que nem sabem dizer o que isso era, nem o sofrimento por que passaram famílias inteiras! Continuo a seguir...
Rosa comove a todos nós. A cada narrativa, mais e mais ainda esse sentimento nos fica evidenciado nas situações descritas no texto. Elvira, é emocionante a narrativa que você nos trás a cada texto que aqui publica. Um beijo no seu coração.
Continua a falar-nos dos dias sofridos de muitos portugueses, personificados nas figuras da Rosa e do João - e a fazê-lo com a singularidade que começo a conhecer-lhe e a apreciar.
Uma realidade narrada brilhantemente: só quem viveu na pele pode dar o real valor. As viúvas com os maridos vivos o medo constante, a luta por um regime mais justo...aqui está isso tudo. O sacrifício de tantos (homens e mulheres) para conquistar aLiberdade! Hoje...muitos esqueceram isso... ( a memória é curta e a história tende a repetir-se: Oxalá, não!)
14 comentários:
Amiga, acabei de fazer um comentário que não entrou. Vamos ver se consigo refazê-lo.Primeiro, continuo a ler-te com muito interesse e, como já tive oportunidade de dizer-te, várias vezes, este e outros contos são verdadeiros documentos que só já não deram lugar a um livro porque a crise não deixa que assim aconteça.
Esta zona industrial, e outras, foram o alvo preferencial dos algozes da PIDE. Aqui fizeram muitas vítimas e espero, mas desconfio que não, que o João, ao entrar na clandestinidade não seja preso e levado para as masmorras dessa polícia criminosa, carnificina, que deixou um rasto negro que jamais será esquecido.
Referes, ainda que de forma indirecta, a guerra colonial, tão injusta quanto desnecessária, que nos levou mais de oito mil jovens, vinte mil desaparecidos e deixou muitos inválidos física e psicologicamente. O noivo ficou livre por ser amparo de mãe mas nem sempre assim aconteceu. Aqui bem perto de mim, a mesma sorte não teve um jovem, cuja mãe ficou sozinha e se não fossem os vizinhos teria morrido sem ter quem lhe desse uma mão, um beijo, uma sopa.
Viúvas da política ficaram muitas assim como órfãos de pais vivos ou mortos pois deles nunca mais receberam notícias. Felizmente houve um 25 de Abril que nos devolveu a Liberdade e alguns tiveram oportunidade de os abraçar, beijar e viver com eles até ao fim dos seus dias.
Que nunca esqueçamos estes momentos e estejamos bem alerta.
Beijinhos
Bem-hajas!
Algumas pessoas, como Rosa, parecem terem nascido fadadas ao sofrimento...
Beijos e um bom domingo para você também
A pobre Rosa nasceu para sofrer, sem dúvida.
Estive agora a ler todos os capítulos atrasados que não tinha lido, e é uma tristeza verificar (ou confirmar) as dificuldades por que ela passou (e tantas outras pessoas!!!). Enternece, por outro lado, ver a enorme solidariedade que existia entre os menos favorecidos.
No campo da política foram tempos muitos difíceis.
Precisamente no Barreiro conheci um senhor (já faleceu) que era comunista e até casou quando estava preso (penso que a mulher estava grávida...). Sou muito amiga duma filha dele. Era uma pessoa óptima.
Fico aguardando a continuação, e... parabéns por mais esta história de vida.
Um bom domingo. Abraço
Estou revivendo não uma situação própria, mas o drama de muitas pessoas que conheci.
Bom domingo.
... viúvas de maridos vivos.
Sim, era assim a vida na clandestinidade.
Não vou tecer grandes considerações sobre o que era a luta clandestina. Até porque quem vier aqui ler-te fica a saber, se é que ainda não sabe.
Mas sublinho que estes textos são importantes para a geração que hoje tem 30 anos ou menos e que não acredita que foi assim...
Um abraço, Elvira.
É com “Palavras” que pintarei sonhos
Navegarei mares, voarei sobre o azul do Mar
Aqui virei com elas pintadas de ternura
Aqui dexei um pouco do meu sonhar
Foi um gosto aqui passar
Terno beijo
As "estórias" de Isabel e Rosa são completamente diferentes mas eu e sigo-as com o mesmo interesse.
A noite escura da PIDE foi uma nódoa que nem o tempo apagará.
Beijinho Elvira
Foram tempos muito difíceis. Com o fascismo a mandar em tudo e todos, a guerra colonial, a PIDE, as prisões políticas, enfim, tempos temebrosos que abordas muito bem neste capítulo.
Querida amiga Elvira, tem uma boa semana.
Beijos.
Tempos muito difíceis e que, de alguma forma, me fazem lembrar os tempos da nossa infância.
Existiram muitas "Rosas" nesses tempos.
Tempos terríveis que nem é bom sequer pensar, mas que devemos divulgar, pois temos atualmente jovens na nossa sociedade que nem sabem dizer o que isso era, nem o sofrimento por que passaram famílias inteiras!
Continuo a seguir...
Rosa comove a todos nós. A cada narrativa, mais e mais ainda esse sentimento nos fica evidenciado nas situações descritas no texto. Elvira, é emocionante a narrativa que você nos trás a cada texto que aqui publica. Um beijo no seu coração.
Elvira
Continua a falar-nos dos dias sofridos de muitos portugueses, personificados nas figuras da Rosa e do João - e a fazê-lo com a singularidade que começo a conhecer-lhe e a apreciar.
Beijos
Passei para ler e dar desejar um Happy Halloween :)
Uma realidade narrada brilhantemente: só quem viveu na pele pode dar o real valor. As viúvas com os maridos vivos o medo constante, a luta por um regime mais justo...aqui está isso tudo. O sacrifício de tantos (homens e mulheres) para conquistar aLiberdade! Hoje...muitos esqueceram isso...
( a memória é curta e a história tende a repetir-se: Oxalá, não!)
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