O resto do dia de Natal passou correndo entre a ajuda à amiga, e as
brincadeiras com a afilhada. De vez em quando lembrava-se da quinta e pensava
como estaria Tiago a viver aquele dia tão simbólico para as famílias.
Continuaria isolado no quarto, ou estaria na sala ou na cozinha, convivendo com
a família?
Nos últimos dias, tinha-se estabelecido entre os dois, uma relação
doente-tratadora, bem mais agradável do que inicialmente, em que detetava no
doente uma agressividade latente, embora Anabela suspeitasse que era mais
contra a vida e o que lhe acontecera, do que contra ela. Todavia nos últimos
dias parecia menos revoltado e mais disposto a lutar pela sua cura.
Ela soube desde início de que havia alguma coisa por trás do seu desespero
e da sua vontade de desistir da vida, que não apenas ter perdido o andar.
Provavelmente o desgosto de ter sido abandonado pela noiva, a poucos meses do
casamento.
-Estás muito calada, amiga. Saudades do teu doutor?
-Não é o meu doutor, Paula. Nem são saudades. É um doente que eu queria ver
a interessar-se mais pela sua recuperação, e que temo não conseguir tratar com
êxito. Há qualquer coisa nele que ainda não consegui descobrir, que lhe tirou a
vontade de viver e de se esforçar pela sua reabilitação. Talvez seja o facto de
a noiva o ter abandonado na cama do hospital, a poucos meses do casamento.
Estavam os três sentados na sala. Patrícia já dormia há muito tempo, e
olhando o relógio, Anabela disse:
-Meu Deus, são quase onze horas e amanhã tenho de estar na quinta antes das
dez para a sessão matinal de fisioterapia. Vou levantar-me cedo, e como é
sábado e vocês não têm de trabalhar, é melhor eu despedir-me já.
Levantou-se e abraçou os amigos, depois disse emocionada:
-Obrigado, por me acolherem na vossa família como uma de vós, e por todo o
carinho e apoio que me têm dado. Bem Hajam!
Voltou costas sem esperar resposta, pois receava começar a chorar.
Muito cedo na manhã seguinte, levantou-se, tomou um duche rápido, limpou a
casa de banho e arrumou o quarto sempre procurando não fazer muito barulho para
não acordar o casal, ou a afilhada. Às sete, sem tomar o pequeno-almoço, que decidiu
tomar no caminho ou até na quinta, iniciou a viagem de regresso.
9 comentários:
Fuga ou pressa de chegar ao destino??
A nossa heroína já foi atingida pela seta do Cupido, ela é que ainda não sabe!
Espero que esses olhos estejam como novos, Elvira!
Aguardo, com alguma ansiedade, a hora do reencontro entre doente e enfermeira.
Um abraço, Elvira.
A saudades faz a pressa! Espero estejas melhor! Ótimo dia! beijos, chica
Boa noite, Elvira, tudo bem?
Estou curiosissima, para acompanhar a reviravolta que, acho, vem por aí, nesta história.
Abraço
Continuo a gostar deste seu romance.
Venham mais capítulos.
Um beijo, querida amiga Elvira.
Ontem não pude vir até cá, mas agora fico com as leituras em dia.
Outro grande abraço, Elvira!
Está linda a história.
E mais linda será a partir daqui...
Beijo.
Boa noite Elvira,
A história está no bom caminho.
Estou a adorar.
Beijinhos e saúde, desejando que se encontre melhor dos seus olhos
Ailime
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