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31.5.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XLIX

 


Quando Anabela entrou na sala de tratamento no dia seguinte, Tiago já se encontrava deitado de bruços na marquesa de tratamento.

-Bom dia! - saudou enquanto empurrava a cadeira de rodas para junto da parece, admirada que o Joaquim não o tivesse feito. Ela não podia saber que o doente tinha dispensado o empregado e ido sozinho para a sala de tratamento.

Bom dia, - respondeu Tiago, Levantando a cabeça e observando o suave balanço do traseiro feminino enquanto ela levava a cadeira para junto da parede. Porém quando ela puxou a pequena mesa onde estava o aparelho para o início do tratamento e se preparava para se voltar, ele baixou rápido a cabeça, voltando-a para o lado da janela.

Anabela colocou as lacas de TENS e ligou o aparelho dizendo como habitualmente que ele informasse, quando estivesse bom. Depois voltou costas e dirigiu-se à sua mesa, onde tomou notas na ficha do doente.

- Como foi o seu Natal? - perguntou Tiago

A jovem levantou a cabeça, com uma expressão de surpresa no rosto, não só porque não era habitual que o doente encetasse qualquer conversa com ela, mas pelo tom cordial da pergunta.

-Foi bom, obrigada, - respondeu.

Não retribuiu a pergunta. Fitou-o durante uns segundos e voltou a olhar a ficha do doente.

-Passou-o com a sua família? - insistiu ele

Desta vez Anabela pousou a ficha em cima da mesa, e aproximou-se da maca, perguntando:

- O doutor está bem?

-Porquê? – Por me ter interessado em saber se a minha terapeuta, passou bem o Natal? Penso que seja natural, afinal estamos em contacto diário há mais de três semanas.

Naquele momento o aparelho desligou-se e a jovem apressou-se a retirar as placas e a substituí-lo pelo aparelho de ultrassons, respondendo:

-Deve compreender o meu espanto. Afinal, salvo raríssimas exceções, durante todo esse tempo, o doutor, ou estava mudo, ou quando se via obrigado a falar o fazia de forma agreste, para não empregar uma palavra pior, além de ter deixado expresso mais de uma vez que queria que eu fosse embora.

-Penso que já lhe disse uma vez, que quando você veio, eu tinha chegado a um ponto de rotura com a vida, a ponto de só querer que me deixassem morrer em paz.

- E agora? Está pronto para aproveitar a vida, e lutar pela recuperação total? – perguntou enquanto terminava o tratamento e lhe cobria as costas com a toalha e empurrava a mesa com o aparelho para junto da parede, pensando no que teria acontecido de tão importante para que a atitude do doente mudasse de tal modo.

De seguida retirou do hidrocolector a placa de calor húmido que colocou nas costas do doente, não sem antes lhe colocar por baixo mais duas toalhas.

-Se aquecer demais avise. E sim, de certo modo, pode dizer-se que passei o Natal com a família, - disse enquanto se afastava de novo para a sua mesa, a fim de registar na ficha os tratamentos já efetuados.

 

6 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Amoleceu, o moço amoleceu.

Tintinaine disse...

A admirar o traseiro da enfermeira, hein!
Se não está curado vai a caminho disso!

chica disse...

A convivência se tornando agradável...Só vai melhorar!!!
beijos, tudo de bom,chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Excelente indicador de uma rápida melhoria do estado do doente :)

Um grande abraço, minha amiga!

Janita disse...

Siga o...tratamento!! Parece que os resultados sobre o paciente, já são bem notórios. :)

Um abraço, Elvira!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Devagar, devagarinho, temos doutor.
Ótimo que Tiago está a encarar a vida com outra atitude.
Beijinhos e saúde.
Ailime