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4.3.22

ARMADILHAS DO DESTINO - PARTE XX

 



- Não te preocupes pai. Confesso que antes de saber o que acabas de contar-me, passaram pela minha cabeça desejos de vingança. Afinal sou humano, sofri muito, e durante todos estes anos, agarrei-me à ideia de que ela era uma leviana, que nunca sentiu nada por mim e só se tinha divertido à minha custa. 
Mas tu pintaste-me um quadro em que a minha ideia não se enquadra. E isso leva-me a repensar tudo o resto. A por em causa o meu desejo de vingança. Preciso descobrir, onde está a verdade.
- Gostaria que vocês se entendessem. Estás quase com quarenta e dois anos. Já cumpriste os teus sonhos, já viveste e sofreste demais. Parece que ela também deve ter tido a sua conta de sofrimento. Se assim não fosse teria voltado a casar. É uma mulher bonita, educada, e deve ter um bom pé-de-meia, uma vez que o marido era um homem rico. Nem um nem outro são crianças. Quem sabe não estão predestinados um ao outro? Pensa nisso. Já está na hora de deixares de ser um solitário.
- Já falámos sobre isso, pai. Sempre fui orgulhoso. Nunca me exporia perante uma mulher.
- Nem mesmo perante a Luísa?
- Dela menos do que qualquer outra. Rejeitou-me quando era jovem, bonito e…inteiro.
- É melhor pagar e irmos embora. Quando falas assim, lamento que não tenhas menos trinta anos. Porque a minha vontade é dar-te um bom par de  açoites.
Pôs-se de pé. Estava zangado. Não suportava ouvir o filho falar assim. Nuno colocou o dinheiro em cima da mesa, para pagar os cafés e seguiu o pai. Sabia que ele estava zangado, mas não podia fazer nada contra isso. Era assim que ele sentia, e não ia contra os seus sentimentos para agradar a ninguém, nem mesmo ao pai, que ele admirava e amava.
Fizeram o percurso de volta em silêncio, cada um submerso nos seus pensamentos.
Meia hora mais tarde, Nuno despedia-se dos pais e regressava à sua casa. Pegou no jornal e tentou ler. Sem sucesso. Sentia-se nervoso com a ideia de ir jantar com Luísa. A vida era como um filme muito estranho. Quando se levantou nessa manhã, nunca pensou que ia encontrar a jovem, que por causa dela o seu pai se tinha aborrecido com ele, e que daqui a umas horas ia jantar com ela. Olhou o relógio. Dezassete horas. Não era a essa hora que começava o famoso dérbi Benfica –Sporting em futebol? Ligou a TV e sintonizou o canal. O locutor, anunciava a formação das equipas.
Foi à cozinha buscar uma cerveja, e sentou-se no sofá. Só ia buscar Luísa às vinte. Tinha tempo de sobra para ver o jogo.



11 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Agora se a equipa dele perde é que o gajo se passa de vez.
Bfds

Tintinaine disse...

Ver um Benfica-Sporting cura todas as doenças, é uma espécie de terapia de choque!!!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente capitulo.
Gostei.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Que durante o jogo ele se inspire para o encontro! beijos, lindo fds! chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Ele não faz a menor ideia dos horrores por que passou a pobre Luísa...

Forte abraço, amiga!

Janita disse...

Elvira.
Por força de motivos alheios à minha vontade estive fora destes enredos e agora, com todos os motivos conhecidos, não consigo arranjar presença de espírito para mais dramas. De modo que vou esperar até que novos e mais agradáveis ventos soprem por aqui. Entretanto, irei acompanhando outras publicações mais leves, que a Elvira nos traga. Desculpe!

Um abraço amigo.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Belíssimo capítulo!
Aguardemos o que o encontro entre os dois nos trará.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

lourdes disse...

Palpita-me que ainda não é neste encontro que tudo se vai esclarecer porque ainda vais inventar milhentas coisas para lhes complicares a vida, senão era tudo muito fácil.rsrsrs. Bjs

teresadias disse...

Seguindo... curiosa!!
Bjs.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Pesquisando ele encontrará a verdade. Quem procura acha;

Abraços,

Furtado

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Capítulo maravilhoso!
Abraços!