Cinco dias depois, na agência sem clientes à vista, Rita e
Lena conversavam.
- O Inácio está doido de alegria, e os meus pais nem se
fala. – dizia Rita passando a mão pela negra cabeleira.
--E tu não? – perguntou a amiga
-- Também estou feliz, claro que sim – disse sem muita
convicção
- Mas não pareces muito entusiasmada. Que se passa? -
perguntou Lena
- Depois de seis anos de tentativas infrutíferas, penso que
já me tinha mentalizado que nunca engravidaria. E agora que o consegui, o medo
não me deixa saborear a felicidade.
- Medo? De quê? – perguntou espantada, pois a amiga sempre
fora a imagem personificada de uma mulher forte, com nervos de aço.
- Faltam-me poucos meses para fazer quarenta anos. E sabes
o que se diz sobre ter o primeiro filho depois dos trinta e cinco.
- Por amor de Deus, Rita! Isso era antigamente. Hoje em
dia, as mulheres trabalham fora de casa, têm as suas carreiras e são mães cada vez
mais tarde. Por um lado, a ciência evoluiu muito, por outro o próprio corpo
humano vai-se adaptando às novas condições.
Nesse momento o seu telemóvel deu sinal de mensagem, E
Helena apressou-se a lê-la.
É da Matilde? - perguntou Rita.
-- É. Diz que chegaram bem, que já montaram as tendas, e
que vai ter de desligar, pois só podem ter os telemóveis ligados de manhã e à
noite.
-Pronto, já podes ficar calma. Há mais de seis anos que a
Matilde está nos escuteiros e vai acampar três ou quatro vezes por ano, e tu
ficas sempre nessa ansiedade. Nem sei porque a deixas ir.
- Penso que a vida nos escuteiros, é um aprendizado
importante para ela. Mas isso não impede que nos dois, três dias em que está
ausente, a preocupação e a saudade não tomem conta de mim. Quando fores mãe,
saberás o que sinto.
- Talvez tenhas razão. Bom mudando de assunto, como vamos fechar
a agência para a semana, vais passar a Páscoa à aldeia?
-Vou. Desde o Natal que não vejo os meus pais. Tenho muitas
saudades deles. O meu irmão também vai. Conheces-nos, sabes como somos uma
família unida. É verdade, sabes que a Sofia está outra vez grávida?
- O quê? – Mas o teu irmão não tinha dito que ficavam por
ali quando o Mário nasceu?
-Segundo o meu irmão me disse, a Sofia queria tentar de
novo a menina. E ele resolveu fazer—lhe a vontade. Espero que não venha outro
rapaz.
- Mas porque esperaram tantos anos? O Maurício daqui a
pouco já namora…
-Ainda só fez quinze anos! E o Mário fez há dias 12 doze.
Estou desejando de os rever.
-A tua cunhada é uma mulher corajosa. Eu acho que no lugar
dela não me atrevia a uma nova gravidez. Compreendo o desejo de uma menina, mas
que hipóteses tem de que isso aconteça? E se vem outro menino?
- Seja menina ou menino toda a família, vai acolher o bebé
com muito amor.
-Isso é certo. Mas ela vai passar um mau bocado. Não me
consigo imaginar a conviver diariamente com um bebé, noites sem dormir ou mal dormidas
e dias com um adolescente e um pré-adolescente. Dava em doida.
-A Sofia é uma mulher calma e paciente. Mas voltando à
Páscoa. E vocês? Passam—na com os teus pais ou com os pais do Inácio?
-Estamos a pensar ir também para a aldeia. Parece que o meu avô tem estado doente, e o
pai quer passar com ele algum tempo. E nós também não o vemos desde que ele
veio ao casamento há seis anos. Está velhinho e pode partir a qualquer altura.
Por isso vamos todos, incluindo os meus sogros.
- E não se esqueçam de ir visitar os meus pais. Para além
da amizade que liga os nossos pais, sabes que os meus te adoram, como se fosses
parte da nossa família.
- Claro que iremos. Eu também os adoro.
11 comentários:
E a vida rola...
Boa noite ou bom dia, Elvira
Quando é que posso ir visitar os meus pais???
Bfds
Oi, Elvira!!
Preciso me familiarizar com o início essa parte já antevejo que é uma história rica em personagens. Vou lá!!
Beijinhos!
Bom fim de semana, Elvira! Espero que os olhos tenham melhorado!
E cá vamos nós embaladas nesta calma leitura sem incidentes de maior à vista.
Assim, lhe corram hoje, a si, Elvira, as coisas no hospital.
Com tranquilidade!
Um abraço.
Por esta altura, creio que estará no hospital, amiga...
Que tudo corra à mil maravilhas! Se possível, melhor ainda do que o esperado.
Forte abraço!
Em primeiro lugar, espero que esteja a correr tudo bem consigo, Elvira. Quanto à história, os sobressaltos são calmos porque não falta amor,amizade, respeito...
Que bom.
Um abraço e muita saúde.
As amigas, hoje falaram das suas famílias. Enquanto o Gonçalo estará bailando no pensamento de Lena!
Bom fim de semana amiga Elvira, com saúde e alegria, Um abraço.
Um capítulo recheado de amenidades, sem nenhum sobressalto fora as preocupações das mães de primeira viagem ou a desejar.
Que tudo esteja bem contigo, Elvira
E bom final de semana ,amiga
Duas amigas numa amena cavaqueira...
Gostei!
Beijo Elvira, e bom fim-de-semana.
E a vida vai seguindo o seu ritmo, calma e sem incidentes.
Assim fosse a vida real, Elvira.
Grande abraço!
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