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30.11.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXV


Teresa dormiu mal, incomodada por uma dor nas costas que não a largava desde as dez horas da noite. Não que ultimamente não tivesse sempre dores, só o ter que estar deitada há quase dois meses lhe fazia dores no corpo, mas aquelas eram mais intensas. 

Será que estava com alguma infeção urinaria, interrogou-se? Tentou virar-se para o outro lado e gemeu levando à boca o lençol para evitar acordar a enfermeira. "Coitada" - pensou - também quase não dormira, ela levara a noite a chamá-la, a toda a hora aflita por uma premente vontade de urinar. Os últimos tempos não tinham sido nada fáceis, mas Graças a Deus, a gravidez estava quase no fim.

O mês de Fevereiro ia a meio e ela tinha a cesariana marcada para o dia um de Março, altura em que estaria com trinta e seis semanas.

 Para trás ficara o casamento do cunhado, a que não assistira, o Natal passado em casa, com os noivos, acabados de regressar da lua-de-mel, Olga, e a Inês e família. Nessa altura ela dera folga às enfermeiras, para que também elas tivessem o Natal com as suas famílias, e Olga fizera questão de dormir no seu quarto e cuidar dela com todo o carinho. Às vezes Teresa pensava, no que levara Olga a escolher uma vida solitária. Apesar dos quarenta e seis anos, tinha ainda um aspeto jovem, era bonita, inteligente e carinhosa.  

Voltou a sentir uma dor mais forte e desta vez não conseguir evitar o lamento que acordou a enfermeira. Gabriela levantou-se e aproximou-se da cama.

-Que se passa dona Teresa? - perguntou a ver o seu rosto pálido e crispado.

Teresa explicou-lhe e a enfermeira alarmou-se:

- Meu Deus devia ter-me dito logo ontem, - disse afastando a roupa para a observar precisamente no momento em que a bolsa amniótica se rompia e Teresa tinha a sensação de que acabava de fazer xixi na cama.  Gabriela endireitou-se e correu para o telemóvel dizendo:

- Os bebés não querem esperar mais tempo. Vou chamar a ambulância, e telefonar à doutora Laura.

Ao mesmo tempo que falava ao telemóvel, ela corria para o quarto de vestir onde pegou nas malas com as roupas dos bebés, para levar para o hospital e colocou-as em cima do sofá. Depois foi bater à porta do quarto do empresário gritando que tinha chegado a hora.

Correu à casa de banho, lavou-se e vestiu-se com toda a rapidez.

Depois ajudou Teresa a sentar-se na cama para trocar a camisa de dormir molhada e vestir-lhe o robe. Tinha acabado de o fazer quando João entrou no quarto já vestido, e os dois ajudaram Teresa a deslocar-se até ao sofá, porque a cama estava toda molhada. Ela  movia-se com muita dificuldade. Estava com  trinta e quatro semanas e além das dores, pesava mais vinte e cinco quilos. 

Já no sofá agarrou a mão do marido como se buscasse nele a coragem que lhe faltava.  

-Tenho tanto medo, João. E se eles ainda não estão capazes de sobreviverem? - disse com as lágrimas a deslizar pelo rosto pálido e suado.

Embora ele também estivesse apreensivo, disse:

-Não penses nisso, amor. A natureza é sábia. Se eles querem nascer é porque estão prontos para enfrentar o mundo. E depois a doutora Laura não te receitou aquele medicamento para acelerar o desenvolvimento dos pulmões e parte respiratória? Vai correr tudo bem, vais ver.

Naquele momento chegou a ambulância e os paramédicos apressaram-se a transportar a jovem depois de terem sido informados pela enfermeira do "rebentamento das águas" e de que se tratava de uma gravidez múltipla de trinta e quatro semanas.

Já na entrada do elevador, o empresário disse:

-A Gabriela pode ir para casa. Eu sigo com a Teresa para o hospital.

- Por favor dê-me notícias. Fico em cuidado, - respondeu a enfermeira.

17 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Um prematuro é complicado.
Três??
Boa semana

chica disse...

Acontecem imprevistos sempre.,Mas tudo dará certo pra nossos amigos personagens...Linda semana, beijos, chica

Tintinaine disse...

Chegou a hora e diz-se que a melhor hora é agora!
Uma boa semana (pandémica)!

teresa dias disse...

Elvira, por favor, mexa os cordelinhos para que tudo corra bem com os pequenitos...
Beijo, boa semana, cheia de saúde.

Teresa Isabel Silva disse...

Isto está a ficar muito intenso!
Quero ver o que vai acontecer!

Bjxxx
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Maria João Brito de Sousa disse...

Era de esperar, era de esperar...

Provavelmente vão nascer de parto natural e tudo :)

Forte abraço, Elvira!

rosa-branca disse...

Vai correr tudo bem. Agora fico em pulgas para o que vem a seguir. Amiga espero que esteja tudo bem consigo e seus entes queridos. Beijinhos 😘😘😘 com muito carinho

Edum@nes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Edum@nes disse...

Chegou a hora. De virem a este mundo ver como funciona. Que venham de boa saúde. Para alegria da mãe, do pai e dos parentes.

Boa Segunda-feira amiga Elvira. Um abraço.

João Santana Pinto disse...

Mais um dos momentos "altos", pleno de receios/medos/de grande intensidade que consegue passar para o leitor (que vai muito certamente ficar com a respiração em suspenso até ao seu próximo texto).

Elvira, um grande momento traduzido por palavras- O seu romance avança e este texto será muito certamente um dos momentos (muitos) que ficam.

Abraço e bom início de semana

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Vamos ter bebés!
Uma alegria e vai correr tudo bem.
Beijinhos,
Ailime

noname disse...

Agora, estou curiosa com o próximo episódio, depois deste tão emocionante :)

Boa tarde, Elvira

Janita disse...

Até eu sinto todo o corpo dorido só de ler, que fará a parturiente com três filhos para dar à luz.
Pela primeira vez respiro de alívio por este dia de intervalo até ao próximo episódio.
Sempre dá para descomprimir...

Boa noite, Elvira.

aluap disse...

Muito bom. O Advento é o tempo de "gestação" e o nascimento dos bébés vem em plena época natalícia onde a família é central.
Bom resto de feriado e um abraço.

lis disse...

Oi que bom Elvira
O parto vai acontecer e vamos ter os triplos nos braços do papai e mamãe, com tudo certinho sem sobressaltos, por favor rs
Esse conto houve já o suficiente para o casal agora deve ser só alegria e precisamos daquele finalzinho foram 'felizes... rs
Te aguardo, miguinha

Rosemildo Sales Furtado disse...

Com certeza , tudo correrá bem com a graça de DEUS. Aguardemos!

Abraços,

Furtado

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

O nascimento é sempre lindo e cheio de esperança, imagine de três crianças!!! É felicidade triplicada!
Abraços fraternos!