Entrou em casa e foi direta à cozinha, onde abriu o frigorífico, encheu um copo com leite e bebeu-o em pequenos sorvos por medo de enjoar.
Passou o copo por água e
meteu-o dentro da máquina de loiça já meio cheia, seguindo depois para o quarto.
Tirou o telemóvel da mala e colocou-o em cima da mesa de cabeceira, guardou a
mala e seguiu para a casa de banho, onde se despiu e entrou no duche.
Depois do banho, vestiu um
curto robe sobre o corpo nu, lavou os dentes, secou o cabelo e estendeu-se na cama mesmo por cima da colcha. Sentia-se muito cansada. Pelo calor e
pelas emoções experimentadas no almoço e depois em casa do empresário. Nunca
esperou que a levasse para casa, pensava que queria apenas mostrar-lhe a
empresa, nunca pensou que tivesse nela a sua casa. E que casa, santo Deus! O
homem devia ser realmente muito rico para ter semelhante casa. O que
estranhava, é que um homem jovem, bonito e rico, continuasse solteiro. E mais,
parecia que nem sequer tinha um compromisso, pois ela não acreditava que mulher
alguma deixasse o homem que amava livre para ir almoçar e passar a tarde com
outra mulher.
E com este pensamento adormeceu.
A sua intenção era descansar um pouco antes da hora do jantar, mas quando uma
urgente e imperiosa vontade de ir à casa de banho a acordou já passavam vinte
minutos das onze horas da noite.
Já na cozinha aqueceu uma taça
de sopa de legumes e comeu-a acompanhada com um copo de leite frio. Não era uma
refeição decente para uma grávida, sabia-o, mas a vontade que tinha era de
voltar para a cama, não de se por a cozinhar àquela hora. Depois de comer,
voltou à casa de banho, despiu o robe que pendurou atrás da porta, vestiu uma
curta camisa de dormir, lavou os dentes e foi para a cama. Antes de se deitar,
olhou o telemóvel e verificou que tinha duas chamadas e três mensagens da Inês,
preocupada com o seu silêncio e pedindo para lhe ligar, logo que visse as
mensagens. Como é que ela não tinha ouvido o toque das chamadas. De súbito
lembrou-se que tinha tirado o som do aparelho antes do almoço e esquecera de
voltar a ativá-lo quando o tirou da mala e o pôs em cima da mesa.
Olhou o relógio. Meia noite e cinco. Não eram horas de ligar a
ninguém. Telefonaria de manhã.
Voltou a pousar o aparelho
sobre a mesa de cabeceira, e deitou-se.
Mas talvez por causa das quase
seis horas que dormira antes o sono não veio logo. E quase sem dar por isso
estava a pensar no pai do seu filho.
Pensar no empresário, dessa
maneira, sugeria uma intimidade que não existia, e era muito estranho. Como o
era, o olhar de desejo que duas ou três vezes lhe surpreendera. Ela não era
como as mulheres com que decerto ele estaria habituado a sair. Era alta, tinha
um corpo bem proporcionado, vistoso, como diziam na sua aldeia, e um bonito
cabelo. Mas o seu rosto não era feio nem bonito. Era um rosto vulgar, embora
Inês levasse a vida a dizer que com um pouco de maquilhagem ela ficaria linda. Tinha que aprender a fazê-lo. E não era pelo
empresário, claro que não. É porque a gravidez a trazia mal-encarada. E com
esta convicção adormeceu.
10 comentários:
Ui, ui que a coisa está a mudar de rumo :-)
Boa noite, elvira
Não era pelo empresário.
Com a verdade me enganas.
Concordo com o Pedro.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Após um dia intenso de emoções e descobertas, o sono falhou...Está ótimo o conto! beijos, lindo dia!chica
Se não era pelo empresário,
pois, então seria por quem
este meu curto comentário
é que não incomoda ninguém!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira. Um abraço.
Humm que interessante está!:))
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São os filhos, o nosso bem maior
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Beijos, e um excelente dia
Lidos quatro capítulos de que muito gostei, eis-me a acompanhar o Ciladas da Vida em tempo real :)
Forte abraço, Elvira!
Dúvidas, e mais dúvidas...
Beijo
Retomando as leituras desta história linda!
Abraços fraternos!
Há uma caraterística nos seus contos e que gosto muito. As pessoas têm um patamar de evolução, não são sempre as mesmas, não permanecem igual e uma vez mais aqui temos uma personagem que está a crescer, até pela idade, mas também em função das bases que teve no seu caminho, pela avó pelo historial da mãe, pela tia e mesmo a faculdade não teve força suficiente para a facer "crescer" até pela má experiencia.
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