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18.5.20

ISABEL - PARTE IV


Santuário do Sameiro     

Imersa nas suas memórias, Isabel reviu o dia do seu casamento. Sentia-se a mulher mais feliz do mundo. Uma autentica princesa, envolta no longo vestido branco de renda e cetim, o rosto escondido sob o longo véu de tule, tudo confeccionado com muito amor e carinho pela sua mãe com a ajuda da madrinha. Isabel era filha única, nascera quando a mãe já passara os quarenta, e os pais casados há mais de vinte anos, já se tinham conformado com o facto de não terem descendência. Fora por isso uma menina muito amada, a quem os pais tentavam dar tudo o que podiam, às vezes até com sacrifício das suas próprias necessidades.
Mentalmente encontrou-se de novo na igreja enfeitada, ouviu o choro nervoso e emocionado da mãe, viu o brilho no olhar de Fernando, que a esperava junto ao altar enquanto ela avançava pelo braço do pai, e por fim o abraço emocionado dos pais, quando o sacerdote os declarou marido e mulher e os abençoou, dando por terminada a cerimónia que a uniu ao homem amado.
A partida para a lua-de-mel em Braga, as noites de louca paixão, os dias de descoberta, os passeios pela cidade, a ida ao Bom Jesus, em agradecimento pela felicidade partilhada, as fotos tiradas na Senhora do Sameiro, o regresso a casa, a volta do marido ao emprego, os primeiros dias como dona de casa, a sua decisão de arranjar um trabalho fora de casa, que lhe ocupasse não só parte do tempo morto que passava sozinha, mas que também desse para ajudar no orçamento, tudo passou pela sua memória como estivesse numa sala de cinema, vendo um filme.
A manhã ia avançando e embora o sol ainda não se tivesse feito presente, o dia estava agora muito melhor e a praia começava a encher-se de gente. Isabel olhou para trás e viu que estava já tão longe que a cidade, era já um ponto minúsculo ao longe. Resolveu voltar e deu meia volta percorrendo agora a praia no sentido inverso.
O telemóvel voltou a tocar e de novo era a sua assistente. Depois de uma breve conversa, desligou o aparelho e sentindo sede, lembrou-se que deixara a garrafa de água na bolsa. A poucos metros nas dunas avistou um pequeno restaurante e dirigiu-se para lá.
Depois de comprar uma garrafa de água e de saciar a sede, retomou o caminho de volta e embrenhou-se de novo no seu passado
Estava-se no mês de Agosto e Isabel preparava as coisas para uns dias de férias que iam passar a Albufeira. Ela não conhecia nada no Algarve, mas Fernando tinha lá uns tios que viam no sobrinho, o filho que nunca tiveram e estavam sempre a convidá-los para passarem as férias as férias em sua casa. Naquele ano tinham decidido aceitar a oferta.  Assim aquela Sexta-feira era o último dia de trabalho de Fernando antes das férias. No dia seguinte apanhariam o comboio da manhã rumo ao Algarve e por isso ela ia metendo na mala o necessário para aqueles quinze dias, enquanto aprontava o jantar.
Foi nessa altura que o telefone tocou. Pensou que seria o marido a avisar que chegaria mais tarde, e pensou que não dava jeito nenhum, fazer serão, justamente nesse dia.


17 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Porque é que fico com a sensação que as férias vão ficar estragadas??
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
O bem que tem estas historias é que quase sempre nos deixam em "pulgas".
Uma boa semana .

J R

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

De repente fiquei com a sensação de já ter lido isto antes!
Espero que se fique só pela sensação.

chica disse...

Mas que hora esse telefone resolveu tocar? Só pra nos deixar curiosos até o próximo...Vamos ver! beijos, chica,lindo dia!

Alexandra disse...

Nunca fui ao Santuário do Sameiro... mais um local para me perder :))

Que vem aí, Elvira?

Fico à espera...

Um abraço e boa semana! :)

noname disse...

Ai o caraças, o que virá aí...

Bom dia, Elvira

" R y k @ r d o " disse...

Ola:- Adivinham-se cenas fortes
-
Feliz início de semana
Proteja-se.

Cidália Ferreira disse...

O conto está a ficar interessante!
Já fui ao Sameiro em miuda. Imagino que agora seja tudo diferente!:)
-
Sentem-se famintos, pelo tempo que se alegra

Beijo, e uma excelente semana.

Janita disse...

Penso que a segunda chamada seja nas das suas recordações, ou seja, as recordações de Isabel, enquanto de férias no Algarve...sozinha; não confundir! :)

De qualquer maneira vamos lendo e percebendo. :)

Um abraço e boa semana.

Janita disse...

* Quis dizer: "a chamada das suas recordações"...
nas das, não faz sentido algum.
Peço desculpa, Elvira.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Queria mais...
Está a ficar muito interessante a história e desconfio que vai haver um problemazito...
Beijinhos,
Ailime

lis disse...

Quando estamos bem, é normal recordar os dias felizes.E passa sempre esse filmezinho.:))
Agora é saber o que o telefone trará? tristeza ou alegria?
só a Elvira sabe rs

abraço, amiga boa semana

aluap disse...

Acho que aqui a Isabel é viúva. É que veio-me à memória que o marido faleceu ou desapareceu, não tenho a certeza , porque esse homem com quem se cruzou no capítulo III ou é muito parecido com o marido ou o próprio!
Boa semana.

Edum@nes disse...

Voltarei, aqui, amnhã para saber se o telefonema foi uma boa ou má notícia em vespera de férias?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um interessante capítulo!!!
👏👏👏👏👏

João Santana Pinto disse...

Eu gosto de pormenores... E do presente, há um momento de viragem para um passado sem telemóveis, da mulher dona de casa, de momentos não assim tão distantes mas que nos parecem tão longínquos... O momento esteve perfeito e parece-me claro que os próximos textos vão revelar a grande sombra