Dizem que não é possível ter muitos amigos. Contudo, com o Natal a uma
semana de distância, ainda faltavam cinco pessoas da minha lista de presentes e
só tinha três dólares. Como dizer à nossa mãe, irmão e três amigas que só
podemos gastar sessenta cêntimos com cada um deles?
— Vamos estabelecer um limite de preço para as nossas prendas este ano —
sugeri à minha melhor amiga, Joanie.
— É uma boa ideia — concordou a Joanie. — Que tal nada acima de cinco
dólares?
— E que tal nada acima de sessenta cêntimos? — sugeri, sentindo-me a pessoa
mais avarenta do mundo.
— Aposto que é aqui que eu devo dizer que não é a prenda, mas sim a
intenção que conta — sorriu a Joanie, logo acrescentando:
— Mas depois não te queixes se só receberes uma barra de pastilha elástica!
É quase impossível comprar alguma coisa por menos de sessenta cêntimos,
portanto iriam ter mesmo que ser prendinhas muito pequenas com intenções muito
grandes. Nunca, na vida, tinha gasto tanto tempo ou esforço tentando arranjar a
prenda certa para a pessoa certa.
Finalmente o dia de Natal chegou, e eu continuava preocupada com o que as
pessoas iriam sentir ao receber as minhas prendas “baratuchas”.
Dei à minha mãe uma vela aromática com um cartãozinho que dizia, “És a luz
mais brilhante da minha vida.” Ela quase chorou ao ler o cartão.
Dei ao meu irmão uma régua de madeira, na qual tinha pintado, “Nenhum outro
irmão no mundo pode medir-se contigo.” Ele deu-me um pacote de açúcar onde
tinha escrito, “És doce.” Nunca antes me tinha dito algo semelhante.
Para a Joanie, pintei um velho par de sapatos de dourado e meti-lhes dentro
flores secas com um cartão que dizia, “Ninguém chega aos teus calcanhares.” Ela
deu-me uma pena e um penso para curativos. Explicou que eu estava sempre a
fazê-la rir até lhe doer a barriga, como se estivesse com um ataque de cócegas.
Quanto às minhas duas outras amigas, a uma dei um leque de papel e escrevi
nele, “Sou a fã número um do teu leque de amigos” e à outra dei uma calculadora
que custou um dólar. Na parte de trás da calculadora, pintei “Podes sempre
contar comigo.” Elas deram-me uma ferradura enferrujada para me dar sorte e um
molho de paus unidos por uma fita vermelha, porque “Os amigos mantêm-se
unidos.”
Não me lembro dos outros presentes que recebi no Natal passado, mas
lembro-me de cada um dos presentes “baratinhos”.
O meu irmão pensa que sou doce. A minha mãe sabe que é a pessoa mais
importante da minha vida. A Joanie pensa que sou divertida e faço-a rir. O que
é importante, porque o pai dela saiu de casa no ano passado e ela tem saudades
dele, e por vezes fica triste.
Estava preocupada por não ter dinheiro suficiente para os presentes de
Natal, mas dei prendas a cinco pessoas e ainda me tinham sobrado dez cêntimos.
Ainda agora falamos nas nossas prendas “baratinhas” e de como foi divertido
aparecer com presentes que custaram alguns cêntimos, mas diziam às pessoas o
que realmente sentíamos por elas. Na minha estante, ainda conservo o pacote de
açúcar, uma pena, uma ferradura e um molhinho de paus… e eles têm um valor incalculável.
Storm Stafford
13 comentários:
O valor sentimental.
Infinitamente superior ao comercial.
Abraço
Muito interessante este conto!!!
Bj
Eu estou aqui a tentar resolver um problema semelhante. Fiz um montinho de notas de 10 e 20 euros que somam a quantia redondinha de 1.000€. Tenho que reparti-los de modo que ninguém fique de fora e adivinho que não vai ser nada fácil.
A amizade e o amor não têm preço...
A presença vale mais do que a sua substituição por bens materiais. A presença o Ano todo, essa então, não tem preço...
Feliz Natal
Mais um belo conto de que gostei bastante.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
O que conta é o sentimento!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Saber valorizar significados...Lindo! bjs, chica
São estas "prendas" que deviam ter valor num mundo cada vez mais materialista.
Mas acho minha amiga, sem querer ser pessimista, que cada vez estamos mais distantes desta verdade.
Obrigada por estar sempre presente ( este sim é um presente de Natal :)
Desejo-lhe o mesmo que desejo para mim neste Natal e próximo ano.
beijinho grato
Fê
Adorável. O presente mais valioso é aquele oferecido com carinho.
Bjs.✍❤
Mais um belo texto, com uma bonita lição!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Mais um bonito conto! Este li-o em voz alta à minha criança de 11 anos, para a ajudar a reflectir que o mais importante são as palavras ditas ou escritas com o coração e não o valor que as coisas custam.Importante é o afecto que se tem com as pessoas e amigos/as. Ela adorou
-
Beijo e uma boa noite!
O valor sentimental num momento de reflexão a não perder, que gostei de ler.
Aproveito para desejar à minha querida amiga e família, um Feliz Natal e um Próspero ano Novo.
Tudo de bom, hoje e sempre.
Um conto com muito significado e que nos faz pensar muito no valor das coisas.
ABraço Elvira
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