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17.12.19

CONTOS DE NATAL - NÃO SOU AVARENTA ... ESTOU APENAS FALIDA




Dizem que não é possível ter muitos amigos. Contudo, com o Natal a uma semana de distância, ainda faltavam cinco pessoas da minha lista de presentes e só tinha três dólares. Como dizer à nossa mãe, irmão e três amigas que só podemos gastar sessenta cêntimos com cada um deles?


— Vamos estabelecer um limite de preço para as nossas prendas este ano — sugeri à minha melhor amiga, Joanie.
— É uma boa ideia — concordou a Joanie. — Que tal nada acima de cinco dólares?
— E que tal nada acima de sessenta cêntimos? — sugeri, sentindo-me a pessoa mais avarenta do mundo.
— Aposto que é aqui que eu devo dizer que não é a prenda, mas sim a intenção que conta — sorriu a Joanie, logo acrescentando:
— Mas depois não te queixes se só receberes uma barra de pastilha elástica!

É quase impossível comprar alguma coisa por menos de sessenta cêntimos, portanto iriam ter mesmo que ser prendinhas muito pequenas com intenções muito grandes. Nunca, na vida, tinha gasto tanto tempo ou esforço tentando arranjar a prenda certa para a pessoa certa.

Finalmente o dia de Natal chegou, e eu continuava preocupada com o que as pessoas iriam sentir ao receber as minhas prendas “baratuchas”.
Dei à minha mãe uma vela aromática com um cartãozinho que dizia, “És a luz mais brilhante da minha vida.” Ela quase chorou ao ler o cartão.

Dei ao meu irmão uma régua de madeira, na qual tinha pintado, “Nenhum outro irmão no mundo pode medir-se contigo.” Ele deu-me um pacote de açúcar onde tinha escrito, “És doce.” Nunca antes me tinha dito algo semelhante.

Para a Joanie, pintei um velho par de sapatos de dourado e meti-lhes dentro flores secas com um cartão que dizia, “Ninguém chega aos teus calcanhares.” Ela deu-me uma pena e um penso para curativos. Explicou que eu estava sempre a fazê-la rir até lhe doer a barriga, como se estivesse com um ataque de cócegas.
Quanto às minhas duas outras amigas, a uma dei um leque de papel e escrevi nele, “Sou a fã número um do teu leque de amigos” e à outra dei uma calculadora que custou um dólar. Na parte de trás da calculadora, pintei “Podes sempre contar comigo.” Elas deram-me uma ferradura enferrujada para me dar sorte e um molho de paus unidos por uma fita vermelha, porque “Os amigos mantêm-se unidos.”
Não me lembro dos outros presentes que recebi no Natal passado, mas lembro-me de cada um dos presentes “baratinhos”.

O meu irmão pensa que sou doce. A minha mãe sabe que é a pessoa mais importante da minha vida. A Joanie pensa que sou divertida e faço-a rir. O que é importante, porque o pai dela saiu de casa no ano passado e ela tem saudades dele, e por vezes fica triste.

Estava preocupada por não ter dinheiro suficiente para os presentes de Natal, mas dei prendas a cinco pessoas e ainda me tinham sobrado dez cêntimos. Ainda agora falamos nas nossas prendas “baratinhas” e de como foi divertido aparecer com presentes que custaram alguns cêntimos, mas diziam às pessoas o que realmente sentíamos por elas. Na minha estante, ainda conservo o pacote de açúcar, uma pena, uma ferradura e um molhinho de paus… e eles têm um valor incalculável.

Storm Stafford


13 comentários:

Pedro Coimbra disse...

O valor sentimental.
Infinitamente superior ao comercial.
Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Muito interessante este conto!!!
Bj

Tintinaine disse...

Eu estou aqui a tentar resolver um problema semelhante. Fiz um montinho de notas de 10 e 20 euros que somam a quantia redondinha de 1.000€. Tenho que reparti-los de modo que ninguém fique de fora e adivinho que não vai ser nada fácil.

João Santana Pinto disse...

A amizade e o amor não têm preço...

A presença vale mais do que a sua substituição por bens materiais. A presença o Ano todo, essa então, não tem preço...

Feliz Natal

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um belo conto de que gostei bastante.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Isa Sá disse...

O que conta é o sentimento!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

chica disse...

Saber valorizar significados...Lindo! bjs, chica

Fê blue bird disse...

São estas "prendas" que deviam ter valor num mundo cada vez mais materialista.
Mas acho minha amiga, sem querer ser pessimista, que cada vez estamos mais distantes desta verdade.
Obrigada por estar sempre presente ( este sim é um presente de Natal :)

Desejo-lhe o mesmo que desejo para mim neste Natal e próximo ano.

beijinho grato

Sandra May disse...

Adorável. O presente mais valioso é aquele oferecido com carinho.
Bjs.✍❤

Teresa Isabel Silva disse...

Mais um belo texto, com uma bonita lição!

Bjxxx
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Cidália Ferreira disse...

Mais um bonito conto! Este li-o em voz alta à minha criança de 11 anos, para a ajudar a reflectir que o mais importante são as palavras ditas ou escritas com o coração e não o valor que as coisas custam.Importante é o afecto que se tem com as pessoas e amigos/as. Ela adorou

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Beijo e uma boa noite!

AFlores disse...

O valor sentimental num momento de reflexão a não perder, que gostei de ler.
Aproveito para desejar à minha querida amiga e família, um Feliz Natal e um Próspero ano Novo.
Tudo de bom, hoje e sempre.

Gaja Maria disse...

Um conto com muito significado e que nos faz pensar muito no valor das coisas.
ABraço Elvira