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25.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XXXIX



Chovia intensamente. Como sempre que chovia, o trânsito na cidade ficava ainda mais caótico. De pé, junto à janela do seu escritório, Salvador, observava as poucas pessoas que passavam na rua, chapéus-de-chuva vergados à chuva e ao vento. Tinha acabado de elaborar um contrato social, para abertura de uma nova empresa. Depois de verificar se tinha inserido todas as cláusulas que os dois sócios tinham acordado na reunião que tinham tido, dois dias atrás, passou o documento para Raquel fotocopiar. 
Era sexta-feira, a sua semana de trabalho chegara ao fim. Finalmente um dia em que não precisara de ficar a trabalhar até mais tarde. Estava a chegar ao fim do mês, tinha que dar uma resposta a Santiago. E já tinha decidido. Ele sempre trabalhara sozinho. Nunca tivera um estagiário, que lhe ajudasse. Na sociedade iam tê-los. Ia ser melhor para ele. Também os próprios advogados da sociedade, podiam intercalar ajudas. Precisava com urgência de acalmar o ritmo de trabalho. Só precisava resolver com Santiago, a situação laboral de Raquel. Estava na firma, há quase trinta anos, sabia de olhos fechados tudo o que dizia respeito à sua profissão. Tinha que continuar como sua secretária, era uma mais-valia de que não podia abdicar.
Olhou o relógio. Quatro horas da tarde, mas o tempo escuro e chuvoso antecipara a noite que naqueles dias pequenos de aproximação ao inverno, já chega cedo. Pensou em Anete, e na distância que ela tinha que percorrer até casa. De súbito sentiu uma vontade enorme de a ver. Não tinha sabido nada dela em toda a semana. Mas sentira saudades. Algumas vezes chegou a pegar no telemóvel para lhe ligar. Acabou  desistindo. Não gostava de utilizar o telefone nos seus contactos pessoais. Ele gostava de falar com as pessoas cara-a-cara, observando as suas reações.
Podia ir buscá-la. Da clínica até à paragem do metro era um bom bocado. Com aquele tempo ficaria encharcada. A menos que tivesse levado o carro, mas ela dissera-lhe que não se atreveria a conduzir em Lisboa, pelo menos por enquanto. Estava decidido. Ia buscá-la e talvez ela quisesse jantar com ele. A noite estava desagradável, mas podiam jantar em casa. Conversar.
Ele gostava de falar com ela. Era uma boa ouvinte, coisa rara nas mulheres que conhecera nos últimos anos. Recolheu alguns documentos da secretária e meteu-os no cofre. Desligou o computador, vestiu o casaco, apagou a luz e saiu.
- Já acabaste, Raquel?
- Ainda não.
-Vou sair. Quando acabares fecha tudo e podes ir. Até segunda.
- Até segunda, Salvador. Bom fim-de-semana.
Conduziu com cuidado. Os carros rodavam numa marcha lenta no piso molhado. Em algumas ruas a água era tanta que não se via a estrada. Ainda assim conseguiu chegar à porta da clínica faltavam cinco minutos para a saída da jovem.
Pegou no telemóvel...

15 comentários:

Joaquim Rosario disse...

bom dia
um tempo de reflexão para ambas as partes faz sempre bem .
acho que vai ser desta vez que vai haver mais intimidade .
JAFR

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!



Isabel Sá
Brilhos da Moda

chica disse...

Talvez sejao início de um bom fds pra eles se entenderem e conversarem...beijos praianos, tudo de bom,chica

Tintinaine disse...

Vai ser um fim de semana de rachar!
Ou não?
A novelista é que sabe e se resolver deixar-nos a seco ... o remédio será esperar ... e com calma!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar esta história.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

António Querido disse...

O mau tempo e a boleia pode resultar numa boa noite!

O meu abraço.

Rui disse...

Leitura em dia, Elvira ! ... Tudo dentro da normalidade esperada ! :)
Vamos a ver o que dará mais um encontro entre ambos ! (?)

Abraço

No Reino do Infinito disse...

Elvira gosto tanto de contos, tenho de ler desde o início mas deixe-me dar-lhe os meus sinceros parabéns, pelo pouco que li, parece-me emocionante, empolgante e viciante, mesmo o meu género de leitura.

Infinitos obrigadas ;)

Os olhares da Gracinha! disse...

Um dia bem preenchido e a noite promete!?
Bj

Teresa Brum disse...

Esse final de semana será ótimo, com certeza.
Lindo dia para você Elvira.

Edum@nes disse...

Essa água sem vento à mistura, tanta falta está fazendo agora aqui em Portugal. Quanto às pressas que alguém antes tinha. Afinal haviam mais. Agora apelando à calma. Está muito bem assim, concordo porque são reacções espontâneas normais!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Gaja Maria disse...

Em pulgas para saber o resto :)

Rosemildo Sales Furtado disse...

Pode ser o início de um bom final de semana a dois. Quem sabe?

Abraços,

Furtado

Cantinho da Gaiata disse...

Só espero que com este tempo tão mau, que ela aceite a boleia e que a noite seja prometedores.
Vamos ver.
Fiz uma pausa, para depois ler uns capítulos de seguida, sabe tão bem.
Bjs e até já.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Acompanhando a história ansiosa pelos fatos vindouros que prometem muitas emoções!
Beijos!