O almoço, decorreu animado, como se todos se conhecessem há muito tempo e pertencessem à mesma família. A Salvador agradaram-lhe os pais de Anete, desse que os conhecera na semana anterior. E apesar de não se sentir muito confortável com a atitude vigilante dos irmãos dela, não os condenava. A jovem era muito bonita, e provavelmente, ele faria o mesmo se estivesse no lugar deles.
Ele não estava apaixonado por Anete.
Ou pelo menos pensava que não estava, embora sentisse um certo carinho por ela. Na verdade apenas uma vez na vida esteve
apaixonado, e isso já fora há tanto tempo, que às vezes pensava se realmente
amara mesmo Ana Clara, ou se não passou de uma ilusão que ele empolgou transformando
num amor platónico e impossível. Perguntava-se muitas vezes, se Raul não se
tivesse intrometido, ele teria mesmo chegado ao casamento.
Anete constituía um desafio para ele. Sabia
que era divorciada, mas isso não parecia afetá-la de alguma maneira. Mas seria
assim na realidade, ou essa era uma máscara que ela usava para não denunciar os
seus sentimentos? Tinha vinte e oito anos, e não tinha filhos. No entanto a
maneira carinhosa que usava no trato com os sobrinhos, revelavam um carácter tão
maternal, que parecia impossível não ter sido mãe, durante o casamento. Pensou vagamente que se
chegasse a sentir por uma mulher um amor tão grande, que o levasse ao
casamento, gostaria de ser pai. Às vezes enquanto brincava com os sobrinhos,
pensava como seria se fossem seus filhos. Engraçado pensar assim e nunca lhe
ocorrer associar Ana Clara às crianças.
Desejava conhecer melhor Anete.
Gostaria que fossem amigos, que saíssem. Sem compromisso.
- Ei, alguém viu se o Salvador
saiu? - A voz de Luís soou trocista.
- Hem.. . Dizias alguma coisa?
- Homem há meia hora, que te estou
a pedir se me passas o pão.
- Desculpa, estava distraído.
Toma.
- E essa distração tem nome? –
Interrogou Ricardo
- Deixem o Salvador em paz, -
irritou-se Anete.
- A vossa irmã tem razão, -
interveio o pai.- Não foi essa a educação que vos demos. Salvador é nosso
convidado, merece respeito.
Terminado o almoço, e depois da
loiça se encontrar já na máquina, os donos da casa, reuniram-se com as duas
irmãs, para conversarem, e verem as fotos prometidas. As crianças voltaram para
a brincadeira no quintal seguidas por Raul. Teresa andava às voltas na
cozinha, e Salvador, ficou na sala com Luís.
Durante um longo momento,
permaneceram em silêncio, como que estudando-se. Por fim Luís disse:
- A mãe disse que foste tu que
deslindaste esta história. Que fazes na vida?
- Sou advogado. Tenho um
escritório em Lisboa. E tu?
- Antropólogo. Trabalho na
biblioteca nacional. Como é que descobriste a Anete? Procurou-te?
- Não. Tu foste o culpado. Vi-a
na rua, e pensei que era a minha cunhada. Se estivesse sozinha não teria tomado
atenção. Mas estava contigo, numa atitude carinhosa, e deves saber o que pensei.
- Cálculo, mas eu não te vi. Procuraste-a
depois? Foste a casa dela?
- Sossega, nunca fui a casa da
tua irmã que me merece o maior respeito. Confia em mim, não lhe farei mal.
Amigos?
-Amigos, - disse Luís apertando
a mão que Salvador lhe estendia.
9 comentários:
Que irmão ciumento!
Gostando muito.
Tenha um belo dia Elvira, beijinhos.
boas
se calhar vai começar uma nova novela !!!
JAFR
Estive uns dias adoentado e pouco visitei a blogosfera. Por isso mesmo, li agora uns 4 ou 5 episódios ! :)
A estória continua óptima, agora com mais umas quantas personagens (e nomes) reunidos ! :)
Tem que se estar muito atento para saber quem é quem sem confusões ! :)
Muito bom, Elvira :)
Abraço
como sempre uma boa história! Abraço
A Roda do Destino está girando e trazendo capítulos emocionantes...
Aguardo boas surpresas p Anete... Ela é esperançosa e merece um romance verdadeiro...
Abraço e desejo que tudo esteja bem c vc e família...
É a novela vai correndo e nós desejosos de ver um romance pelo meio.
Um irmão bem ciumento, gostei.
Bjs e boa noite.
Tantas perguntas feitas a Salvador, pelo irmão de Anete. Deixa lá a rapariga. Ela já é crescida de certeza que também sabe tomar conta de si?
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Olá amiga, mais uma postagem que dá gosto de ler. É como um seriado, desejamos continuar lendo. Amei!
Abraços com desejos de uma noite de paz e um amanhecer feliz.
Continuo gostando, acompanhando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
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