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9.4.16

MANEL DA LENHA - PARTE XLV


Foto do Google


Curado da perna, Manuel volta ao trabalho, mais ou menos na altura em que o namorado da filha foi mobilizado para Angola. Partiu em Julho a bordo do Vera Cruz. Com a partida do rapaz, a filha voltou a viver com os tios em Lisboa, pois lhe facilitava a vida em descanso e em economia. A outra filha continuava a trabalhar em Lisboa, tinha um afilhado de guerra, mas não queria saber de namoros , e o Manuel achava que ela é que tinha juízo, pois era ainda muito nova para arranjar preocupações.  O filho continuava a trabalhar na serração, e o sobrinho alistara-se como voluntário na Marinha. António, o cunhado casou nesse Verão, e foi viver para a Baixa da Banheira, uma localidade próxima.
A mulher, está bem, e a vida melhorou substancialmente, mas o Manuel não pára. Continua a cavar, semear, sachar e regar a horta, (ele chamava-lhe quintal). Cai na cama morto de cansaço. 
Em Outubro regressam os navios e a vida volta a fervilhar na Seca. 
No último fim de semana de Novembro, uma noite de mau tempo, o Manuel ouve na rádio que chove torrencialmente em Lisboa. Inicialmente não se preocupou, caminhava-se para o Inverno era tempo de chuvas. Porém uma hora depois já as notícias eram preocupantes. Noticiavam-se grandes cheias. 
Manuel tinha a filha em casa da cunhada, cujo marido era guarda florestal em Monsanto, e viviam ali perto do estádio do Casa Pia, numa casa ao lado da fábrica de gelados Rajá.
Ali a zona não é baixa, em relação à Buraca e Benfica, mas a água que vinha de Montes Claros podia fazer estragos na casa dos cunhados. Ainda assim quando desligou o rádio e adormeceu não lhe passava pela cabeça a tragédia que se abateu sobre Lisboa e arredores, durante a noite e madrugada.
No dia seguinte a rádio e os jornais noticiavam já dezenas de mortos, numero que se foi elevando ao longo do dia até chegar às duas centenas.
Felizmente a cunhada telefonou logo de manhã para o escritório da Seca, assegurando que estavam todos bem.

15 comentários:

António Querido disse...

OLÁ BOM DIA!
Sem salutares bofetadas, tenhamos todos um ótimo fim de semana, em Angola a guerra continua, uma boa oportunidade para o joãozinho e os seus negócios lá continuarem, porque cá só se for a sua fundaçãozita que o safe, peço desculpa por este meu desabafo, que nada tem a ver com este tema dedicado ao Manel da lenha! BOM FIM DE SEMANA.

chica disse...

Acompanhando e gostando muito.,Lindo fds! bjs, chica

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a historia e desejar um bom fim de semana!

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Anete disse...

Um novo capítulo em que Manuel e a família estão bem, que coisa boa...
Prosseguindo a vida, os sonhos e as esperanças...

Bom sábado... Bj

Unknown disse...

Já pus a leitura em dia. Acompanho de perto.
Beijo e bom fim de semana*

aluap disse...

As cheias ficam sempre vivas na memória das populações fustigadas. Na minha terra ainda hoje os mais velhos falam da cheia de 8 de Setembro de 1938, da forte trovoada que se abateu no concelho e que desmonorou um lagar de azeite, moinhos e casas rurais.
A de Lisboa, em 26 de Novembro de 1967 merecia todos os anos referência na comunicação social.

Bom fim de semana.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estas cheias foram uma verdadeira tragédia, morreu muita gente.
Um abraço e bom fim de semana.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi amiga que bom estar correndo tudo bem na vida do Manuel e família!
Que assim seja!
Abração, bom fim de semana!
Mariangela

Tintinaine disse...

Nesse ano de 1967 estava eu sossegadinho da vida nas margens do Lago Niassa e não me lembro de ter ouvido falar nessa desgraça!

Edum@nes disse...

Ainda bem me lembro dessa medonha tempestade. Nessa data estava eu em Beja, lá também trovejou, ventou e choveu com fartura, mas, felizmente, não causou vitimas pessoais!

Tenha uma boa noite e um bom dia de domingo amiga Elvira, um abraço.
Eduardo.

Gaja Maria disse...

Que grande aflição.

Blog da Gigi disse...

Linda semana!!!!! Beijos

Odete Ferreira disse...

Desta tragédia já tenho memória. Uma tia ainda sofreu com ela.
Bjo, amiga

Laura Santos disse...

Uma vida sempre de muito trabalho e muita canseira!
Era muito pequena para me lembrar dessas cheias, uma verdadeira tragédia.
xx

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acredito que as catástrofes são os reclamos da Natureza pelas agressões que lhe são impostas. Continuo gostando.

Abraços,

Furtado.