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28.4.16

MANEL DA LENHA - PARTE LXI



Por esses dias chega carta da filha, que entretanto já chegara a Luanda. Diz que a cidade é muito grande, muito bonita, e que está a viver na Samba, numa casa pequena, com um quintal onde tem um mamoeiro. Ele não faz ideia do que é um mamoeiro. Diz também que já fez amizade com a vizinha, que está grávida, e que tem um filho pequeno que passa grande parte do tempo em sua casa. Nada que lhe admire. A filha é doida por crianças, e ele está admirado de que ainda não lhe tenham dado um neto.
Com as notícias da filha, ficam mais sossegados, e a Gravelina pára de chorar.
 O Verão desse ano foi mais agitado que nunca. No inicio de Julho chegam à Seca as duas máquinas de lavar bacalhau. Eram as modernizações de que se falava desde o início do ano. Também em Julho, Marcelo Caetano, recém chegado de Londres, anuncia que vai por um travão ao processo de liberalização, acabando com alguns sonhos que a Primavera Marcelista, fizera nascer.
Em Agosto, a filha informa que mudou de casa e de bairro. Vive agora num 4º andar, no Bairro de S. Paulo, mesmo em frente da Missão com o mesmo nome. Também diz que já está a trabalhar, na secretaria do Colégio Cristo-Rei, dos Irmãos Maristas. Descreve a cidade com tanto entusiasmo que o Manuel quase a vê, apesar da filha ainda só ter mandado duas fotos. Diz que vai ser madrinha do bebé que a ex-vizinha teve, mas não fala de filhos, e Manuel começa a estranhar, essa omissão, de alguém que gosta tanto de crianças. Afinal já estão casados há quatro anos. Na última carta, a mulher perguntou quando é que ia ser avó, mas na resposta só o silêncio.
Enquanto isso, a outra filha anunciou que tinha começado a namorar. O rapaz, até já tinha ido lá a casa falar com ele. Era natural de Lisboa, tinha regressado no início do ano de Timor, onde estivera em comissão militar, e trabalhava numa empresa, na mesma rua onde a filha trabalhava em Lisboa.

17 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar da história e vamos lá a ver como acaba o mistério da filha engravidar e dar netos.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

chica disse...

Curiosa acompanho e gosto a cada leitura! beijos, chica

José Lopes disse...

Os netos lá chegarão, desta ou da outra filha, o importante é que a vida corra como deve ser...
Cumps

Anete disse...

A história continua com grande emoção...
Agora o Manuel/esposa desejando ser avós...
Um grande abraço...

Blog da Gigi disse...

Abençoado dia!!!!!!!!!!! Beijos

Jaime Portela disse...

A primavera marcelista foi uma ilusão. Será que temos agora outra? Espero que não...
Fico à espera da razão do casal não ter filhos. Ou que, finalmente, ela fique grávida...
Continuação de boa semana, querida amiga Elvira.
Beijo.

Edum@nes disse...

Referente à cidade de Luanda, confirmo o que o li no texto. Era maravilhosa. Digo quando a conheci. Agora mais de 40 anos passados, não sei se será como era! Se enriqueceu ou empobreceu a sua beleza?

Boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Tintinaine disse...

Vou acompanhando a história, mas hoje estou pouco palavroso!

Pedro Coimbra disse...

A infertilidade dos casais, que já então se fazia sentir, tendo vindo a crescer enormemente.
Bfds

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

De qualquer forma Deus sempre dá um jeito pra quem quer filhos...
Vou aguardar!
Abraços, um bom dia!
Mariangela

Blog da Gigi disse...

Lindo final de semana!!!!!!!! Beijos

Isa Sá disse...

Passando por cá para acompanhar a história.

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Majo disse...

~~~
~ Elvira, li o seu excelente e emocionante conto
autobiográfico em duas etapas. Ontem, li Março e
Abril, repetindo alguns capítulos.

~ Este conto tem de ser publicado!
Com o título acrescentado como «a saga de uma família
que se fez na seca do bacalhau», não me parece que a
autarquia possa ficar indiferente. Afinal, faz parte da
história da localidade.

Se precisar de vender livros antecipadamente, para
fazer face a despesas, conte comigo.

Nunca desista dos seus sonhos.

Dias risonhos e felizes.

~~~ Abraço amigo. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Unknown disse...

O filho chegará. Vida que segue.
Beijo*

Lu Nogfer disse...

Uma história cada vez mais interessante.
Uma bela contísta como sempre!

Beijinhos

LopesCaBlog disse...

Muito interessante :)


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Dorli Ramos disse...

Oi Elvira, parece minha história. Eu não tinha filhos, casei-me com 19 anos e minha sogra queria um neto aí eu respondia: a senhora já tem 4. Só com inseminação artificial.
Eu nunca gostei de nada forçado, fui trabalhando fiz um lindo quartinho para bebê e dizia: um dia alguém vai me dar uma criança e com 35 anos apareceu o Cristovam, parecia um sapo de tão desnutrido que estava, deu trabalho, mas após três meses ficou lindo.Aos 37 meu marido morreu.
Beijos
Minicontista2