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7.3.16

MANEL DA LENHA - PARTE XXVII




No início de Abril, depois que a safra terminou, Manuel deitou mãos à obra, para construir um novo poço. Como o primeiro poço, estava mesmo ao pé da porta, e a água era um pouco salobra, ele resolveu procurar água num outro sítio, um pouco mais afastado. Começou por roçar um silvado, sob o qual acreditava, passar um veio de água doce. Os amigos não acreditavam que a menos de 30 metros do rio, a água, não fosse igualmente salobra. Porém a vara bifurcada dizia-lhe que ali havia água, e ele arriscou.
Fez dois moldes redondos de madeira, um com menos 8 cm de diâmetro que o outro. Untou com sebo o maior por dentro, e o mais pequeno por fora. Meteu um dentro do outro e encheu o espaço entre os dois com uma mistura de cimento água e areia. Depois que o cimento secou, tirou o molde e colocou o anel de cimento no sitio onde ia cavar. Tinha 1 metro de altura e metro e meio de diâmetro. Saltou para dentro desse anel, e começou a cavar e a encher baldes de terra, que a mulher e os cunhados se revezavam para despejar noutro local.
Manuel ia cavando, e a borda de cimento que formava o poço ia descendo acompanhando o buraco. Quando a parte de cima ficou ao nível do chão, Manuel parou de cavar e fez novo anel de cimento. Entretanto montou um tripé com uma roldana, e uma corda para puxar os baldes de terra. Pronto este anel, com a ajuda dos cunhados,  colocou-o em cima do primeiro, ligou-o com cimento, saltou para dentro do poço e recomeçou a cavar. Claro que este trabalho era feito à tarde, depois do dia de trabalho, e sobretudo ao fim de semana. Este processo foi repetido meticulosamente.A cada novo anel havia que aprofundar mais um metro o buraco. A 3 metros começou a aparecer água.  E era água doce. Fresca e leve. Mas ainda continuou a cavar mais dois metros.. Este último pedaço foi o mais difícil e trabalhoso, já que era necessário tirar não só a terra que ele ia cavando, mas também a água que ia enchendo o poço, para que pudesse continuar cavando. Foi montada uma nova roldana, e um dos  cunhados foi também para dentro do poço.  E ia escoando a água num balde para que o Manuel pudesse continuar a cavar e a encher outro balde com a terra. Lá em cima, a mulher e o irmão  iam esvaziando os baldes. 
 Por fim foi feito um novo anel de cimento para pôr à superfície de modo a ficar uma protecção alta, que foi tapada com uma grelha metálica, para evitar alguma tragédia com os miúdos. 
A meio de Maio, o poço estava finalmente pronto. Mas nessa altura Manuel deu-se conta que não podia semear os terrenos à volta e regá-los balde a balde. Então resolveu construir ao lado do poço um tanque grande. Ia servir para a rega, mas também para  a mulher lavar a roupa, e até para os catraios tomarem banho no Verão, depois do banho no rio.
Manuel dedicou-se de alma e coração, à construção do tanque em cimento, deixando-lhe na lateral junto ao fundo, um buraco redondo. Depois foi ao ferro velho e comprou um tubo largo de ferro, que colocou no dito buraco no tanque. Assim depois de encher o tanque, a balde, tirava a rolha do tubo e a rega ficava mais fácil, pois a água seguia pelos regos.



17 comentários:

Portuguesinha disse...

Está a começar a construir a sua casinha!
Mas uma coisa me preocupa: tendo ele pedido autorização para tudo o que até agora fez, presumo que também para o tanque, mas todo esse trabalho é em terras de outra pessoa. Um dia podem voltar a dizer-lhe para sair... E aí... apesar de ter de fazer o que faz para viver melhor, também é triste não ser dono do teto onde mora! E trabalhar em infraestruturas para as quais depois pode ter de dizer adeus...

Luis Eme disse...

Tanta arte e engenho...

Abraço Elvira

chica disse...

Manuel tratava de tudo arrumar para o melhor pra família... Trabalhador ele era! beijos, linda semana,chica

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Para mim continua a ser um mistério a procura de água com a vara bifurcada, mas o que é certo é que resulta.
Um abraço e boa semana.

Os olhares da Gracinha! disse...

Arte e engenho a do Manel...bj

Edum@nes disse...

Sem trabalho o pobre nada consegue,
trabalha para encher os bolsos do rico
quanto mais e mais transpira menos recebe
não sendo eu mentiroso, as verdades digo!

Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Elisa disse...

Boa semana Elvira
Muitos beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Esse Manuel... É muito inteligente!
Abraços, uma boa tarde!
Mariangela

Silenciosamente ouvindo... disse...

Pois quando há poucos meios é preciso arranjar soluções e o

Manuel está a encontrá-las.

Desejo que a amiga se encontre bem.

Bjs.
Irene Alves

Gaja Maria disse...

Acho que vai chegar a bonança de Manuel :)

Laura Santos disse...

E lá está o Manuel sempre a tentar melhorar a vida!
xx

Unknown disse...

Mesmo construindo uma casa que sabe não ser sua, Manel tenta melhorar de vida.
Gostei, como sempre.
Beijo*

LopesCaBlog disse...

Sempre a trabalhar :)

Blog LopesCa/Facebook 

Rosemildo Sales Furtado disse...

A porta foi fechada, mas as janelas estão sendo abertas. Continuo gostando e aguardando.

Abraços,

Furtado.

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Como as coisa mudaram.
Mas tudo que é feito com sacrifícios é melhor
Beijos
Lua Singular

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
LENDO
http://zilanicelia.blogspot.com.br/