No início de Abril, depois que a safra terminou, Manuel deitou mãos à obra, para construir um novo poço. Como o primeiro poço, estava mesmo ao pé da porta, e a água era um pouco salobra, ele resolveu procurar água num outro sítio, um pouco mais afastado. Começou por roçar um silvado, sob o qual acreditava, passar um veio de água doce. Os amigos não acreditavam que a menos de 30 metros do rio, a água, não fosse igualmente salobra. Porém a vara bifurcada dizia-lhe que ali havia água, e ele arriscou.
Fez dois moldes redondos de madeira, um com menos 8 cm de diâmetro que o outro. Untou com sebo o maior por dentro, e o mais pequeno por fora. Meteu um dentro do outro e encheu o espaço entre os dois com uma mistura de cimento água e areia. Depois que o cimento secou, tirou o molde e colocou o anel de cimento no sitio onde ia cavar. Tinha 1 metro de altura e metro e meio de diâmetro. Saltou para dentro desse anel, e começou a cavar e a encher baldes de terra, que a mulher e os cunhados se revezavam para despejar noutro local.
Manuel ia cavando, e a borda de cimento que formava o poço ia descendo acompanhando o buraco. Quando a parte de cima ficou ao nível do chão, Manuel parou de cavar e fez novo anel de cimento. Entretanto montou um tripé com uma roldana, e uma corda para puxar os baldes de terra. Pronto este anel, com a ajuda dos cunhados, colocou-o em cima do primeiro, ligou-o com cimento, saltou para dentro do poço e recomeçou a cavar. Claro que este trabalho era feito à tarde, depois do dia de trabalho, e sobretudo ao fim de semana. Este processo foi repetido meticulosamente.A cada novo anel havia que aprofundar mais um metro o buraco. A 3 metros começou a aparecer água. E era água doce. Fresca e leve. Mas ainda continuou a cavar mais dois metros.. Este último pedaço foi o mais difícil e trabalhoso, já que era necessário tirar não só a terra que ele ia cavando, mas também a água que ia enchendo o poço, para que pudesse continuar cavando. Foi montada uma nova roldana, e um dos cunhados foi também para dentro do poço. E ia escoando a água num balde para que o Manuel pudesse continuar a cavar e a encher outro balde com a terra. Lá em cima, a mulher e o irmão iam esvaziando os baldes.
Por fim foi feito um novo anel de cimento para pôr à superfície de modo a ficar uma protecção alta, que foi tapada com uma grelha metálica, para evitar alguma tragédia com os miúdos.
A meio de Maio, o poço estava finalmente
pronto. Mas nessa altura Manuel deu-se conta que não podia semear os terrenos à
volta e regá-los balde a balde. Então resolveu construir ao lado do poço um
tanque grande. Ia servir para a rega, mas também para a mulher lavar a roupa, e até para os catraios tomarem banho no Verão, depois do banho no rio.
Manuel dedicou-se de alma e coração, à construção do tanque em cimento, deixando-lhe na lateral junto ao fundo, um buraco redondo. Depois foi ao ferro velho e comprou um tubo largo de ferro, que colocou no dito buraco no tanque. Assim depois de encher o tanque, a balde, tirava a rolha do tubo e a rega ficava mais fácil, pois a água seguia pelos regos.
Manuel dedicou-se de alma e coração, à construção do tanque em cimento, deixando-lhe na lateral junto ao fundo, um buraco redondo. Depois foi ao ferro velho e comprou um tubo largo de ferro, que colocou no dito buraco no tanque. Assim depois de encher o tanque, a balde, tirava a rolha do tubo e a rega ficava mais fácil, pois a água seguia pelos regos.
17 comentários:
Está a começar a construir a sua casinha!
Mas uma coisa me preocupa: tendo ele pedido autorização para tudo o que até agora fez, presumo que também para o tanque, mas todo esse trabalho é em terras de outra pessoa. Um dia podem voltar a dizer-lhe para sair... E aí... apesar de ter de fazer o que faz para viver melhor, também é triste não ser dono do teto onde mora! E trabalhar em infraestruturas para as quais depois pode ter de dizer adeus...
Tanta arte e engenho...
Abraço Elvira
Manuel tratava de tudo arrumar para o melhor pra família... Trabalhador ele era! beijos, linda semana,chica
A passar para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Para mim continua a ser um mistério a procura de água com a vara bifurcada, mas o que é certo é que resulta.
Um abraço e boa semana.
Arte e engenho a do Manel...bj
Sem trabalho o pobre nada consegue,
trabalha para encher os bolsos do rico
quanto mais e mais transpira menos recebe
não sendo eu mentiroso, as verdades digo!
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Boa semana Elvira
Muitos beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt
Esse Manuel... É muito inteligente!
Abraços, uma boa tarde!
Mariangela
Pois quando há poucos meios é preciso arranjar soluções e o
Manuel está a encontrá-las.
Desejo que a amiga se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves
Acho que vai chegar a bonança de Manuel :)
E lá está o Manuel sempre a tentar melhorar a vida!
xx
Mesmo construindo uma casa que sabe não ser sua, Manel tenta melhorar de vida.
Gostei, como sempre.
Beijo*
Sempre a trabalhar :)
Blog LopesCa/Facebook
A porta foi fechada, mas as janelas estão sendo abertas. Continuo gostando e aguardando.
Abraços,
Furtado.
Oi Elvira,
Como as coisa mudaram.
Mas tudo que é feito com sacrifícios é melhor
Beijos
Lua Singular
OI ELVIRA!
LENDO
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
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