Antes da partida, sabendo que não teria dinheiro para alugar uma casa na cidade onde as rendas eram caríssimas, e viver até conseguir um emprego, procurou na Internet algum anúncio que lhe permitisse ter um local para viver sem gastar muito, enquanto procurava emprego e a agência não conseguia vender a casa.
Acabou por ter sorte ao encontrar um anúncio de um casal
idoso, que ofereciam um quarto, em troca de pequenos serviços como
acompanhá-los ao médico, ir ao supermercado fazer as compras, ir à farmácia
etc.
Telefonou para casa do casal, e depois de uns minutos de conversa,
combinou uma ida lá a casa, pois a senhora não se queria comprometer sem
conhecê-la pessoalmente e ter algum tipo de referência. Na aldeia toda a gente a conhecia, assim
Anabela falou com o padre, seu confessor desde criança e ele escreveu-lhe uma
carta de recomendação para o casal. Com ela na mão apanhou o comboio para a
cidade e dirigiu-se à casa, uma moradia nos arredores, onde teve uma longa
conversa com a senhora que ficou muito impressionada depois de ler a carta do
pároco e a aceitou.
Depois de combinarem todos os pormenores, voltou à terra
fez a mala, entregou as chaves de casa na agência, despediu-se do padre e de
duas jovens amigas com quem tinha frequentado a escola, primeiro na aldeia,
depois na vila até terminarem o secundário. Fora uma amizade de anos, mas
sempre souberam que em breve se separariam, mesmo que a “avó” Arminda não
tivesse falecido, pois Olga e Olívia iam para a Universidade em Coimbra para
continuarem os estudos e ela iria procurar um emprego na vila, que a tornasse
menos “pesada” para a idosa. Despediram-se, pois, prometendo manter contacto,
mas as três sabiam que as vidas diferentes que levariam daí para a frente,
fatalmente acabaria por as afastar.
Nos primeiros dias em casa do casal, Anabela tentou
conhecer as suas rotinas e suas necessidades de modo a organizar o tempo para
que pudesse dirigir-se ao Centro de Emprego e inscrever-se. Também soube que o
supermercado local, aceitava jovens para trabalhos temporários aos fins de
semana e assim foi lá e preencheu os impressos para se candidatar.
Durante dez meses Anabela dividiu o seu tempo entre
acompanhar o casal ao centro médico ou às compras e em fazer alguns trabalhos de
limpeza mais pesados, (que verdade seja dita, dona Ema, a idosa, gostava de ser
ela a cuidar da casa,) os trabalhos de fins de semana no supermercado, e os
cursos no Centro de Emprego. A casa na aldeia ainda não fora vendida e Anabela
acreditava que dificilmente o seria, ninguém queria ir viver para um sítio, onde
não haviam outros meios de sobrevivência, que o trabalho agrícola. Ela sabia que
a única hipótese de venda seria para algum emigrante, que terminada a sua vida
profissional quisesse voltar à terra onde nascera.
Se ela tivesse dinheiro suficiente, talvez investisse no
turismo rural. A casa era grande e de boa construção além do espaço enorme que
tinha nas traseiras que podia ser aproveitado para duas ou três cabanas
individuais. O clima era ótimo e a serra e o rio a poucos metros de distância,
proporcionavam bons e agradáveis passeios. Mas para isso era preciso muito
dinheiro que ela não tinha.
E com este pensamento finalmente adormeceu.
12 comentários:
Onde vai agora buscar o dinheiro para realizar o sonho?
Bom dia Elvira,
Passando para acompanhar esta tão bela história, com um enredo muito rico.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Lindo capítulo e o dinheiro quando falta sempre pode trancar a realização de sonhos ou dificultá-los.
beijos, lindo dia! chica
Vou pôr-me a adivinhar, a casa não vai ser vendida e ainda vamos assistir ao florescer de um novo negócio.
Bom dia (hoje sem chuva)!
Gostei deste capitulo.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Tenho andado doente e não tenho acompanhado nada. A ver se começo a por as coisas em dia.
.
Quando um gesto de carinho surpreende...
.
Beijos. Boa noite.
Cheguei agora e já estou a gostar... ver ler o que perdi!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Passei, já pus a leitura em dia
e agora venho desejar-lhe uma noite descansada.
Então e os Bancos? Anabela poderia pedir um empréstimo dando a casa como garantia, fazia as obras e aí estava ela, feita empresária no ramo do turismo rural.
Parece que a vida vai melhorar...
Um abraço, Elvira.
Tenha uma boa noite
A partir daqui quase tudo pode acontecer.
Aguardo com expectativa o desenrolar da história.
Continuação de boa semana, amiga Elvira.
Um beijo.
Anabela, mulher decidida que sabe o que quer.
Aplauso, Elvira.
Beijo.
Ela é forte, inteligente e vai conseguir o que deseja, mesmo à custa de sofrimentos, mas há de vencer!
Abraços afetuosos!
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