O sol já desaparecera no horizonte, e as luzes iam
iluminando a cidade, todavia era verão a noite estava quente e a praia que
durante o dia fervilhava de banhistas estava quase deserta.
No início do areal quase junto às dunas, encontrava-se
sentada uma mulher. Tinha as pernas abraçadas pelos tornozelos e os joelhos
dobrados. As costas inclinadas para a frente e o rosto escondido pelo cabelo,
apoiava-se nos joelhos.
Parecia perdida sabe-se lá em que pensamentos e nem se dava
conta dos pares de namorados que procuravam a solidão e também a pouca luz do
areal para trocarem carícias mais ou menos apaixonadas.
De súbito dois jovens solitários, pensando talvez que ela
podia ser a companhia feminina que lhes faltava para tornar a noite mais
divertida, sentaram-se junto dela e começaram a trocar gracejos sobre ela entre
si. Inicialmente ela não reagiu, pensando que eles em breve desistiriam e iriam
embora.
Porém, como tal não aconteceu, levantou-se, olhou-os com
dureza, voltou-lhes as costas e deixando-os a falar sozinhos, caminhou até à
passadeira de tábuas que atravessava as dunas, passou pelo restaurante, aquela
hora completamente cheio e dirigiu-se ao seu automóvel estacionado no largo
existente por trás do restaurante.
Entrou no veículo, pôs o motor a trabalhar, e arrancou em
direção à cidade, onde vivia temporariamente na casa que os compadres ali
tinham para passar férias e que Paula, a sua comadre e amiga lhe emprestara,
para que, longe da sua residência, se recompusesse da volta que a sua vida de
aparente felicidade dera.
Estacionou junto de casa, pensando na sorte que tinha, de que
o prédio de apartamentos estivesse situado fora das muralhas históricas, na
parte nova da cidade, onde podia estacionar junto à porta sem problemas. Na
baixa, as ruas estreitinhas, não permitiam estacionamentos e na maioria estavam
mesmo destinadas apenas à circulação de peões.
Entrou em casa, acendeu a luz e dirigiu-se para a casa de
banho, onde se despiu e meteu-se debaixo do duche.
Depois enrolou o corpo numa toalha, e dedicou alguns minutos
a secar o seu longo e belo cabelo negro.
Seco e escovado o cabelo, retirou a toalha do corpo húmido
e substituiu-a pelo fino robe de algodão que tinha pendurado atrás da porta.
Pegou a roupa suja que deixara no chão e dirigiu-se à
cozinha onde estava instalada a máquina de lavar roupa, e juntou-a a outras
peças que já aguardavam lá dentro, a lavagem.
Fechou a porta, colocou nos respetivos compartimentos o
detergente e o amaciador e depois de escolher o programa carregou no botão e em
seguida apagou a luz e saiu da cozinha.
12 comentários:
Belo inicio de conto. Vamos acompanhar novamente! Linda semana! beijos, chica
Mais um magnífico começo de um conto mas acho que será uma reedição? É que já li um tão parecido e se não for peço desculpa.
Beijos e um bom dia
Reedição ou não, fico muito contente por poder ler ou reler mais um conto seu, amiga!
Que 2023 lhe traga saúde, paz e muita inspiração!
Forte abraço!
Cheguei para desejar um 2023 cheio de felicidade, saúde, paz e muita leitura maravilhosa como esse conto que promete ser magnífico!
Abraços fraternos!
Olá Elvira, vamos lá iniciar o ano na companhia de mais um conto que, por certo, nos fará pensar.
Beijinho, Felix Ano Novo
Um conto que promete
.
Continuação de um ano feliz
.
Mais uma corrida, mais uma viagem!
A parte I foi curta, mas o tema promete!
Mais uma vez, Bom Ano Novo!
É este tipo de leitura que gosto. Mal posso esperar pelo próximo.
Desejos de um ótimo ano repleto de saúde, amor, paz e sucesso.
Um beijinho grande | docejoornadablog.blogspot.com
Querida Elvirinhamiga
Neste começo, o que posso desejar do 2023? Acima do mais a saúde, bem cujo valor essencial só se reconhece quando se perde – como é o meu caso. Depois de perdida, se for recuperada – mesmo que não o seja totalmente – há que agradecer (a quem não interessa) essa bebesse, conscientes que só assim se pode continuar a (sobre)viver a nossa vida dia-após-dia.
É, pois, nesse sentido, que hoje aqui venho desejar que o 2023 seja para ti e para os teus o melhor possível. É uma frase feita, bem o sei; mas é a melhor que sei fazer com verdade, honestidade, lealdade e uma pitada quiçá substancial de amor.
Beijos & queijos
Henrique
NB – Voltarei para comentar (com o…) o que escreveste…
Um dia aparentemente banal na vida de uma mulher solitária.
Este conto eu não vou perder, Elvira.
Venha romance, venha alegria e dor, afinal, a vida é composta destes sentimentos.
Um abraço e boa semana.
Não resisti a este início arrebatador e já decidi: vou acompanhar a história da misteriosa mulher de belo cabelo negro.
Beijo Elvira. Feliz 2023.
Boa tarde Elvira,
Desejo que esteja melhor dos seus olhos.
Depois de uma pausa estou a visitar os amigos e adorei o início desta bela e prometedora história.
Um beijinho e saúde!
Feliz 2023!
Ailime
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