Seguidores

15.9.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE XIX

 



Ele sentou-se na cama e ela sentou-se a seu lado.
-Viste a fotografia. Sou eu, não sou doutora? Não estou doido, pois não? – perguntou com voz rouca, as mãos a tremer.
- Claro que és tu. Há alguma coisa de muito estranho em tudo isto. Penso que devíamos telefonar imediatamente para o inspetor. Espera, vou buscar o telemóvel, eu tenho o número dele.
- Mas hoje? Decerto não vai atender!

Ela foi à cozinha, pegou um copo de água e o telemóvel e voltou ao quarto.
- Toma, bebe um pouco. Vai fazer-te bem.
Ligou o número e aguardou um pouco.
- Está desligado. Era de prever. Vou mandar mensagem. Vê-la-á quando o ligar.

“Inspetor- foi dizendo em voz alta, o que escrevia.- Lembra-se do sinistrado que socorri no início do mês, sem documentos, nem memória? Acabamos de descobrir que desapareceu na América. Por favor contate-nos com urgência. E se puder veja o telejornal de hoje. Helena”

-Já está. Sentes-te melhor? A notícia não te fez recordar nada?
- Não. Contínuo vazio, de tudo o que me aconteceu até acordar no hospital.
-E no entanto quando quis inventar-te um nome, disseste imediatamente Fernando. E sonhaste com um concerto, e um pianista sem rosto. Agora sabemos que esse pianista, és tu. Tenta acalmar-te, desfruta da noite, logo ou amanhã, procuramos na internet, pelo teu nome. Pode ser que haja alguma coisa.

Pôs-se de pé e deu-lhe a mão. Ele levantou-se. Ficaram os dois muito perto um do outro, tão perto que teria sido muito fácil ceder ao impulso de a abraçar e beijar, e talvez fosse o que ela desejava, mas a verdade é que ele estava por demais concentrado na sua situação, para se aperceber disso. Ela encaminhou-se para a sala, e ele limitou-se a segui-la.

-Está melhor? - perguntou o dono da casa, quando reentraram na sala.
-Sim já melhorou, obrigado. Mas não me levem a mal, não me apetece comer. Talvez mais logo.
- Queres que te dê um beijinho para ficares bom? A mamã costuma dar-me e a dor passa, - disse o menino aproximando-se dele, e provocando um sorriso nos adultos.

12 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A doçura das crianças.
Uma ingenuidade que o tempo apaga.

Isa Sá disse...

a passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

A história vai dando nós nos fios soltos e tudo começa a fazer sentido. E o romance anda no ar!
E as férias, Elvira? Têm sido bem regadas com esta chuva antecipada do Outono que é boa para lavar as feridas dos incêndios do verão?

chica disse...

Lindo e doce capítulo! beijos, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um belo capitulo.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Janita disse...

Não há maleita que o amor não cure...O Fernando vai ficar bem e todos serão felizes.
Continuação de felizes, dias por aí, Elvira.
Um abraço.

Janita disse...

A vírgula não era para ficar em 'felizes' e sim em 'dias'... 😂

noname disse...

Vamos aguardar para ver o que isto vai dar.

Bom dia, Elvira, cuidem-se

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Estou a gostar imenso do modo como está a conduzir a história.
Continuação de boas férias.
Beijinhos,
Ailime

Cidália Ferreira disse...

Muito bom. Adorei :))
-
Beijo, e uma boa tarde 🌹💖

teresadias disse...

Capitulo a capitulo vou «saboreando» mais uma bela e cativante história.
Bjs

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Capítulo lindo com a pureza da criança, amei!
Abraços fraternos!