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1.9.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE XIII



Jantaram na cozinha. Helena, ia pôr a mesa na sala, mas Fernando pediu para o fazerem ali, e ela acedeu. Afinal tinha-lhe dito que era ali  que sempre o fazia com o filho, insistir em comer na sala, seria tratá-lo como uma visita, e ela queria que ele se sentisse o mais possível integrado na família. Pensava que isso poderia contribuir, para que a memória voltasse. 

O menino comeu apenas duas ou três colheres de sopa, dizendo que estava muito cheio, e a mãe não insistiu, não sabia o que tinha comido na festa, e não queria que ele ficasse mal disposto. Então saiu da mesa, foi buscar um carrinho e sentou-se no chão a brincar. Eles comeram em silêncio, cada um imerso nos seus pensamentos. 

Terminada a refeição, e enquanto ela fazia os cafés ele levantou a loiça da mesa, passou os pratos por água e meteu-os na máquina. coisa que fez com grande à-vontade, o que levou Helena a pensar que devia estar habituado a fazê-lo. “Provavelmente, é casado, está habituado a partilhar as tarefas com a esposa, ou pelo menos com a namorada” pensou e sem saber porquê sentiu que o coração se entristecera com aquele pensamento. 

Por outro lado, se ele fosse casado, a esposa não participaria o desaparecimento dele? Se  fosse seu marido ela revolveria céus e terras para o encontrar. Sentiu que corava, com aqueles pensamentos. Debruçou-se para levantar o filho do chão.

- Vamos filho, são horas de ir para a cama.
- O “tio” Fernando podia ler-me a história hoje? – perguntou a criança.
- Se a tua mãe deixar.
- Deixas, não deixas, mamã?
- Está bem. Mas primeiro temos que ir lavar os dentes.

O menino seguiu para a casa de banho com os dois adultos atrás.
Pouco depois, já deitado, a mãe aconchegou-lhe a roupa. Fernando abriu o livro que estava em cima da mesa-de-cabeceira e começou a ler a história de Pedro e o Lobo. Não tardou que a criança adormecesse, e depois de um beijo de boas noites, saíram fechando a porta e dirigiram-se para a sala.

- Estou espantada com o Diogo. Regra geral é tímido com os desconhecidos. A própria educadora, se queixa disso. E contigo, foi como se te conhecesse desde sempre.
-Fico contente que tenha gostado de mim. Talvez sinta a falta de uma figura paterna. O pai não vem vê-lo?
- Não.
- Morreu? Desculpa, não tens que responder, se isso te aborrece.
- Não. Desde muito nova sempre tive o sonho de ser médica e para se entrar na faculdade de medicina são precisas boas notas. Depois de terminar o curso fiz especialização em cirurgia enquanto estagiava num hospital. Completamente entregue aos estudos, não tinha tempo para namoros. 

Resumindo era muito inexperiente, quando conheci o pai dele. Deslumbrada, apaixonei-me loucamente,  mas para ele era apenas mais uma aventura. Já tínhamos acabado quando soube que estava grávida, e entendi que um filho não mudaria nada dos seus sentimentos por mim, nem acabaria com a minha desilusão. Não lhe contei Tinha a certeza de que se o fizesse, ele quereria que eu abortasse.  Bom, estou cansada. Vou-me deitar. Boa noite.
- Boa noite, doutora! Dorme bem!



Atenção, o capítulo de Sexta-feira, sairá amanhã, porque Sexta vai ser dia de festa por aqui.


14 comentários:

Emília Pinto disse...

Que bom, Elvira! Além da festa, vamos poder ler o próximo capitulo mais cedo. Estou curiosa !!!! Que festa será? Boa noite, Amiga e SAÚDE para todos. Um beijinho
Emilia

noname disse...

Curios+issima, é como estou :)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Hoje é festa do meu cantinho.
Doze anos!

Beatriz Pin disse...

Querida Elvira, passo a saudala e ler o capítulo da sua historia do que gostei e intuí que vai ser uma outra boa historia.
Obrigada pelo seu comentario. Sempre é um prazer recibi-la no meu cantinho.
Feliz mes de setembro.
Beijs tu

Tintinaine disse...

O amor anda no ar!
O Cupido anda por perto a preparar o arco e a flecha. Aposto que vai acertar no alvo!

Maria Dolores Garrido disse...

Bom dia, Elvira
O menino ficar cheio com pouco alimento fez-me lembrar a minha neta!
O momento de leitura e ternura do deitar é sempre bonito e, neste caso, pode ser um bom prenúncio.
Um beijinho e um dia também prometedor.

chica disse...

Lindo capítulo e vamos esperando...Que SETEMBRO seja lindo! beijos, tudo de bom,chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um belo capitulo e fiquei contente de saber que fui o 54.000 comentário a entrar no blog da minha amiga.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Cidália Ferreira disse...

Gostei do episodio. Espero pelo de amanhã :))
--
Tens a doçura que ninguém domina
.
Beijo, e um excelente dia.

Alexandra disse...

Passei para deixar um abraço :)

Terei que voltar atrás para ler o que já escreveu.

Um abraço sentido, Elvira.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Fernando não poderia estar melhor integrado naquela família.
Vamos ver que supressas nos estarão reservadas.
Beijinhos e ótimo setembro.
Ailime

Janita disse...

Gosto da atmosfera de cariz familiar que se está a desenvolver entre os três. Em muita famílias formadas há muitos anos, não há esse clima de cumplicidade e harmonia que aqui é descrito.Muito bonito isso.
Cá estarei para ler o próximo capítulo.

Um abraço e bom Setembro. :)

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Outro capítulo muito legal!
Abraços!

teresadias disse...

Belo capítulo!
Voltarei para saber mais.
Beijo.