A doutora Sandra, a colega com quem fizera amizade, naquelas três semanas, não estava, mas a enfermeira apresentou-lhe o doutor João, que fazia parte da equipa e que era quem naquele dia estava de serviço.
Ele informou-a, que do ponto de vista físico, o paciente estava curado, mas que continuava sem memória.
A polícia já tinha sido informada da sua alta naquele dia, e ela teria que assinar um termo de responsabilidade, e deixar a morada, a fim de ser contactada se houvesse alguma evolução nas investigações.
Ele também já fora visitado pelo psiquiatra, que pensava talvez pudesse ajudar através da hipnoterapia. Mas o doente resistira à hipnose, e o clínico não pudera por em prática a sua teoria, já que como é sabido, em caso de rejeição do subconsciente é impossível conseguir obter o estado hipnótico.
Terminada a conversa, e assinado o documento, despediu-se do médico e dirigiu-se à sala onde o homem se encontrava.
Ele estava sentado na cadeira, junto da cama. Devia rondar o metro e noventa, era bem constituído, tinha o cabelo negro húmido, como alguém que acabara de tomar banho, a barba escanhoada, e vestia umas calças de ganga pretas, e uma suéter vermelha.
Ela que só o vira de noite, deitado na estrada, em hora de aflição, e depois nas visitas sempre deitado, não se tinha apercebido da figura imponente do homem, que se levantou e esboçou um sorriso, quando a viu entrar.
Sentiu que o seu coração disparava, enquanto a cabeça a avisava, de que se estava a meter, numa camisa-de-onze-varas, como costumava dizer a sua mãe.
-Boa tarde,- saudou estendendo-lhe a mão que ele apertou com calor. Pronto para a vida lá fora?
-Boa tarde, doutora. Disseram-me que tinha alta, e que a senhora me vinha buscar. Porquê? Estou tão mal que tenha que ser vigiado?- perguntou com ansiedade.
-De modo nenhum. Apenas faltam poucos dias para o Natal, e como sei que não se lembra de onde mora, pensei convidá-lo a passar o Natal connosco. Apenas isso, mas se não o deseja, vou-me já embora.
- Nada disso doutora. Não me leve a mal. Toda esta situação, é tão nova para mim.
- Então, vamos? Deixei o meu filho numa festinha de anos em casa duns vizinhos, e não me posso demorar. Pelo caminho podemos conversar.
Ele apanhou o casaco, das costas da cadeira, e disse enquanto o vestia.
-A doutora manda.
10 comentários:
Uma temeridade mas, quem já não investiu na confiança que se deposita no ser humano.
Boa noite, Elvira
Bom fim de noite Elvira.
A historia já imaginamos onde vai dar, mas o escritor sempre tem uma saída para as situações.
Vamos na curiosidade amiga.
Carinhoso abraço e feliz semana com os cuidados.
O nome não importa, os cabelos dizem tudo.
Não era assim a publicidade?
Boa semana
E quem manda, pode, lá diz o ditado!
Boa semana e sem tantas arrelias como a última!
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Boa tarde Elvira,
Helena é muito corajosa e quem sabe não estará ali o amor da sua vida!
Temos que ir aguardando, ainda é cedo para saber o desfecho.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Já me inteirei do ponto da situação e cá estarei na 4ª feira para saber como decorreu a viagem. Quem sabe se, ao passar pelo local onde foi encontrado inconsciente, não se ilumine uma luz no fundo do túnel da memória do 'homão'...Elvira, 1m90 de altura é obra... ��
Um abraço, boa semana.
Estou a gostar de acompanhar!
Espero que a tensão esteja melhor!
Bjxxx
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Situação de extrema coragem da doutora o que torna a história bem atraente e cheias de emoções.
Abraços!
Curiosa, estou muito curiosa...
Bjs
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