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6.8.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE III




Depois de hora e meia retida na estrada, Helena estava de novo a caminho da capital. Já era tarde e ficara  indecisa, se devia  ou não entrar na autoestrada, pois a viagem seria mais rápida. Porém chegaria sempre tarde, e como era  hora do jantar, decidiu continuar pela estrada nacional, e parar onde encontrasse um restaurante, junto à estrada, a fim de jantarem, coisa que viria a fazer, dois quilómetros mais à frente.
Depois do jantar, voltou à estrada, não sem antes verificar se o filho sentado atrás na sua cadeira tinha o cinto devidamente colocado.
Apesar de se estar nos primeiros dias de Dezembro, a noite estava estrelada, e fria. Estranhando o silêncio do menino , lançou-lhe um rápido olhar e verificou que tinha adormecido. Baixou um pouco o som do rádio e concentrou-se na condução. Não gostava de o fazer de noite, mas os dias naquela altura eram tão pequenos. Felizmente já não faltavam muito para chegar a casa. Devia estar a uns dez, doze quilómetros de Lisboa, encontrava-se numa longa reta, e há quase vinte minutos que não passava um carro por ela.
De súbito, avistou qualquer coisa na berma da estrada, lá mais  à frente, e pensando nalgum animal que de repente poderia atravessar a estrada, reduziu a velocidade. Porém à medida que se aproximava  verificou  que se tratava de um corpo humano. Mau, um corpo humano deitado na berma da estrada, naquele local solitário, sem nenhum carro ou velocípede  à vista, podia ser uma armadilha. Como médica estava habituada a tomar decisões em fracções de segundos. A estrada estava aparentemente deserta, mas as três árvores e o  tufo de vegetação imediatamente antes do corpo,  podiam esconder alguns meliantes. 
Embora a sua razão lhe gritasse que seria perigoso parar, e lhe aconselhasse prudência, o seu instinto também lhe dizia que podia ser alguém gravemente ferido, e ela era acima de tudo, médica.  Lançou um olhar inquieto ao filho que continuava adormecido e travou um pouco antes de chegar junto ao vulto. Vestiu o colete reflector, e saiu do carro. A medo perscrutou os arredores. Não se via nada, estava tudo silencioso. Receosa abriu a porta traseira e pegou no filho adormecido ao colo, pensando, que podia ser um assalto para lhe roubarem o carro, e não podia correr o risco de o levarem com o filho lá dentro. Devagar aproximou-se do vulto caído na berma da estrada. Parou por momentos e escutou. Não se via nada nem ninguém e o vulto não se mexeu. Convencida de que não se tratava de nenhum estratagema de assalto, pousou a criança no chão e debruçou-se sobre o vulto que jazia de bruços na berma da estrada.

10 comentários:

Janita disse...

Meu Deus! Até fiquei com a coração a bater descompassado.
E vamos nós ficar nesta aflição até segunda-feira...?
Olhe que a Elvira arranja-me cada uma! Uma mulher e uma criança pequena naquele lugar sem vivalma, com um homem deitado no chão?
A Elvira aí descansadinha e nós aflitas...

Um abraço. E seja o que Deus quiser.

noname disse...

A senhora Dra, deveria ter chamado o 112 antes de parar o carro, digo eu. :)


Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

A minha memória é que ficou reactivada.
Bfds

Tintinaine disse...

O remédio é esperar até segunda-feira para saber o que aconteceu!
Bom fim de semana (embora sábados, domingos e segundas-feiras seja tudo igual)!

chica disse...

Agora com esse capítulo lembrei ... Muito legal! beijos, tudo de bom,chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo capitulo estou a gostar.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Cidália Ferreira disse...

Que aflição ... Vamos ver o que vai acontecer!:)
-
Bom fim de semana. Beijos

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Muito suspense neste capítulo!
Vamos ver o que se seguirá!
Beijinhos e ótimno domingo.
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Este capítulo quase me parou o coração!!!!
Abraços fraternos!

teresadias disse...

Elvira, deixou-me com o coração aos pulos.
Que situação tramadota.
Bjs.