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11.6.21

COMEÇAR DE NOVO - PARTE XVIII

 




- Queres dizer que ela é a mulher que procuro?

-Nada disso! Estou apenas a raciocinar em voz alta. E dizes que a criança é parecidíssima com a Laura? Que idade tem essa menina? Viste a data de nascimento?

-Claro. Faz em Maio, treze anos. Não estás a pensar que essa criança pode ser minha, estás?

-Porque não? Eu estava presente no hospital, quando o Ricardo te perguntou se continuavas apaixonado por aquela jovem, e falou de como vocês passaram as férias grudados um no outro.

-Não! Tu conheces-me. Eu nunca seria irresponsável ao ponto de engravidar uma jovem, quando ainda não tinha condições de casar com ela. De certeza tomei precauções para que isso não acontecesse.

 -Tu és médico. Sabes melhor que ninguém que não há nenhum método cem por cento infalível. Essas coisas acontecem. Pensa no que aconteceu com a tua irmã. Pensas que ela queria engravidar naquela altura?

 - Mas como é possível, se houve uma paixão tão intensa assim, eu continuar a não me lembrar dessa época?

- É possível! O nosso cérebro, é um enorme armazém, cheio de milhares e milhares de memórias. Elas não são todas guardadas da mesma maneira. Há milhares de coisas que vivenciamos um dia e que nunca mais recordamos porque o nosso cérebro as arquiva como sem importância, outras que recordamos durante uma época e outras que recordamos toda a vida, porque elas são arquivadas em diversos zonas consoante a importância que lhes damos nos momentos em que as vivemos. Não te vou falar dos vários tipos de amnésia, porque já falámos disso há bastante tempo e tenho a certeza que tens investigado todas, suas causas e sintomas. Sabes que quando a amnésia é provocada por um trauma psicológico, stress, ou álcool ela pode terminar em qualquer momento logo que a vida do paciente volte ao normal. Mas quando é provocada por um trauma físico, como uma pancada na cabeça, um AVC, um tumor, ou qualquer outra agressão, a zona do cérebro que foi afetada, pode não recuperar nunca e nesse caso, as memórias armazenadas nessa zona desaparecem para sempre tal como documentos desaparecem quando devorados por um incêndio.

- E não posso fazer nada? Meu Deus, não posso viver nesta incerteza o resto da vida.

 - Claro que podes. Deste o primeiro passo. Convence-a a escutar—te. Sê sincero.

- Mas admitindo que seja ela, e que a menina possa ser minha filha. Que direito tenho eu de entrar assim sem mais nem menos na vida delas? E se ela tem alguém? O facto de não ser casada, não quer dizer que não viva numa relação feliz.

-Ou não. E não podes sabê-lo sem falares com ela.

-Se ela quiser falar comigo! E se isso não acontecer?

-Está tão atormentado, que quase não raciocinas. Estás de serviço amanhã?

- Não! Estou livre este fim de semana.

- Dá no mesmo. Podes sempre ir lá logo de manhã. Leva um Kit de ADN, e faz a recolha.

Se como penso a menina for tua filha, ela não poderá deixar de te ouvir. Tens o direito de poder ver e acompanhar o crescimento e educação dela, mesmo que ela tenha outra relação e não queira saber de ti como possível marido. E se não tiver ninguém, depende de ti quereres ou não conquistá-la de novo.

 -- Meu Deus, Fernando! Não posso admitir que aquela menina linda possa ser minha filha, e pensar que podia levar a vida inteira sem ter conhecimento disso.

-Tens que o admitir se fizeres o teste de ADN e for esse o resultado. E ela não poderá tirar os teus direitos de pai.

-Mas como vou fazer o teste de ADN sem a sua autorização? Isso é ilegal!

-É? Mas não dizem que os fins justificam os meios?  De resto se o resultado for negativo, ela nunca saberá que o fizeste. E se for positivo, não terá coragem de participar de ti. Pensará que a filha não lhe perdoaria se soubesse que acabou com a tua carreira, e as mulheres pensam sempre nos filhos antes de qualquer outra coisa.  E agora se te fosses vestir e fossemos dar uma volta por aí?

 - Desculpa, sei que a tua intenção é boa, mas não tenho vontade nenhuma de sair.

-- Bom então agora aceito aquela cerveja que me ofereceste há bocado. Também não estou com muita vontade de sair. Tens estado com a Laura? Como é que ela está?

Gonçalo levantou—se e foi à cozinha buscar a cerveja. Não lhe passara despercebida a tristeza na voz do amigo.


11 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Ui o que para aí vem!!!
Bfds

Maria Dolores Garrido disse...

A história promete. O que se abrirá depois do abrir da cerveja???
Um beijinho, Elvira, e uma 6ª f também com boas histórias.

Tintinaine disse...

Está ficando cada vez mais interessante! Agora ele não vai parar!
Bom fim de semana e vamos à bola (com a Itália)!!!

noname disse...

amos ver o que isto vai dar ;)

Bom dia, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

DEIXEI ESCAPAR UM OU DOIS CAPÍTULOS QUE TENCIONO LER COM A BREVIDADE POSSÍVEL, MAS TUDO CONTINUA A FAZER SENTIDO AINDA ASSIM...

FORTE ABRAÇO, ELVIRA!

chica disse...

Bah, que legal...As coisas acontecendo e emocionando...beijos, lindo fds! chica

aluap disse...

Acho que não devia fazer o teste sem primeiro falar com ela. A ver vamos...
Abraço e votos dum fds saudavel.

Edum@nes disse...

A falar é que a gente se entende. Portanto, se Gonçalo quer saber a verdade, deve falar com Helena. A ideia do teste de ADN, às escondidas poderá não agradar a Helena se ela descobrir!

Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
A história está muito emocionante.
Decerto quando Gonçalo falar com a Lena a memória trará a tona os factos.
Beijinhos,
Ailime

Fê blue bird disse...

Excelente conselho do amigo ao Gonçalo.
Será que o Fernando não precisa também de ajuda ?

Cada vez está mais entusiasmante esta leitura.

Beijinho, Elvira.

teresadias disse...

E agora Gonçalo?
Elvira, continuo cativa desta bela narrativa.
Beijo.