-Aconselho-te o pudim de pão. É muito bom.
Fizeram o pedido.
- Não tens saudades dos teus pais e irmãos? – perguntou curiosa.
- Claro que sim, - respondeu com tristeza. Tenho cunhados e sobrinhos que nem conheço. Mas não posso voltar.
-- Não enquanto Portugal mantiver uma guerra colonial, com a qual não concordo e que considero injusta. Quando vim, sabia que me estava a despedir deles para sempre. A menos que um dia haja uma reviravolta política, que acabe com a guerra e a colonização.
- E acreditas que isso vai acontecer algum dia?
- Acredito que sim. Mais dia, menos dia, a juventude vai acordar e dizer basta.
Terão que ser os jovens, já que os outros, ou estão demasiado comprometidos com o regime, ou estão paralisados pelo medo, ou sem forças para lutar. Tinha grandes esperanças no General Humberto Delgado. Penso que se ele tivesse chegado ao poder, poderia ter mudado o curso da história. Mas os esbirros do regime, não deixaram.
- Voltarias para Portugal, se o regime mudasse?
-Para ficar? Não! Pelo menos enquanto os tios forem vivos. Talvez tu não entendas o que sinto por eles. É amor, respeito e gratidão. Estão velhos. Sei que precisam de mim. Mas decerto que iria a Portugal sim. Para abraçar os meus pais e irmãos. Para conhecer os cunhados e sobrinhos; família que ainda não conheço. Para rever a nossa terra, os lugares onde passei a minha meninice, os amigos de infância, se é que por lá está algum.
E não é engraçado, que me lembre dos teus pais e não me recorde de ti?
-Não admira. Era uma criança, de nove anos, quando partiste. Eu sim, lembro-me de ti. Eras um magricela alto, só tinhas pernas.
Riram os dois.
Aos poucos o restaurante fora-se esvaziando. Eles também tinham terminado, e Sofia sentiu pena de que assim fosse. A noite tinha sido maravilhosa, a refeição deliciosa, e tinha adorado as explicações do marido. Mas as horas corriam e o momento de maiores intimidades aproximava-se. E sentia um aperto no peito.
Aos poucos o restaurante fora-se esvaziando. Eles também tinham terminado, e Sofia sentiu pena de que assim fosse. A noite tinha sido maravilhosa, a refeição deliciosa, e tinha adorado as explicações do marido. Mas as horas corriam e o momento de maiores intimidades aproximava-se. E sentia um aperto no peito.
11 comentários:
Até agora a coisa promete...
Boa semana
Nem todas as noivas têm assim tanto medo da cama!
Bom dia, alegria e primavera florida!
Bom dia, Elvira!
Continuo encantada, com a sensibilidade com que enlaça a história do casal com factos reais da história do país. Tristes tempos aqueles!!
Grande aplauso!
Beijo, saúde, boa semana.
Excelente, este jantar a dois e como o soube aproveitar para nos oferecer um olhar retrospectivo sobre o nosso país por terras de França semeado, Elvira.
Forte abraço, amiga.
Bom dia!
Mais um capitulo bem interessante. Obrigada :))
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Coisas de uma Vida
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Beijo, e uma excelente semana :)
Vamos lá esperar para ver onde a Elvira nos leva nesta história :)
Bom dia, Elvira
Vejo muita sensibilidade por parte dos personagens, o que significa sensibilidade por parte da Elvira, para nos contar estas vivências que, felizmente e em princípio, já não fazem parte da nossa realidade.
Deixei email e já vi que os seus olhos estão a fazer partidas. As melhoras, Elvira!
Um abraço e saúde.
A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Passando para desejar uma boa semana!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Bom dia Elvira,
Gostei muito deste capítulo.
Um diálogo que aproxima o casal.
Beijinhos e saúde.
Ailime
passando para desjar uma feliz semana bjs
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