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4.12.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXVII


Imediatamente as enfermeiras se movimentaram, enquanto uma desinfetava o ventre materno com uma solução antisséptica outra puxava para junto da mesa cirúrgica uma mesa com todos os materiais necessários, uma terceira entregava à médica um novo par de luvas para substituir as que a médica acabara de jogar no lixo e a anestesista, aplicava na doente uma nova anestesia, utilizando o cateter introduzido para a epidural.


Entretanto o segundo bebé já tinha sido enviado para o berçário, o neonatologista informou que ele também tinha nota dez, e que apesar de parecerem minúsculos, os dois tinham um peso superior ao peso médio de trigémeos às trinta e seis semanas que era de 1,6Kg. A menina pesava 1,815 Kg e media 40 cm, o menino 1,893 Kg e media 43 cm.


 Minutos depois, a médica pegava o bisturi que uma enfermeira lhe chegava e fazia uma incisão horizontal no baixo ventre de Teresa e pouco depois retirava o terceiro bebé que era imediatamente levado por uma enfermeira para ser observado pelo neonatologista. Só depois eram limpos e vestidos e levados para o berçário ou para a incubadora se fosse necessário.

Por serem prematuros, não foram colocados sobre o corpo da mãe, e a preocupação maior de Teresa, era vê-los para ter a certeza de que estavam bem, mas logo uma enfermeira lhe disse, que estava tudo bem e que assim que a médica terminasse a cirurgia, iria ser transferida para o recobro, onde ficaria sob a vigilância de uma enfermeira.

 Só depois iria para o quarto. E nesse dia não poderia ter outras visitas que não o marido, pois o esforço antes da cirurgia tinha sido grande e precisava descansar. Entretanto o neonatologista terminou de examinar o terceiro bebé e informou que ele também tinha nota máxima, e era dos três o maior. Tinha 1,990 Kg e media 44,5 cm. Eram três bebés lindos e saudáveis que só precisavam de  de ganhar peso, o que seria rápido pois regra geral os prematuros desenvolvem-se mais rapidamente nos primeiros meses, do que os bebés que nascem com o tempo normal. O pai podia ir de seguida vê-los ao berçário, a mãe só os veria quando fosse transferida do recobro para o quarto.

A médica terminou a cirurgia, deu os parabéns aos pais, e disse às enfermeiras que podiam levar a mãe.

João deu-lhe um carinhoso beijo na testa, largou a sua mão e disse quase sem voz.

- Obrigado, amor.

Depois enquanto ela saía, olhou os médicos e enfermeiras na sala e disse com a voz entrecortada.

- Obrigado a todos.

Em seguida dirigiu-se à porta do vestiário, despiu-se e saiu. Seguiu até à sala das enfermeiras e perguntou onde era o berçário. A enfermeira pediu a uma auxiliar que o acompanhasse, e pouco depois ele encontrava-se em frente do mesmo, com o coração batendo forte e as mãos a tremer. 

Nunca nos seus trinta e cinco anos tinha sentido uma tão grande e intensa emoção como sentira na sala cirúrgica ao ver nascer os seus filhos. E essa mesma emoção punha-lhe um nó na garganta, um aperto no peito ao ver  através dos vidros, aqueles três pedacinhos de gente deitados nos berços. Os seus filhos.


 


21 comentários:

Fá menor disse...

Muito lindo, amiga Elvira! Escrita muito bela. Um episódio emocionante.
Beijinhos.

Emília Pinto disse...

Fizeste o que pedi, o nascimento feliz das três crianças, e mamã , bem de saúde, depois de um parto deste " calibre e um pai que, finalmente se vê realizado numa " função " que nunca julgou possivel, dado o seu histórico triste como filho. Muito bem, querida Elvira! Lindo este capitulo! Beijinho e boa noite!
Emilia🙏🌻

Janita disse...

Parabéns, Elvira!
Podemos ver as cenas desfilarem na frente dos olhos, como se as estivessemos a ver.
Ainda estou arrepiada e já acabei de ler há uns instantes.
Quem é Mãe sabe da emoção e da importância desses momentos que marcam a nossa vida.

Um abraço e uma boa noite.

Pedro Coimbra disse...

Como eu conheço essa emoção e a tremideira que dá quando nos passam o bebé para as mãos!!
Bfds

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Há quarenta anos não assisti ao nascimento do meu filho , mas estes últimos episódios deixaram-me bastante emocionado .
Tudo se conjuga para que tenhamos mais um final em grande .

JR

Tintinaine disse...

Se um filho já é uma grande emoção, imagina três!
Bom fim de semana, Elvira, e obrigado por não me ter obrigado a esperar até segunda-feira para saber o resultado do parto.

chica disse...

Que maravilha! Agora só esperar esses lindos bebezinhos ganhar peso ...Coisa boa! Emoção pura! Adorei! beijos, chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Adorei este momento épico do Ciladas da Vida, Elvira :)

Forte abraço e muita saúde!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Como sempre a Elvira conseguiu transmitir toda a emoção e beleza do momento!
Adorei!
Um beijinho.
Ailime

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um belo capitulo.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

silvioafonso disse...

Senti o que o homem apaixonado
sente quando lhe nasce o primeiro
filho, pois o senti muitas vezes.
Um grande abraço e parabéns.

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história!

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história

João Santana Pinto disse...

Um momento lindo, o culminar de alguns textos de muitas emoções e receios, a vida de uma nova família que avança e que felizmente, após um passado algo cruel, acabou por chegar a bom porto, a simbolizar que na vida, há janelas, portas e caminhos que podem dar origem a vidas novas.

Um grande trabalho de pesquisa, também, estão aqui muitas horas de trabalho para além da escrita.

Um abraço e bom fim de semana

Maria Dolores Garrido disse...

Os dias do nascimento das minhas filhas foram os mais felizes da minha vida. Aqui é relatado com verdade esse sentimento.
Um beijinho e muito bom fim de semana.
M. (olamariana.blogspot.com)

Alexandra disse...

Não posso rever-me, Elvira. Não tinha consciência, mas através das palavras do meu Pai, vejo-o a olhar para a criancinha que foi parar à incubadora 55 anos atrás. Com algumas diferenças. Eu era única, ele queria um rapaz e saiu-lhe uma rapariga :))))

Um abraço e saúde.

Edum@nes disse...

Como correu até aqui, desejo que continue!

Com saúde, desejo que tenha um excelente fim de semana, embora frio, amiga Elvira. Um abraço.

rosa-branca disse...

Lindo e emocionante minha amiga, a amor a desabrochar e 3 filhos lindos para dar o amor que nunca teve como filho. Espero que esteja bem. Beijinhos com muito carinho e admiração

teresadias disse...

Parabéns Elvira, pelas descrições minuciosas que tornam esta história cintilante e emocionante.
Quem sabe, escreve assim.
Beijo, feliz fim-de-semana.
(obrigada por ter salvo o terceiro pequenito...)

aluap disse...

Um excelente e bem contado capítulo, parabéns Elvira e um abraço.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

É imensurável a emoção dos pais diante do nascimentos dos filhos!
Abraços fraternos!