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14.10.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XLV



- Mas não posso ir para a tua casa!- protestou.

- Porque não, Teresa? Conheces a casa, sabes que tem todas as condições para que fiques bem instalada.  Podes ter duas enfermeiras para cuidar de ti, embora eu o pudesse fazer pelo menos de noite, mas compreendo que não te sintas à-vontade sozinha comigo. Depois há uma coisa que não podes esquecer, as crianças que carregas no ventre são também meus filhos. Ninguém pode querer protegê-las mais, do que nós dois. E juntos somos mais fortes.

- O João tem razão, - disse Inês. – Se ele pode ter duas enfermeiras a cuidar de ti, tenho a certeza que a doutora Laura Aguilar, vai achar preferível que estejas em casa. Depois ela pode dar todas as indicações por escrito para as enfermeiras.

-Está bem, se a médica achar melhor eu vou para tua casa. Mas hoje fico aqui.

- Então eu também fico – disse Inês. - Já avisei o Gustavo de que se não aceitasses ir lá para casa, eu dormia aqui, pois não te vou deixar sozinha, depois do que a médica disse.

- Não senhora. A Inês vai para casa, eu fico com ela. Preferia levá-la para minha casa, mas se ela quer ficar aqui, eu também fico. Não é justo a Inês prejudicar a sua família por nossa causa:

- Está bem, vocês ganharam. João esperas na sala enquanto a Inês me põe na mala o que preciso e me visto?

-Claro.

Voltou costas e saiu do quarto.

Inês tirou de cima do guarda-fato a mala que colocou em cima da cama, e começou a guardar nela algumas roupas enquanto Teresa ia à casa de banho.

Quando voltou, despiu a camisa e enquanto se vestia, pediu à amiga.

- Guarda-me o vestido azul, e as sandálias da mesma cor para eu levar amanhã ao hospital. Além disso e da roupa interior põe na mala só camisas de dormir, pijamas e dois robes. E os meus objetos pessoais, que estão na casa de banho. Se vou passar o tempo na cama, não preciso de mais.

- Não me tinhas dito nada que já conhecias a casa dele, - disse Inês enquanto guardava as roupas na mala.

- Não foi de propósito apenas não se proporcionou a conversa. Foi no sábado depois do almoço. Acreditas se te disser que vive no último andar da empresa? Convidou-me a conhecer a empresa e de súbito estávamos em sua casa?

- E depois? Que aconteceu? - perguntou a amiga.

- Nada de mais. Conversámos um pouco na sala, e depois mostrou-me a casa. Convidou-me para lanchar, mas eu disse que tinha que tomar as vitaminas e ele trouxe-me a casa.

Inês fechou a mala e perguntou:

- Não te esqueces de nada? Os documentos?

- Estão aqui, - respondeu mostrando a carteira.

Teresa, saiu para a sala. Inês, pegou na mala, apagou a luz do quarto e seguiu-a.

Na sala, João tirou-lhe  a mala das mãos e disse:

-Se a Inês puder acompanhar-nos agradecia. Tenho a certeza de que a Teresa ia gostar. Aproveita, fica a conhecer a casa e pode sempre que quiser e puder ir visitá-la.

-Claro, eu sigo-vos no meu carro. Assim,  quando a Teresa estiver instalada regresso a casa.

Saíram e seguiram para o elevador.

Já na rua, João abriu a porta do carro, ajudou Teresa a sentar-se, colocou a mala no banco de trás e foi sentar-se ao volante. Arrancou depois de olhar pelo espelho  retrovisor e ver que Inês se encontrava pronta a segui-lo.

 

13 comentários:

Janita disse...

Mas que homem autoritário!
Onde chega já vai pondo e dispondo da vida da moça, como se ela não tivesse vontade própria.
Num casarão daqueles nem há aconchego...eu não ia, viessem as enfermeiras cuidar de mim no meu cantinho. :)

Boa noite, Elvira.

noname disse...

O rapazito põe e dispõe da vida dela, e ela nem sonha o que ele pretende mesmo. Com a filha da minha mãe, a coisa ia chiar fino.

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

A aproximação é constante.
Abraço

Tintinaine disse...

Ele tem razão, com ele é que ela fica melhor, pois têm muito que partilhar.
Estou-me aqui a rir dos meteorologistas, quanto mais prevêem tempo nublado e uns pingos de chuva, mais sol nos vem alumiar, parece que estamos em Abril, fresco e luminoso!

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Teresa acaba por se deixar levar por João, porque decerto vê nele bons sentimentos, além das condições e cuidados que lhe oferece.
Beijinhos e um ótimo dia.
Ailime

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está interessante.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Maria João Brito de Sousa disse...

A protagonista não me parece pessoa muito gregária, não creio que tenha criado laços com o seu espaço, como acontece com muitos de nós. Está a agir muito sensatamente, dentro do quadro de gravidez de risco.
Vejamos o que nascerá desta decisão, para além dos três bebés, claro! :)

Abraço, Elvira!

isabel disse...

cada vez mais interessante minha querida Elvira

Edum@nes disse...

Qualquer dia as crianças nascem e os pais delas juntam os trapinhos. Não sei mas penso que será isso que irá acontecer. Se não houver alguma reviravolta desagradável.

Tenha uma boa noite amiga Elvira, com saúde e paz. Um abraço.

teresa dias disse...

Afinal foi mais fácil do que eu pensava.
E lá vão eles...
Beijo

Rosemildo Sales Furtado disse...

Acompanhando, gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

João Santana Pinto disse...

Vou ter de passar ao texto seguinte (sorrisos)

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Muito legal e a atitude dele, embora autoritária, mas é visando o bem dela e das crianças.

Abraços fraternos!