- Mas não posso ir para a tua casa!- protestou.
- Porque não, Teresa? Conheces a casa, sabes que tem todas
as condições para que fiques bem instalada.
Podes ter duas enfermeiras para cuidar de ti, embora eu o pudesse fazer
pelo menos de noite, mas compreendo que não te sintas à-vontade sozinha comigo.
Depois há uma coisa que não podes esquecer, as crianças que carregas no ventre
são também meus filhos. Ninguém pode querer protegê-las mais, do que nós dois. E juntos somos mais fortes.
- O João tem razão, - disse Inês. – Se ele pode ter duas
enfermeiras a cuidar de ti, tenho a certeza que a doutora Laura Aguilar, vai
achar preferível que estejas em casa. Depois ela pode dar todas as indicações
por escrito para as enfermeiras.
-Está bem, se a médica achar melhor eu vou para tua casa.
Mas hoje fico aqui.
- Então eu também fico – disse Inês. - Já avisei o Gustavo
de que se não aceitasses ir lá para casa, eu dormia aqui, pois não te vou deixar
sozinha, depois do que a médica disse.
- Não senhora. A Inês vai para casa, eu fico com ela. Preferia
levá-la para minha casa, mas se ela quer ficar aqui, eu também fico. Não é justo a Inês
prejudicar a sua família por nossa causa:
- Está bem, vocês ganharam. João esperas na sala enquanto a
Inês me põe na mala o que preciso e me visto?
-Claro.
Voltou costas e saiu do quarto.
Inês tirou de cima do guarda-fato a mala que colocou em
cima da cama, e começou a guardar nela algumas roupas enquanto Teresa ia à casa
de banho.
Quando voltou, despiu a camisa e enquanto se vestia, pediu à amiga.
- Guarda-me o vestido azul, e as sandálias da mesma cor
para eu levar amanhã ao hospital. Além disso e da roupa interior põe na mala só
camisas de dormir, pijamas e dois robes. E os meus objetos pessoais, que estão na casa de banho. Se
vou passar o tempo na cama, não preciso de mais.
- Não me tinhas dito nada que já conhecias a casa dele, -
disse Inês enquanto guardava as roupas na mala.
- Não foi de propósito apenas não se proporcionou a
conversa. Foi no sábado depois do almoço. Acreditas se te disser que vive no último
andar da empresa? Convidou-me a conhecer a empresa e de súbito estávamos em sua
casa?
- E depois? Que aconteceu? - perguntou a amiga.
- Nada de mais. Conversámos um pouco na sala, e depois
mostrou-me a casa. Convidou-me para lanchar, mas eu disse que tinha que tomar
as vitaminas e ele trouxe-me a casa.
Inês fechou a mala e perguntou:
- Não te esqueces de nada? Os documentos?
- Estão aqui, - respondeu mostrando a carteira.
Teresa, saiu para a sala. Inês, pegou na mala, apagou a luz do quarto e seguiu-a.
Na sala, João tirou-lhe a mala das mãos e disse:
-Se a Inês puder acompanhar-nos agradecia. Tenho a certeza
de que a Teresa ia gostar. Aproveita, fica a conhecer a casa e pode sempre que quiser
e puder ir visitá-la.
-Claro, eu sigo-vos no meu carro. Assim, quando a Teresa estiver instalada regresso a casa.
Saíram e seguiram para o elevador.
Já na rua, João abriu a porta do carro, ajudou Teresa a
sentar-se, colocou a mala no banco de trás e foi sentar-se ao volante. Arrancou
depois de olhar pelo espelho retrovisor
e ver que Inês se encontrava pronta a segui-lo.
13 comentários:
Mas que homem autoritário!
Onde chega já vai pondo e dispondo da vida da moça, como se ela não tivesse vontade própria.
Num casarão daqueles nem há aconchego...eu não ia, viessem as enfermeiras cuidar de mim no meu cantinho. :)
Boa noite, Elvira.
O rapazito põe e dispõe da vida dela, e ela nem sonha o que ele pretende mesmo. Com a filha da minha mãe, a coisa ia chiar fino.
Boa noite, Elvira
A aproximação é constante.
Abraço
Ele tem razão, com ele é que ela fica melhor, pois têm muito que partilhar.
Estou-me aqui a rir dos meteorologistas, quanto mais prevêem tempo nublado e uns pingos de chuva, mais sol nos vem alumiar, parece que estamos em Abril, fresco e luminoso!
Bom dia Elvira,
Teresa acaba por se deixar levar por João, porque decerto vê nele bons sentimentos, além das condições e cuidados que lhe oferece.
Beijinhos e um ótimo dia.
Ailime
Está interessante.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
A protagonista não me parece pessoa muito gregária, não creio que tenha criado laços com o seu espaço, como acontece com muitos de nós. Está a agir muito sensatamente, dentro do quadro de gravidez de risco.
Vejamos o que nascerá desta decisão, para além dos três bebés, claro! :)
Abraço, Elvira!
cada vez mais interessante minha querida Elvira
Qualquer dia as crianças nascem e os pais delas juntam os trapinhos. Não sei mas penso que será isso que irá acontecer. Se não houver alguma reviravolta desagradável.
Tenha uma boa noite amiga Elvira, com saúde e paz. Um abraço.
Afinal foi mais fácil do que eu pensava.
E lá vão eles...
Beijo
Acompanhando, gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
Vou ter de passar ao texto seguinte (sorrisos)
Muito legal e a atitude dele, embora autoritária, mas é visando o bem dela e das crianças.
Abraços fraternos!
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