- E tens tempo para isso, dirigindo uma empresa como a tua?
- Não é um trabalho tão
intenso como pode parecer, uma vez que as secções são autónomas. Cada uma tem o
seu chefe que a dirige e a mim só me chegam os projetos já prontos, para
aprovação ou não.
-Mas segundo ouvi na
reportagem és tu o criador dos jogos.
-E verdade, mas até nisso
atualmente tenho dois colaboradores. Continuamos?
- Sim, claro.
A casa ocupava o mesmo espaço dos andares inferiores, com um comprido corredor de mármore branco. De ambos os lados, portas que ele foi abrindo para ela ver. A cozinha ficava situada em frente à sala e ao lado havia uma sala de jantar e uma sala de jogos com uma mesa de snooker no centro, em frente, uma casa de banho social, uma biblioteca-escritório, um ginásio com vários aparelhos, e por fim os cinco quartos.
-E este é o quarto principal -
disse o empresário afastando-se e mostrando um quarto enorme em dois tons de
bege, com enormes janelas e um terraço. – Todos os quartos estão equipados com
casa de banho, mas apenas este tem jacuzzi e "closet"
Era a primeira vez nos seus
trinta anos que Teresa se encontrava na porta de um quarto com um homem. Olhou
a enorme cama de casal e sentiu-se corar.
Recuou e tropeçou no homem que
estava atrás de si, desequilibrando-se. Ele segurou-a pela cintura, e o calor
das suas mãos atravessando o fino tecido do top provocou-lhe um estremecimento
como se tivesse sofrido uma descarga elétrica. Assustada olhou-o para tentar
perceber se ele teria sentido o mesmo, e o que viu nos seus olhos assustou-a
ainda mais. Desprendeu-se bruscamente e começou a percorrer o longo corredor em
direção à saída dizendo:
- Meu Deus, são quase cinco
horas. Podes levar-me a casa agora?
-Não queres ficar mais um
pouco? Posso preparar um lanche para os dois.
- Fica para a outra vez, "se
eu for tão doida que volte aqui" – pensou. - Estou cansada, e além disso tenho as
vitaminas para o lanche em casa.
Ele não acreditou na desculpa,
mas não o comentou. Pegou nas chaves do carro e no telemóvel que tinha poisado
na entrada, abriu a porta e seguiu-a em direção ao elevador.
Teresa entrou e encostou-se a
um canto, numa atitude de defesa que o fez sorrir. Parecia uma gazela
assustada.
Procurando afastar dela qualquer receio
perguntou:
-Então gostaste da minha casa?
- Como não? Nunca tinha visto
uma casa tão grande a não ser no cinema.
Como conseguiste?
- Bom a verdade é que tem
estado em permanente construção desde há dez anos. Logo que comprei este
edifício, e mudei para aqui a firma, decidi deixar o último andar para a
minha casa. Mas para isso foi preciso derrubar paredes construir outras, fazer
novas canalizações, enfim uma miríade de coisas.
Saíram do elevador e
dirigiram-se à saída. Pouco depois já no automóvel, João continuou. Na verdade,
ainda não está como a sonhei. Gostava de mandar construir uma piscina no
terraço que fica para além do meu quarto.
Teresa não respondeu. E o
resto da viagem, fez-se em silêncio.
Ele estacionou o carro em
frente da porta da jovem e saindo acompanhou-a até à porta do prédio. Teresa estendeu a
mão para se despedir, mas João com uma leve pressão, aproximou-a dele, colocou
as mãos nos seus ombros e o seu olhar fixou-se na sua boca. Ela teve a nítida
sensação de que ia beijá-la, todavia ele limitou-se a poisar os lábios na sua
testa, num terno beijo.
-Espero que tenha sido, um dia
tão feliz, para ti, como o foi para mim. Ligo-te em breve, - disse. Em seguida largou-a, virou-lhe as costas e afastou-se.
17 comentários:
Um jogo de gato e rato, sendo que o rato ainda não sabe onde caiu :-)
Boa noite, Elvira
Um cavalheiro!!!
Abraço, boa semana
A história está muito bem encaminhada, se com o parto não surgirem problemas, só falta o "e foram felizes para sempre".
Enquanto os dois se vão conhecendo e estreitando laços, eu vou acompanhando a evolução dos acontecimentos.
Uma boa semana e um abraço, Elvira.
Acho que ele é bastante esnobe,muito exibido com a casa e com o que tem, mas parece estar esperando a oportunidade certa pra avançar...Vejamos! beijos, chica
Show de casa, sinônimo de muito dinheiro! O filho dela está com o futuro garantido e ela, também.
Abraços fraternos!
Mais um instigante episodio!:))
-
Palavra mágica...Obrigada
-
Beijos, e uma excelente semana
E pronto. Finalmente com um computador"decente" voltei ao blog. Estive a ler o conto desde o principio. Sim senhor, os dois com muita "guita", junta-se a fome com a vontade de comer. Ainda por cima giros e boas pessoas. Ainda há príncipes encantados. A coisa está bem encaminhada.
Muito gostava de ter um quarto destes! Bem, mas não se pode ter tudo :))
Já li todos os capítulos que estão para trás. Vai no bom caminho, Elvira.
Boa semana e um abraço.
ps: A Elvira tem um filho cinco estrelas. :)
gostei muito do texto, Elvira
uma escrita de grande qualidade
beijo
Estive ausente e por isso fiz uma maratona de leitura, por sinal agradável como é habitual neste espaço. Espero que o pc volte operacional e colaborante.
Abraço do Zé
Boa noite Elvira,
Um episódio lindo!
Apesar da riqueza e de gostar de a mostrar, parece homem de bons sentimentos.
Beijinhos,
Ailime
Olá amiga Elvira, que esteja bem . Andei a ler o atrasado da história e estou a adorar. Um cavalheiro e uma história "tão sua" como já nos habituou. Adoro a sua escrita e os finais felizes. Pena que a vida é tão madrasta e às pessoas tão más. A continuação das suas melhoras e beijinhos com muito carinho
A Elvira domina perfeitamente o timing destas novelas. Mérito seu.
Parabéns!
Abraço
Elvira, continuo encantada com a sua Teresa...
Beijo.
Continuo acompanhando, gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
Mais do que a história... quero falar dos pormenores e este texto está cheio deles, designadamente o não sair sem ir buscar as chaves e o telemóvel.
Uma história requer enredo, requer credibilidade, requer levar os leitores a sentir os mesmos sentimentos dos personagens ou sentimentos sobre os personagens, levar a refletir, sentir a solidez de tudo o que existe nas palavras e ainda por cima as tornar fluídas e sedutoras à leitura...
Parabéns por esta bela história de amor (parece-me)
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