No sábado, Teresa acordou cedo. Sentia-se cansada. O calor excessivo que já vinha da segunda metade de Junho, e se prolongara por aquela primeira quinzena de Julho, com noites de temperaturas verdadeiramente tropicais, fazia com que dormisse pouco e mal. Depois durante o dia, sentia-se cansada e muito sonolenta. Tinha tanto sono, que por vezes tinha a sensação de que não dormia há meses. Fora uma grande ideia ter contratado Inês para gerente da pastelaria. Do jeito que se sentia, nunca teria conseguido manter o ritmo de trabalho.
Nessa manhã, além do sono e
cansaço, começaram os enjoos e vomitara tudo quanto tentara comer, não sabia se
efeito da gravidez, ou se porque estava nervosa, com a aproximação da hora em
que o empresário a viria buscar para a levar a almoçar.
Ele não lhe dissera onde era o
almoço e isso preocupava-a. E se fossem vistos por algum jornalista? Teresa vira
nas notícias do dia anterior uma reportagem da festa sobre o lançamento do jogo.
Ela não usava o computador a não ser em trabalho, não percebia nada de jogos,
mas a julgar pelos muitos jornalistas que o rodeavam, aquele lançamento era
algo de muito importante. Desligou a televisão
a pensar que se ele já era famoso antes, agora sê-lo-ia muito mais. Caramba,
não lhe bastava a situação em que estava metida, tinha que ser com um homem
rico e famoso. Se fosse um pobre anónimo, provavelmente nem chegaria a saber o
que tinha acontecido.
Às vezes arrependia-se de o
ter procurado. Quem sabe ele levava alguns meses para descobrir a sua
identidade, e ela não estaria agora preocupada com aquela convivência. “Foste precipitada
como sempre. Quantas vezes te disse que as cadelas apressadas parem os filhos
cegos?” Era o que a avó lhe costumava dizer quando em criança, agia de forma
impulsiva.
Todavia ela sabia que não conseguiria
conviver com a angústia de não saber o que o empresário faria quando
descobrisse a sua identidade. Agora pelo
menos, tinham conversado, e não fosse ela, tão desconfiada em relação ao sexo
oposto, poderia pensar que “o diabo não era tão mau como o pintavam”.
Depois do banho, viu-se ao espelho e observou as diferenças no seu corpo. O ventre estava mais arredondado, os seios maiores, e a auréola que rodeava os mamilos mais escura. Além disso estavam muito sensíveis e doloridos ao toque. Seria normal? Segundo o livro que estivera a ler, dizia que sim, embora também acrescentava que umas mulheres tinham muito mais sintomas que outras. Será que ela iria ser uma daquelas mulheres que a meio da gravidez já têm um barrigão que parecem estar no fim do tempo? A sua amiga Inês fizera uma barriga pequena e, no entanto, o Martim nascera com peso e comprimento normal. Depois também se sentia muito cansada. Se aquilo era às cinco semanas, como ia conseguir chegar às quarenta? Bom quando voltasse ao médico, ele lhe diria se aquilo era ou não normal, para o tempo que tinha. E por falar no médico, tinha pensado muito, e ia pedir à sua ginecologista se a podia acompanhar e se lhe aconselhava um obstetra. Não queria continuar a ir ao Centro de PMA. Tinha perdido a confiança neles. E de resto fora com a sua ginecologista que fizera vários tratamentos anti esterilidade a fim de tornar maiores as hipótese de ficar grávida após o primeiro procedimento, já que sabia que algumas mulheres só o conseguiam à segunda ou terceira vez.
Olhou o relógio. Onze e meia.
Tinha-se perdido nos seus pensamentos. Abriu o roupeiro e depois de uns
momentos de indecisão optou por umas calças de algodão rosa-velho e um top de
alças branco. Escovou o cabelo e prendeu-o num coque. Olhou-se ao espelho e não
gostou do seu aspeto, mas também nunca gostara de maquilhagem. Bom, a bem da
verdade ela até gostara bastante de se ver, quando a esteticista da Inês, a
maquilhara no dia do casamento da amiga. Mas ela nunca se maquilhara, e não
tinha ideia nenhuma de como fazê-lo, pelo que apenas passou o batom incolor e
hidratante nos lábios e deu-se por pronta.
Pouco depois ouviu a campainha, pegou na mala e desceu.
14 comentários:
O que será que ela vai achar da proposta dele, se é que a fará agora...
Boa noite, Elvira
Esperamos pra ver como se desenrolará a conversa! Gostando! beijos, chica
Mais uma etapa numa aproximação anunciada.
Boa semana
Curiosíssima até ao próximo capítulo.
Parabéns Elvira, pela narrativa clara e pormenorizada. Gosto!
Beijo, saúde, boa semana.
Bom dia
Assim como ela tambem nós estamos ansiosos !!
JR
Mais um belo capitulo.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Acabei de ler os capítulos que perdi e assim acompanhar a história.
Esperamos que o almoço corra bem.
Elvira
a seguir com muito interesse este conto.
estou a gostar imenso.
boa semana.
beijinhos
:)
Cá estou eu!
Desta vez, só para um capítulo e a ficar a saber que o pc "morreu".
A vida continua.
Um abraço e saúde.
Vou ter que regressar para acompanhar os capítulos anteriores...
Aproveito para desejar uma boa semana!
Ora, mais um belo episodio!
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Atípicas, as sedes desmedidas ...
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Beijos, e uma excelente semana.
Boa noite Elvira,
Continuo a acompanhar com muito interesse esta bela história, muito bem escrita e contada.
Um beijinho.
Ailime
Maravilhosa história, correndo para o próximo capítulo!
Abraços!
Só vou parar no final agora... A Elvira faz isso como poucos, tem o controlo da história, dos ritmos e dos momentos altos e chega ao final e está tudo sempre a querer mais um texto.
Bem, vou ler sobre o encontro... (sorrisos)
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