Entrou no edifício e dirigiu-se à caixa para o pré pagamento do café. Havia uma fila de quatro pessoas e Isabel entrou nela. Na sua frente um homem alto de ombros largos e porte atlético. Bem moreno, a julgar pela cor dos braços meio descobertos pela manga curta da camisa. Ocorreu-lhe um pensamento estranho. Como seria sentir-se presa nuns braços assim? Passou a mão pela testa, desorientada com os seus próprios pensamentos.
O homem pagou e afastou-se. Isabel tomou o seu lugar, pagou o café e aguardou que o outro empregado lho trouxesse, ali mesmo ao lado da caixa. Então pegou na chávena e dirigiu-se à ponta do balcão para o beber. Não lhe apetecia ir para uma mesa, estava farta de estar sentada.
De súbito sentiu uma estranha sensação. Era como se atrás dela, alguém lhe pedisse mentalmente para se voltar. Agitou-se. Levou de novo a chávena aos lábios, tentando esquecer aquela sensação, mas em vão, ela continuava lá, queimando-lhe a nuca.
Pousou a chávena vazia sobre o balcão e muito lentamente voltou-se. Sentado numa mesa, bem na sua frente, olhando-a fixamente estava o homem que estivera na fila da caixa minutos antes.
Mas o que fez Isabel tremer da cabeça aos pés, foi reconhecer os profundos olhos cinzentos, que a atormentaram durante toda a noite.
A lembrança dessa noite, fez com que se ruborizasse e fugisse dali correndo, como se o diabo a perseguisse.
“Sê inteligente Isabel. Como podia o homem saber que sonhaste com ele? Ou aquilo que estavas a pensar atrás dele? Portaste-te como uma adolescente” murmurou finalmente mais calma, enquanto atravessava a ponte 25 de Abril em direcção ao seu apartamento.
Sempre que Isabel entrava em casa, após alguns dias de ausência, sentia uma sensação de bem-estar e felicidade. Sentia-se protegida. Como se ali no seu pequeno mundo, nada nem ninguém a pudesse molestar. Desta vez porém, a casa pareceu-lhe fria e pouco acolhedora. Abriu as janelas e afastou os cortinados deixando que o sol penetrasse na sala. Como se ao iluminar o aposento afugentasse os fantasmas do passado e aquietasse o coração.
Pegou no telefone.
- Amélia? Já cheguei.
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- Sim, a viagem foi boa. Está confirmado o jantar?
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- Às oito? Está bem. Vens por aqui?
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-Claro. Então vamos juntas.
Desligou.
Desligou.
Passou o resto do dia arrumando as coisas. De vez em quando, surpreendia-se a pensar no que acontecera na viagem. Desde que na véspera, esbarrara com aquele desconhecido na praia, e ele a segurou nos braços, que sentia um estranho desassossego.
Não percebia o que se passava consigo, e isso assustava-a. Afinal tinham passado quase vinte anos desde a morte do marido, e durante esse tempo ela cruzara-se com muitos homens, até porque a sua profissão o proporcionava, e nenhum lhe tinha nunca provocado tal desassossego.
Que estranho feitiço tinham aqueles olhos cinzentos, que pareciam invadir cada recanto do seu corpo, mergulhando até ao mais profundo do seu ser? Estava ansiosa por voltar ao trabalho. Lembrou-se do ditado . "Mente desocupada, oficina do diabo" O que ela estava a precisar, para se livrar de pensamentos indesejáveis, era ocupar a mente.
Arrumou a mala, que entretanto esvaziara, tomou um duche rápido e começou a arranjar-se para o jantar com os amigos.
Pouco passava das sete e meia quando a campainha da porta tocou. Isabel deu um último retoque nos lábios, pegou na mala e saiu. Em frente à porta estava estacionado um carro cinza e junto dele um casal aguardava.
Uma explicação:
O comentário 47.000 pertenceu à poetisa Maria João Brito de Sousa.
Se não conhecem, cliquem ali no nome e vão ver que não se arrependem.
Uma explicação aos novos leitores para o facto de eu falar no virar do milhar, nos comentários. Sempre que passa um milhar o leitor que o fez, recebe da minha parte um miminho que é constituído por uma das minhas histórias. É a maneira com que tento agradecer a simpatia e o tempo que me dispensam. E já foram distribuídas 47 histórias.
Não percebia o que se passava consigo, e isso assustava-a. Afinal tinham passado quase vinte anos desde a morte do marido, e durante esse tempo ela cruzara-se com muitos homens, até porque a sua profissão o proporcionava, e nenhum lhe tinha nunca provocado tal desassossego.
Que estranho feitiço tinham aqueles olhos cinzentos, que pareciam invadir cada recanto do seu corpo, mergulhando até ao mais profundo do seu ser? Estava ansiosa por voltar ao trabalho. Lembrou-se do ditado . "Mente desocupada, oficina do diabo" O que ela estava a precisar, para se livrar de pensamentos indesejáveis, era ocupar a mente.
Arrumou a mala, que entretanto esvaziara, tomou um duche rápido e começou a arranjar-se para o jantar com os amigos.
Pouco passava das sete e meia quando a campainha da porta tocou. Isabel deu um último retoque nos lábios, pegou na mala e saiu. Em frente à porta estava estacionado um carro cinza e junto dele um casal aguardava.
Uma explicação:
O comentário 47.000 pertenceu à poetisa Maria João Brito de Sousa.
Se não conhecem, cliquem ali no nome e vão ver que não se arrependem.
Uma explicação aos novos leitores para o facto de eu falar no virar do milhar, nos comentários. Sempre que passa um milhar o leitor que o fez, recebe da minha parte um miminho que é constituído por uma das minhas histórias. É a maneira com que tento agradecer a simpatia e o tempo que me dispensam. E já foram distribuídas 47 histórias.
18 comentários:
A coisa promete :-)
Parabéns pelos 47.000, venham outros tantos.
Boa noite, Elvira
Oi Elvira,
Você desapareceu, parece que não quer mais meus comentários
Uma linda Noite
Lua Singular
Eu estava à espera do homem dos olhos cinzentos...
Bfds
... mais um capítulo bem interessante!
Parabéns pela qualidade da escritae vou espreitar ...bj
Eu sabia, eu sabia que esse homem de olhos cinzentos em breve se rematerializaria nesta história :)
Obrigada por me mencionar, amiga! Mais uma vez lhe agradeço a gentileza do envio de A Herança.
Forte abraço!
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
O amor anda no ar!
Bom fim de semana !!!
Esses olhos cinzentos vão fazer com que o céu se cubra de rosa.... Lindo! beijos, tudo de bom e parabéns pelos comentários! chica
Ja adivinho a cena, mas voltarei para continuara a ler.
bom fim de seemana minha amiga Elvira
beijinhos
:)
A Isabel a fugir das sincronicidades da vida... não vale a pena, mais tarde ou mais cedo, é apanhada. :)
A seguir, Elvira?
Bom fim de semana!
Um abraço :)
Já temos um princípio...Muitos amores começam assim...
.
Bom fim de semana
Será que o homem dos olhos cinzentos também vai a nesse jantar?
Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.
Mais um belo episódio e intenso.
Acho que já fui uma das suas contempladas!
-
Escutas-me com a doçura dos meus lábios
Beijos e um excelente fim de semana...
Olhos cinzentos são raros, por tal não passarem despercebidos a Isabel.
Um abraço e.. Parabéns pela viragem de mais um milhar, eu já fui uma das sorteadas. Foi em 2016 e fui o número 21.000.
Bom dia Elvira,
Um bonito episódio escrito com a sua criatividade apurada.
Deduz-se um romance escaldante. Beijinhos,
Ailime
Cada vez mais interessante :)
Muito empolgante este capítulo com promessas de muitas emoções!
Beijos!
Um regresso pós-férias e arriscaria algo sobre o novo colega de trabalho...
O passado foi longo e triste, espero que o presente lhe traga um futuro apaixonante.
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