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26.2.20

OS SONHOS DO GIL GASPAR - PARTE XLIII




 No coração de Luísa, a certeza de que aquele amor entre os dois era real, debatia-se com a dúvida de que tudo não passava de uma ilusão criada pelas circunstâncias em que ele chegara à sua vida, e pela solidão a dois vivida durante aquela semana.
Mal chegou a casa, abriu o computador e foi investigar o nome dele.
Durante quase uma hora leu tudo o que encontrou, desde os seus tempos de futebolista famoso até ao momento atual de homem famoso e respeitado no mundo das letras.  Leu sobre suas obras filantrópicas, em especial a Fundação que tinha o nome da sua filha, tomou conhecimento da trágica morte da esposa, e quanto mais lia, mais a insegurança se instalava nela. Como é que um homem com tal poder se podia interessar por ela?
Quando fechou o portátil, lembrou-se que tinha ficado de telefonar à
esposa do médico e ligou-lhe. A senhora estava muito entusiasmada, o advogado de Gil, tinha informado a televisão de que o escritor já tinha dado notícias e estava de regresso. Os repórteres já estavam acampados junto da sua residência e tinham prometido mais notícias sobre a história do seu desaparecimento para os noticiários da noite.
-Mas, minha querida nem a deixei falar. Como foi que ele recebeu a notícia? Já recuperou a memória?
-Já há dias que ele ia tendo flashes da sua vida, especialmente da imagem da filha, embora as recordações aparecessem como peças soltas de um puzzle, a  que faltavam tantas peças que o deixavam frustrado e nada lhe diziam. Ao assistir ao programa, o puzzle compôs-se e a memória voltou. Acompanhei-o à vila para que alugasse um carro e partisse.
- Deve ter sido uma situação muito dolorosa, não só para ele como para a família.
-Penso que sim, mas já acabou. Pedi-lhe para que não dissesse onde esteve nem com quem, não quero que a imprensa perturbe a minha tranquilidade. E queria pedir à minha amiga, que não falasse a ninguém no caso. E claro ao seu marido também.
- Fique descansada que não comentarei com ninguém. E darei conta, do seu pedido ao António, mas ele vai-me dizer que é escusado o aviso, um médico e um sacerdote estão obrigados ao segredo sobre os corpos e almas que cuidam. É o que me costuma dizer.
- Nem sabe como lhe agradeço. Bom vou jantar. Porque não vem amanhã lanchar comigo? A senhora tem sido uma grande amiga, quase como uma mãe. E nesta altura da minha vida,  eu sinto que preciso das duas.
- Claro que sim, Luísa. Estou aí às três. É um pouco cedo para o lanche mas dá-nos mais tempo para por a conversa em dia.
-Muito obrigado. Até amanhã. 
Até amanhã, querida!


8 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Uma refeição é sempre um óptimo pretexto para deixar correr a prosa.

Maria João Brito de Sousa disse...

Tudo parece estar a compor-se para Gil Gaspar e Luísa :)

Esperando que tudo continue a correr bem, deixo-lhe um forte abraço, amiga.

R's Rue disse...

❤️

noname disse...

As coisas estão a voltar ao lugar. Vamos ver onde Luísa se encaixa.

Bom dia, Elvira
Logo que lhe for possível dê notícias.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Decerto que vamos ter um final feliz.
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Diante de tudo que ela leu sobre ele, o financeiro, o poder que o dinheiro traz, a fama, deixam-na insegura, o que é, completamente, natural. Ótimo capítulo!
Beijos carinhosos!

Edum@nes disse...

De certeza seja ou não,
em saber há curiosidade
tudo na vida será ilusão
se vivida sem felicidade?

Tenha um bom dia amiga Elvira. Um abraço.

João Santana Pinto disse...

É claro que a autora não vai dar a "refeição" assim tão facilmente… criou a base de interesse e agora levanta a dúvida para preparar o caminho para o próximo momento chave…

lindo...