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13.1.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XXV





Quem seria aquele homem e que faria por ali. numa noite em que nem o diabo se atreveria a sair à rua? – interrogava-se mentalmente a mulher, no seu quarto, enquanto trocava o pijama e o robe molhados por outra roupa seca. Voltou ao corredor,  tentando ouvir os ruídos na casa de banho, por medo de que o homem voltasse a desmaiar, ou adormecesse de cansaço na banheira e se afogasse.
A sua casa ficava isolada a mais de três quilómetros da vila, a uns quinhentos metros da margem do rio.  Era um sítio ermo e por isso sujeito a certos perigos, especialmente para uma mulher que vivia sozinha, mas ela adorava o local, rico de paisagens e cor, ideal para os seus quadros. Não tinha medo. Durante três anos tivera aulas de defesa pessoal, sabia bem como se defender. Depois tinha um excelente cão e um bom sistema de alarme ligado diretamente ao posto da polícia na vila.
Há alguns minutos que não ouvia qualquer ruído e assustada bateu levemente na porta perguntando:
- Precisa de alguma coisa?
A porta abriu-se e o homem apareceu. Agora o rosto livre da lama, ela pôde observar que se tratava de um homem novo e bem parecido embora tivesse um golpe no lado direito do rosto que descia desde a testa, quase no início do cabelo até ao canto dos lábios. Felizmente já não sangrava e não parecia muito profundo.
- Venha comigo - disse levando-o para o quarto do irmão. Desapertou-lhe o roupão e ajudou-o a meter-se na cama, enquanto reparava que as calças do pijama, estavam curtas e a parte de cima, desapertada. Não era de admirar, o homem era bem mais alto e encorpado que o seu irmão.
-Vou preparar um copo de leite quente e desinfetar essa ferida – disse antes de sair.
Ele devia estar completamente exausto, porque quando voltou, encontrou-o profundamente adormecido. Com um antissético desinfetou a ferida, que tal como pensara não era muito profunda, e, colocou uma pomada cicatrizante e um penso sem que ele acordasse. 
Saiu fechando a porta atrás de si, e foi à casa de banho. Apanhou as roupas encharcadas, e procurou uma carteira, ou algum documento que lhe dissesse quem era aquele homem, mas os bolsos estavam vazios. Porém analisando a  qualidade das peças, pensou que o desconhecido podia ser qualquer coisa, menos um mendigo. Levou as roupas para a cozinha onde as meteu na máquina de lavar. Esperava que não fossem daquelas que encolhiam imenso ao lavar, ele precisaria das roupas para se ir embora, e as roupas masculinas que ela tinha em casa pertenciam ao seu irmão, que não tinha a mesma estatura do desconhecido. Estava muito cansada. Precisava com urgência de uma cama.  Apagou as luzes e foi para o seu quarto. Não teve problemas em adormecer. Apesar de ter um estranho no quarto ao lado.
Tejo, não só não atacara o homem, como ajudara a salvá-lo. Ela confiava no instinto do animal. Se o homem fosse perigoso, ele tê-lo-ia atacado..
Lá fora o vento continuava a soprar enraivecido e a chuva recomeçara a cair.

14 comentários:

noname disse...

Há dias de sorte, neste caso, noites de sorte. Gil caiu em boas mãos.

Boa noite, Elvira

Janita disse...

Nem sempre o diabo espreita atrás da porta e o Gil teve o seu momento de sorte ao encontrar abrigo e um coração bondoso. Estou a gostar imenso desta história, contada de forma clara e simples, como é a vida do comum dos mortais, afinal!

Abraço, Elvira.

Pedro Coimbra disse...

E é assim que começam os grandes romances... :))))
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
E a nossa imaginação começa a aparecer .

JAFR

chica disse...

Mais um capítulo cheios de detalhes e que acompanhamos com prazer! beijos, chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Gil Gaspar dorme. Sonha ainda, decerto.

Aguardemos o que nos virão a revelar os novos sonhos de Gil Gaspar.

Abraço, Elvira.

esteban lob disse...

Bien dicen, Elvira, que "los sueños...sueños son".

Cariños australes.

Cidália Ferreira disse...

Por vezes, há males que vêm por bem! Bom dia!
:)
-
A solidão da distância ...
Beijo e uma excelente semana!

João Santana Pinto disse...

Mais uma parte dedicada a apresentação dos personagens e estou a gostar bastante e curioso com o que se irá passar a seguir. em especial das primeiras reações de ambos quando ele estiver consciente...

Abraço e boa semana


Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um belo capítulo escrito com mestria!
Estou a gostar imenso desta história.
Um beijinho,
Ailime

Teresa Isabel Silva disse...

Continuo a acompanhar com interesse!

Bjxxx
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Edum@nes disse...

O que é que a seguir mais irá acontecer! E o que teria acontecido ao Gil?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço

Tintinaine disse...

Tenho que esperar até quarta para saber o que vai acontecer a seguir?
Oh sorte madrasta!

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Acompanhando com bastante interesse!
Beijos!