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20.1.20

OS SONHOS DO GIL GASPAR - PARTE XXVIII



Uma estranha sensação de que não estava sozinha, acordou-a.  Abriu os olhos e voltou a cabeça para a porta. O desconhecido encontrava-se à porta da sala. Os seus olhos percorreram o corpo masculino, da cabeça aos pés. Tinha tirado o penso da cara, cuja ferida apresentava um aspeto limpo de infeções embora com o contorno um pouco inchado e avermelhado. Tomara banho como demonstravam os seus cabelos ainda húmidos, e vestira a roupa que ela deixara pendurada na casa de banho. Deu-se conta que o fato não estava tão bem passado como devia, mas passar a ferro, um casaco masculino era extraordinariamente difícil. Ainda assim ele devia dar-se por feliz, por não ter de vestir a roupa molhada e enlameada. Voltou a levantar o rosto e os seus olhos fixaram-se nos do desconhecido, ficando admirada com a expressão de vazio que encontrou neles.
-Dormiu bem? – perguntou levantando-se.
- Sim... creio que sim – respondeu.
- Sou Luísa Rodrigues - disse ela estendendo-lhe a mão – e o senhor é?
O desconhecido apertou-lhe a mão, murmurando qualquer coisa que ela não entendeu.
- Como disse que se chamava? Desculpe não entendi o nome…
- Não o disse. Na verdade, não sei.
- Como não sabe? - interrogou Luísa. Não se lembra quem é?
- Não. Não sei quem sou, nem se vivo aqui, ou noutro lado qualquer. Tenho a cabeça completamente vazia. A minha esperança é de que a senhora me esclareça.
- Eu? Como poderei fazê-lo? Nunca o tinha visto antes. A única coisa que lhe posso dizer é que alertada pelo meu cão, ontem à noite o encontrei encharcado e meio morto, estendido lá fora. Estava inconsciente e foi com grande dificuldade que consegui, com a ajuda de Tejo, o meu cão, fazer com que recuperasse os sentidos porque sozinha não conseguiria trazê-lo para casa. Estava ferido, encharcado e enlameado, e voltou a perder os sentidos mal se sentou naquele cadeirão. Cuidei de si, mas não pronunciou uma palavra, pelo que não sei se teve um acidente, ou se foi alguma rixa. Cuidei da sua roupa para que quando acordasse, tivesse que vestir, mas não encontrei qualquer documento nos bolsos. Não se lembra mesmo de nada?
- Não - respondeu com uma tal expressão, que lhe lembrou de quando há dois anos encontrara Tejo abandonado e faminto. -  Acordei há pouco, e, não me recordava daquele quarto. Tentei lembrar onde estava e nada. Levantei-me para ver se encontrava alguém conhecido, e entrei numa casa de banho que reconheci. Olhei-me ao espelho e estranhei o penso na cara. Depois vi a roupa, tomei banho e vesti-me. Depois tirei o penso que estava todo molhado, e vi esta ferida no rosto. Mas não sei como a fiz.  Esperava sinceramente encontrar alguém que me dissesse onde estava e o que tinha acontecido.
- O penso fui eu que lho fiz, mas é natural que não se lembre, estava exausto adormeceu logo a seguir ao banho. Não se preocupe, talvez esteja em choque, ou tenha levado alguma pancada na cabeça. De qualquer modo enquanto o temporal durar não poderá sair e tenho a certeza de que mais logo ou amanhã há de lembrar-se. Venha comigo, vou preparar-lhe o desjejum.  



17 comentários:

Emília Pinto disse...

Querida Elvira, está complicada a situação deste teu personagem, mas...está bem entregue e logo, logo, vai recuperar a memória Também li as tuas anedotas, como faço todos os domingos e a frase está muito verdadeira. Só há a consciência humana, assim como só há a raça humana. Se todos entendessem isso, muitos dos problemas co mundo desapareceriam. E a tua saúde vomo vai? A córnea ainda não apareceu? Dá noticias, querida Amiga! Um beijinho e boa noite
Emilia

Janita disse...

A tal amnésia que já referi.
Ando a ver uma novela que foca um tema do género.
Continuo seguindo a história..

Um abraço, boa semana.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Claro, depois do acidente é natural que a amnésia surgisse.
Vamos ver o desenrolar dos acontecimentos.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime

Pedro Coimbra disse...

A amnésia junta mais tempero à narrativa.
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Se o conto estava emocionante . muito mais ficou agora .

JAFR

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanha a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar com interesse.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Maria João Brito de Sousa disse...

Passando para acompanhar o desenrolar da história, deixo-lhe um forte abraço, Elvira.

João Santana Pinto disse...

Uma delicia de texto, dos pormenores ao enredo e por esta, não estava à espera, mesmo nada (e gosto muito de ser surpreendido, boas surpresas, como esta).

Vamos continuara a aguardar e a seguir, pois claro.

Abraço e boa semana

Cidália Ferreira disse...

Muito bom este episódio! Amei
-
Bodas de Rubi ou de Esmeralda .
Beijo e uma excelente semana! :)

noname disse...

A coisa vai durar eheheheheh

Bom dia, Elvira

Meu Velho Baú disse...

É um bom enredo
Estou acompanhando
Beijinhos

Edum@nes disse...

Se não fossem esses, imaginários, incidentes. Os leitores não teriam tanta curiosidade em saber o que se irá passar no próximo capitulo.

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço,

Gaja Maria disse...

Ummmm. A seguir com interesse.
Abraço Elvira

Os olhares da Gracinha! disse...

A amnésia vai aguçar o desenrolar da história... Bj

Ana Freire disse...

Como sempre um capítulo ultra interessante!... Tão rico em detalhes, que automaticamente ao leitor lhe é permitido sentir que está a presenciar a cena...
Gostei muito, Elvira! Beijinhos
Ana

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Excelente este capítulo, tudo muito bem explicado e, tomara que ele recupere logo a memória.
Beijos!